O sambista paulista Douglas Germano antecipa o lançamento de seu próximo álbum, Escumalha, mostrando a parceria com o antológico letrista carioca Aldir Blanc, “Valhacouto”, uma faca no pescoço desta nova ordem de merda que assola o país. Abre o caminho, Douglas!
https://www.youtube.com/watch?v=gJLJ6XMpduE&feature=youtu.be
“Valhacouto”
(Douglas Germano / Aldir Blanc)
Foi na Alemanha
que a escumalha
fez armas virarem leis
Em vales de lama
onde a canalha
roubava vidas sem talvez
É um valhacouto:
sangue e mentiras
vitória da insensatez
Crianças matando
imitando tiras…
Vale da morte, estupidez
Chacais arrancando na marra valor
de gente que nem trabalhou…
Escroques, laranjas, fantasmas, vilões
um horror
A eterna irmandade do mal
a bandalha metralha revezando a vez
Se é duro prender um bandido
imaginem três, seis, MIL!
Quero danças sobre as ruínas
dos reinos da escuridão
Riam, riam, o circo começou a lamber
Eu quero beber pelas esquinas
reza, rimas
Mas vou precisar de vocês!
Foi na Alemanha
que a escumalha
fez armas virarem leis
Entraram na guerra
pensando em mil anos
– a arrogância durou seis…
É com imensa satisfação que recebemos no CCSP um dos grandes compositores de São Paulo na atualidade, o sensacional Douglas Germano, que leva seus sambas para a Sala Adoniran Barbosa neste domingo, às 18h (mais informações aqui).
Um dos segredos mais bem guardados do samba paulistano está prestes a ser revelado. Douglas Germano, autor do samba que apresentou o grande disco que Elza Soares lançou no ano passado – a poderosa “Maria da Vila Matilde” – está prestes a lançar seu terceiro disco, Golpe de Vista, um disco de forte cunho social e político escancarado na tradição de um samba que soa moderno e, ao mesmo tempo, atemporal. Pedi pro Kiko Dinucci, seu velho parceiro, fazer as honras de apresentá-lo pra cá:
“Douglas é uma espécie de clássico reinventado. Ao ouvirmos os seus sambas, temos a impressão de ouvirmos sambas descobertos em escavações, nos sentimos como um arqueólogo que de repente se depara com clássicos jamais ouvidos. Mas isso não tem nada a ver com nostalgia, são sambas que dialogam com a angústia, com a solidão das grandes cidades, com a revolta e a gana de gritar. Desde que o conheci em 97, considero-o um mestre, no mesmo patamar de um Nelson Cavaquinho, um Paulo Vanzolini ou Aldir Blanc. Douglas pega o bastão do samba e o joga para o futuro, mostrando que o samba é reinvenção constante e não um museu de regras engessadas. O samba pelas mãos de Douglas é vivo, mesmo que sobrevivendo entre escombros. É a vida que pulsa de pirraça, vazo que não quebra. Do jeito que o samba sempre foi”
Exagero? Deixa a música falar por si – o próprio Douglas antecipou três faixas pro Trabalho Sujo, a faixa-título, “Guia Cruzada” e “ISO 9000”, saca só: