Dorga solo
O carioca Gabriel Guerra já tinha feito das suas fora do Dorgas quando inventou o projeto Finalzinho Chegando, finalmente enterrado. Agora ele inventa seu próprio trabalho com o nome de DJ Guerrinha (“comecei a usar o prefixo DJ antes do meu nome, que é o prefixo mais mongol do mundo, mas as pessoas começam a sacar que você não é uma banda ou um super projeto solo de canções”) depois de ser considerado “o pior DJ da Comuna entre 2012 e 2013” e lança seu primeiro disco, Rua Sorocaba, cujo título é referência ao endereço da já citada Comuna, este epicentro hipster no Rio de Janeiro dos anos 10 – “para alguns precisam-se de décadas para se formar um homem, para DJ Guerrinha precisa de um lugar, menos de 10 pessoas e alguns meses”, explica na descrição do novo trabalho, antes de rotular o próprio som, como “faixas terriveis para um DJ discotecar, deep house flutuante, longo e sempre pau-molescente, solos de flauta, solos de caixa, vinhetinhas do DJ Guerrinha, introduções de ambiente e sons que mais parecem ter saido de alguma coletânea da Windham Hill do que propriamente de alguma ceninha bosta em Berlim”.
Chamei o Gabriel no Facebook pra saber mais sobre o projeto e ele não parou de falar: “Todas as músicas foram feitas entre janeiro e julho desse ano, que é o período em que eu basicamente discotequei bastante – pra pouquíssima gente – na Comuna, espaço esse tão legal e tão ostracizado de ‘reduto da burguesia zona sulesca carioca’ por quem menos conhece. Sonoramente falando, eu venho ouvindo o mesmo de sempre, deep house do final dos anos 80 – coisas de Nova Iorque – e de hoje em dia uma rapaziada legal de selos da Europa como Smallville, Ethereal Sound, AIM… Eu também dei-me ao trabalho de ouvir mais discos que fizessem referencia ao meu equipamento, como é tudo tralha do final dos anos 80 (Roland D50, Roland R8, Numark TTUSB e uma Giannini Sonic), ano em que new age significa algo interessante então eu ouvi muita gente da Windham Hill como Mark Isham, Shadowfax, George Winston… Também me dei ao trabalho de decorar o “Canyon Draems” do Tangerine Dream. E, claro, fusion. Se você pegar coisas como discos solos do Lenny White e Lyle Mays eles são incrivelmente bem gravados, no sentido de serem molhados mas não necessariamente serem bagunçados, eu creio que seja o fato, talvez seja porque era pessoal amigo do Steven Cantor e outros gatos da ECM. Quero dizer, todas essas coisas bregas – fusion, new age – levam aquele ambient de selos como Instinct Ambient dos anos 90, que, falando de timbre, não estão muito longe de coisas que a própria Nu Groove tava lançando. Na verdade, a ultima faixa do meu EP, é uma faixa sem batida, sé uma jam de ambient feita em menos de 3 horas. Mas só comecei a experimentar um pouquinho mais porque: 1) Eu sou um péssimo DJ, e eu nunca teria a habilidade de produzir uma musica que soasse bem numa pista de dança, as minhas sempre saem mais veladas, logo não faria sentido fazer faixas que são DJ Tools, era mais fácil fazer faixas que soassem como se eu tivesse brincando com perspectivas de deep house e 2) Como eu tenho “DJ” no meu nome, automaticamente todo mundo já liga isso a house ou qualquer outro tipo de música eletrônica pra pista e blablabla. Fazer coisas que não são acaba sendo uma boa peça pra pregar nas pessoas.”
Gabriel agora quer lançar este disco em vinil, pois sente que chegou “a um patamar de produção que dá pra botar o meu nome nos créditos”. O disco pode ser baixado no Bandcamp do selo 40% Foda/Maneiríssimo. Abaixo, uma amostra:
Tags: dj guerrinha, dorgas