E esse disco novo do Paul Simon, hein?
Esse Stranger to Stranger que Paul Simon lançou em junho o trouxe de volta à música em seu melhor disco desde Graceland. Nascido na cena folk dos anos 60, o velho compositor norte-americano é um dos grandes responsáveis pelo termo “cantor/compositor” ter ser tornado quase um gênero musical, usando o violão como ponto de partida para considerações sobre a vida e lamentos sentimentais. Ele começou assim com seu ex-dupla Art Garfunkel, quase sempre cerebral e literário. Graceland, lançado há 30 anos, foi justamente um dos poucos momentos em que ele deixou o quadril falar mais alto que a cabeça e começou a explorar novos ritmos e instrumentos musicais, abrindo uma janela multicolorida que sua personalidade musical sépia desconhecia.
Stranger to Stranger segue na mesma linha daquele outro disco, seus tons musicais africanos sobressaindo-se mais que os instrumentos criados pelo musicólogo Harry Patch, os experimentos do italiano Clap! Clap! e outros instrumentos distantes do universo natural de Paul Simon – indianos, peruanos, chocalhos, sopros e percussão. É um disco cheio de vazios e respiros, mesmo nas músicas mais animadas, o que deixa-o soar como se estivesse ao ar livre, diferente da sonoridade fechada típica de seus discos. E suas letras parecem brincar com arquétipos tribais mas são críticas irônicas ao sistema financeiro que faz o mundo caminhar para o abismo. Só a faixa-título destoa do todo em um disco memorável.
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