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Ellen Page: “Esse mundo seria bem melhor se fizermos o esforço de sermos menos horríveis uns com os outros”

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A atriz Ellen Page saiu do armário em um evento da Human Rights Campaign Foundation na sexta passada – mas muito mais do que uma fofoca sobre preferência sexual de uma celebridade hollywoodiana, a notícia é o discurso que a atriz deu na abertura deste evento, em que ponderou sobre sua situação a partir de um ponto de vista puramente humanitário. Veja abaixo o discurso e a transcrição do mesmo, em português, feita pelo Eric (valeu!)inglês, a seguir. Se alguém quiser traduzir para o português, basta postar nos comentários desse post que eu atualizo o mesmo em seguida. E apareceu uma versão do vídeo já com legenda em português:

“Olá! Uau. Obrigado.

Obrigado Chad, por essas palavras gentis e pelo trabalho ainda mais gentil que você e a Human Rights Campaign Foundation fazem todo dia – especialmente em nome dos jovens gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros aqui e em toda a América.

É uma honra estar aqui na conferência inaugural Time to THRIVE (Tempo de Crescer). Mas é um pouco estranho, também. Aqui estou, nessa sala por causa do trabalho de uma organização que eu admiro profundamente. E cercada de pessoas que fizeram que o trabalho de suas vidas fosse tornar a vida de outras pessoas melhor – profundamente melhor. Alguns de vocês ensinam jovens – pessoas como eu.

Alguns de vocês ajudam esses jovens a curar suas cicatrizes e encontrar sua própria voz. Alguns de vocês ouvem. Alguns de vocês agem. Alguns de vocês são jovens também… e nese caso, é ainda mais estranho pra uma pessoa como eu estar falando com vocês.

É estranho porque aqui estou eu, uma atriz, representando – de alguma maneira – uma indústria que impõe padrões opressivos a todos nós. Não apenas aos jovens, mas a todos. Padrões de beleza. De uma vida boa. De sucesso. Padrões que, eu odeio admitir, me afetaram. Você tem ideias plantadas na sua cabeça, pensamentos que você nunca teve antes, que te dizem como agir, como você tem que se vestir e quem você deve ser. Eu tenho tentado afastar esses pensamentos, ser autêntica, seguir meu coração, mas isso pode ser difícil.

Mas é por isso que estou aqui. Nesta sala, todos vocês, todos nós, podemos fazer muito mais juntos do que qualquer pessoa pode fazer sozinha. E eu espero que esse pensamento auxilie tanto vocês quanto ele fez por mim. Espero que os workshops que vocês visitarão nos próximos dias lhes dêem força. Porque eu só posso imaginar que existem dias, quando você trabalhou mais horas do que o seu chefe percebeu ou se importou, só pra ajudar um garoto que você conhece passar por isso. Dias em que você se sente completamente sozinho. Debilitado. Ou sem esperança.

Eu sei que existem pessoas nessa sala que vão pra escola todo dia e são tratados como merda sem nenhuma razão. Ou vocês vão pra casa e sentem que não podem contar aos seus pais toda a verdade sobre vocês mesmos. Além de tentar se encaixar em uma ou outra caixa, vocês se preocupam com o futuro. Sobre a faculdade ou trabalho e até mesmo na sua segurança física. Criando essa imagem mental da sua vida, de que o que quer que aconteça nesse mundo com você, pode te oprimir mais um pouco todo dia. É tóxico, doloroso e profundamente injusto.

Às vezes, são pequenas e insignificantes as coisas que podem te derrubar. Eu tento não ler fofoca como uma regra, mas outro dia um site publicou um artigo com uma foto minha vestindo moletom no caminho pra academia. O escritor perguntou: “Por que [essa] belezinha insiste em se vestir como um homem disforme?”

Porque eu gosto de me sentir confortável.

Há estereótipos difundidos sobre a masculinidade e feminilidade que definem como todos nós supostamente deveríamos agir, vestir e falar. Eles não servem a ninguém. Qualquer um que desafia essas ditas ‘normas’ tornam-se alvos de comentário e análises profundas. A comunidade LGBT sabe disso muito bem.

No entanto, há coragem ao nosso redor. O herói do futebol, Michael Sam. A atriz, Laverne Cox. As musicistas Tegan and Sara Quinn. A família que apoia sua filha ou filho que saiu do armário. E há coragem nesta sala. Em todos vocês .

Estou inspirada por estar nesta sala porque cada um de vocês está aqui pelo mesmo motivo. Vocês estão aqui porque vocês adotaram como motivação principal o simples fato de que este mundo seria muito melhor se nós apenas fizéssemos o esforço de sermos menos horríveis uns aos outros. Se tomássemos apenas 5 minutos para reconhecer a beleza de cada um, em vez de atacarmos uns aos outros por nossas diferenças. Isso não é difícil. É realmente uma maneira mais fácil e melhor para se viver. E, no fim das contas, ela salva vidas. De novo, não é nada fácil mesmo. Pode ser a coisa mais difícil , porque amar outras pessoas começa quando nos amamos e nos aceitamos. Eu sei que muitos de vocês têm lutado com isso. Eu recorro a força e o apoio de vocês, e as consigo, de maneiras que vocês nunca vão saber.

Eu estou aqui hoje porque eu sou gay. E porque… talvez eu possa fazer a diferença. Para ajudar outros a terem épocas mais fáceis e esperançosas. De qualquer maneira, pra mim, sinto que era uma obrigação pessoal e uma responsabilidade social.

Também faço isso de maneira egoísta, porque estou cansada de me esconder e estou cansada de mentir por omissão. Sofri por anos, porque estava com medo de sair do armário. Meu espírito sofreu, minha saúde mental sofreu e meus relacionamentos sofreram. E eu estou aqui hoje, com todos vocês, do outro lado de toda essa dor. Eu sou jovem, sim, mas o que eu aprendi é que o amor, sua beleza, sua alegria e, sim, até mesmo sua dor, é o presente mais incrível que um ser humano pode dar e receber. E nós merecemos viver o amor plenamente, igualmente, sem vergonha e sem prejuízo.

Há muitas crianças lá fora que sofrem bullying, rejeição, ou simplesmente são maltratadas por serem quem são. Muitas desistências. Muitos maus tratos. Muitos desabrigados. Muitos suicídios. Vocês podem mudar isso e vocês estão mudando isso.

Mas vocês nunca precisaram de mim para saber disso. É o porque disso ser um pouco estranho. A única coisa que eu posso realmente dizer é o que eu tenho desenvolvido nos últimos cinco minutos.

Obrigado. Obrigado por me inspirar. Obrigado por me dar esperança, e por favor continuem a mudar o mundo para pessoas como eu.

Feliz Dia dos Namorados. Eu amo vocês”

A íntegra em inglês segue abaixo:

 

Ellen Page + Stallions

Mesma coisa essa carta da Ellen Page – primeiro, não dá nem pra ver o nome do haras porque o cabelo dela tá por cima. Segundo, porque nem se fosse o haras da Madonna (talvez do Michael Jackson), dava pra um lance desses ser pop, né…

Ellen Page + Camp Funtime

A carta do Tomás é novinha, mas cheira a vintage: Ellen Page já foi frequentadora mais assídua destas mesas e volta trajando uma camiseta que deu motivos para o Vinícius puxar toda uma discussão (e gastar duas boas cartas) para explicar a natureza pop do camping da camiseta. Boa jogada!

Inception, por Kelly Kapoor

Na verdade, por Mindy Kating, a roteirista do Office que também atua como a burra mais adorável do escritório de Scranton, via Twitter:

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