Diogo Strausz e o primeiro grande disco de 2015
E quem diria que o primeiro grande disco de 2015 seria brasileiro e viria do Rio de Janeiro? O primeiro volume de Spectrum, a estreia do produtor Diogo Strausz (cheia de participações especiais), já vinha cercado de expectativa, todas correspondidas e subvertidas à medida em que se dá o play no disco recém-lançado. Ele começa os trabalhos com “Chibom”, uma imaginária road trip dos Autoramas pela América Latina, em uma das muitas guitarradas surf espalhadas pelo disco. E à medida em que nos conduz pelo lado A, nos leva a crer que estamos entrando em um disco dançante e hedonista (“Narcissus”, a irresistível “FCK” e o exercício pop “Me Ama”, um dueto com Kassin), que só nos desvia a atenção da pista na pesarosa “Right Hand of Love”. Mas ao virarmos para o lado B, introspectivo e triste, desfazendo-se em sambas (“Assombração”, com Danilo Caymmi), boleros (“Se Renda”, cantada ao lado do pai, Leno, da dupla Leno e Lilian) e baladas (a dramática “Diamante”, com Alice Caymmi), percebemos que Spectrum, na verdade, é um disco noturno, com suas meia-noites febris e suas cinco da matina solitárias, contrapondo gêneros musicais e épocas distintas num mesmo tom emocional. Sofisticado e plástico ao mesmo tempo, a estreia de Strausz resume a interessante cena musical que renasce no Rio sintetizada no pequeno poema de Valmir Araújo recitado antes da toada “Vovô”: “Ah, a saudade… A expectativa do futuro sob a ótima do passado. A visão imaculada não do que aconteceu, mas de como lembramos…”
Dá pra baixar o disco de graça no site dele.
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