Entre o noise e a música brasileira
Muito bom ver o Tutu Naná ampliando suas fronteiras musicais para além de gêneros – mas fisicamente, quando apresentaram-se no palco do Centro da Terra, distante da aglomeração próxima de pessoas de pé característica dos shows da banda. Tocando para um público sentado e podendo expandir o volume de seu som para além da interação com a audiência, o quarteto catarinense transitou entre o sussurro e a rugido sonoros ao intercalar doces melodias cantadas por todos seus integrantes ao volume crescente de ruído elétrico, criando mantras gigantescos que inspiram rodopios enquanto alternam a dinâmica do próprio som. Apesar de imersos num pós-punk bem amplo, bebem bastante da música brasileira e do rock clássico, temperando tudo com o humor infame característico da banda – tanto nos intervalos entre as músicas, nas letras e nas citações, como quando emendaram “Samurai” do Djavan e “Isto Aqui, O Que É?” de Ary Barroso em cima de um transe com várias camadas de microfonias que, de repente, pode soar como um samba. Só isso já seria o suficiente para garantir uma ótima noite (e abrir uma possibilidade novíssima para o quarteto, shows em teatros), mas eles ainda recriaram seu quarto disco, Masculine Assemblage, composto a partir de colagens de sessões de improviso que fizeram na casa que moram juntos, apenas para esta apresentação. Foi foda.
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