A influência da Discoteca Básica da Bizz

discoteca_basica

O Elson publicou um texto no Medium compilando todo o conteúdo de todas as Discotecas Básicas da falecida revista Bizz e traçando uma série de estatísticas a partir dos números que conseguiu levantar. As DBs eram resenhas de discos clássicos que vinham ao final de toda edição da Bizz e também a única seção que nunca mudou na história mutante da revista (que mudou até de nome, certa época). Vale dar uma conferida.

No site ele também linka para um texto do Marcelo Costa sobre a importância (da Bizz e) das Discotecas Básicas na formação de toda uma geração de fãs de música que cresceram numa época em que não havia informação sobre música no Brasil. Como o Marcelo, faço parte dessa geração de jornalistas que foi formada após a chegada da cultura pop no país, que sempre girou, entre os anos 80 e 90, ao redor da revista Bizz e do caderno Ilustrada da Folha de São Paulo. Ainda tive a sorte de escrever dois Discotecas Básicas (Revolver dos Beatles e Daydream Nation do Sonic Youth), cujos textos encontrei num outro site, que compila todos os textos escritos na última página da revista. O dos Beatles eu já tinha publicado aqui (em versão maior do que a que saiu na revista), mas o do Sonic Youth eu nunca tinha publicado. Ela vem a seguir.

E por falar no Emicida…

“Uma vez que fui no Ecad e expliquei que no meu show eu criava as canções na hora, aí o cara me disse “mas as palavras que você usa já existem…”

Emicida, via Bracin, via Elson.

Entrevista com Steve Albini

E por falar em rock alternativo americano, vale ler a entrevista que o Elson fez com o Steve Albini pro Scream & Yell. Separo um trecho:

O que você acha de jornalismo musical? Eu estava lendo o fórum do Electrical Audio e vi um post seu com opiniões bem fortes sobre o tema.
Bem, o problema com jornalismo musical é que ele é publicado em um jornal como se fosse jornalismo de verdade, mas no qual os padrões profissionais do jornalismo não se aplicam. Em um artigo normal, se um repórter publica algo fundamentalmente incorreto, como o nome do prefeito ou de um esportista famoso, ele é demitido. Não é aceitável no jornalismo convencional encontrar fatos simples apresentados de maneira errada. No jornalismo musical, ninguém se importa. Você pode publicar um monte de coisas erradas e só rola um: “ok, não tem problema, não importa”. Não é levado a sério. Jornalismo musical não é levado a sério como jornalismo nem pelas pessoas que o praticam, nem pelas publicações que o usam. Então, um monte de informação errada é publicada e acaba virando registro histórico. Se alguém escreve algo incorreto em um jornal ou em um website e depois dez outros jornais ou websites fazem referência a essa informação errada, isso se transforma em algo inconcreto, e dali para frente vira história. E eu acho isso terrível, porque existe jornalismo de verdade que poderia ser feito. Tem um monte de assuntos que tem a ver com música. Por exemplo, o que você descreveu, de bandas pagarem para tocar em festivais, ou festivais aceitando dinheiro do governo e sendo tão ineficientes que não podem pagar as bandas, isso são pautas para jornalismo de verdade. Alguém deveria escrever sobre isso. O público de música se interessaria por isso. Poderia ser jornalismo de verdade. Mas ninguém está escrevendo esses artigos. Ao invés disso eles estão escrevendo coisas como o que essa pessoa está vestindo, ou que tipo de maquiagem esse outro está usando, quem está namorando com quem ou quem usa drogas, essas coisas. Isso é merda, pura merda. E mesmo nessa área limitada de merda, jornalistas musicais podem publicar erros fundamentais que ninguém se importa.

Eu tenho amigos jornalistas e o que eles dizem de publicar artigos estúpidos, como o que as pessoas vestem, acabam tendo mais leitura. Eles acompanham os links nos sites e portais e esses artigos são sempre os mais lidos. As pessoas realmente querem saber o que os outros estão vestindo.
Não existe nenhuma lei que diz que jornalismo deve ser feito para as pessoas mais estúpidas do mundo. Se o seu jornalismo é feito para atrair o máximo de pessoas de algum tipo para lerem o que você escreve, então não há razão para fazer algo específico em música. Porque se você escrever sobre outra coisa, então mais pessoas vão ler. Se você escrever sobre a Copa do Mundo, mais pessoas vão ler do que sobre música, então por que você está escrevendo sobre música? Se você decidiu que quer escrever sobre música, essa é uma decisão sua não baseada no que é mais popular. Então você tem uma obrigação de levar isso a sério, porque você escolheu escrever sobre música. O argumento de que isso é mais popular, “é isso que as pessoas gostam”, não significa nada para mim. Porque o que é popular, o que as pessoas gostam, é de McDonald’s, Coca-Cola. Isso é popular. Mas não é necessariamente a melhor coisa para comer ou beber. E se você escrever sobre comida, talvez você deva escrever sobre as melhores comidas que as pessoas podem comer ou beber, ou dizer que tipo de problema elas teriam se elas só comessem McDonald’s e tomassem Coca-Cola.

Vale a leitura.

Cérebro novo

Tiago lembra que o Cérebro Eletrônico já está na produção de seu próximo disco – devidamente registrada num diário online – cujas novas faixas (como “Cama” no vídeo acima) devem aparecer no show que a banda faz na festa do Scream & Yell, tocada pelo próprio Tiago ao lado do Mac, o dono do site, que agora rola na Dissenso, a casa que o Elson abriu em Pinheiros.