Excelente a primeira apresentação que Caxtrinho fez de seu recém-lançado disco de estreia, Queda Livre, em São Paulo, quando o jovem sambista experimental participou da programação do evento Periferias Afro-Experimentais, realizado no Sesc Pompeia. Apresentando-se no discreto espaço cênico da unidade mais conhecida do Sesc em São Paulo, ele veio acompanhado de uma banda que só acentuou sua musicalidade distorcida, composta pelos dois guitarristas e produtores do álbum Vovô Bebê e Eduardo Manso (que também disparava efeitos com uma camiseta que decretava, em inglês, “dedicado a ninguém, graças a ninguém, a arte acabou”), pelo baixista João Luiz Lourenço e pelo baterista Kalebe, este último recém-chegado à formação (embora completamente entrosado ao grupo). Mas apesar das presenças de peso na banda, parte forte do núcleo torto do Rio de Janeiro atual (que marca presença no disco graças às participações de Negro Leo, Kau, Marcos Campello, Thomas Harres, Ana Frango Elétrico e dos cariocas honorários Bruno Schiavo e Tori), o holofote da noite não sai de Caxtrinho, showman nato – mesmo reforçando continuamente seu nervosismo – e músico brilhante. Seu violão é um show à parte, samba dissonante tocado de forma percussiva, regendo o ritmo e as harmonias tortas para seu conjunto sem precisar da eletricidade e distorção das guitarras, mas ele também se garante no gogó, com sua voz macia e seu canto falado, que surpreende e dribla o ouvinte ao sair por tangentes improváveis, cantando letras de cunho político e tecendo críticas ao estado das coisas em 2024, em letras que dão a tônica a partir do título: “Cria de Bel” (sufixo de sua região no Rio, Belford Roxo), “Brankkkos”, “Merecedores”, “Samba Errado” (esta em parceria com Rômulo Froes) e “Branca de Trança”, entre outras. Não o perca de vista: Queda Livre é um discão e ao vivo melhora ainda mais.
Uma hora doce e delicada – foi a isso que o trio formado pela dupla carioca Meiabanda e a cantora sergipana Tori proporcionaram na primeira apresentação deste maio no Centro da Terra. Os três optaram por uma apresentação minimalista, em que o guitarrista e produtor Eduardo Manso apenas disparava bases pré-gravadas levemente manipuladas ao fundo para que Tori e Bruno Di Lullo se revezassem ao violão, quase sempre cantando em uníssono, acentuando as distâncias entre seus timbres ao mesmo tempo em que alinhavam os próprios repertório como se sempre tivessem tocados juntos. No meio do show, Ava Rocha surgiu para cumprimentar os velhos parceiros e a cantora novata com suas canções – ela começou com “Doce é o Amor”, passou por “Mar ao Fundo”, “Joana Dark” e terminou num bis improvisado em que Ava puxou Bruno para cantar “Periférica”, de seu último disco, apenas os dois ao violão. Foi demais.
Começamos a temporada de maio no Centro da Terra numa terça-feira e nosso primeiro espetáculo promove o encontro da cantora Tori com a dupla Meiabanda. Esta última é um projeto dos produtores cariocas Bruno Di Lullo e Eduardo Manso, que habitam a principal cena musical do Rio de Janeiro da última década e recebem a cantora sergipana (que acaba de lançar seu primeiro disco solo, produzido por Bruno, Bem Gil e Domenico Lancelotti) para misturar seus repertórios no espetáculo Murmúrios, que ainda conta com a participação especialíssima de Ava Rocha. A apresentação começa pontualmente às 20h e os ingressos podem ser comprados aqui.