Centro da Terra: Junho de 2023

Estamos entrando na terceira parte do mês de maio, então é hora de anunciar as atrações do mês de junho no Centro da Terra. A temporada das segundas-feiras fica na mão de duas produtoras, compositoras e multiinstrumentistas que cogitei reunir pensando nos pontos em comuns de seus trabalhos e Sue e Desirée Marantes me apresentaram uma proposta incrível chamada Mil Fitas, em que reúnem-se com diferentes artistas para criar paisagens sonoras em camadas. Na primeira segunda, dia 5, elas recebem as artistas Dharma Jhaz e Carol Costa. No dia 12, é a vez de tocarem ao lado do duo Carabobina (composto por Alejandra Luciani e Rafael Vaz) e de Fer Koppe. Na outra segunda, elas reúnem uma cabeçada: Kiko Dinucci, Ricardo Pereira, Romulo Alexis, Guilherme Peluci, Paola Ribeiro, Sarine, Gylez, Bernardo Pacheco, Natasha Xavier e outros nomes a confirmar, encerrando a temporada dia 26, quando reúnem a banda Ema Stoned, a produtora Saskia e o boogarinho Dinho Almeida. As terças de junho começam com uma minitemporada, Notas e Sílabas, em que o trio instrumental Atønito se aventura pelo mundo das palavras, com um novo convidado a cada apresentação – no dia 6 eles recebem o guitarrista Lucio Maia e no dia 13 a cantora e compositora Luiza Lian. As outras terças trazem dois shows solos de dois artistas distintos iniciando novas fases em suas carreiras: no dia dia 20 a cantora e instrumentista paulista Tika apresenta Marca de Nascença, quando toca ao lado de uma banda composta só por mulheres e antecipa seu próximo trabalho, enquanto no dia 27 o paulistano Bruno Bruni começa a encerrar sua trilogia de jazz funk Broovin’ apresentando as faixas do próximo disco em primeira mão no palco do Centro da Terra. Como junho é o mês do festival In Edit, nossa parceria traz o documentário Manguebit, dirigido por Jura Capela no ano passado, ma primeira quarta-feira do mês, dia 7, antes da programação oficial do evento, que terá atividades no Centro da Terra, anunciadas em breve. Os espetáculos começam sempre às 20h e os ingressos podem ser comprados antecipadamente neste link.

Desafio vencido

Que maravilha a estreia do Guaxe ao vivo. A dupla formada por um boogarin e um supercorda finalmente debutou nos palcos depois de quase dez anos de parceria – Dinho e Bonifrate começaram a compor desde o primeiro dia em que se conheceram, em 2015, e lentamente seguiram maturando composições entre a guitarra do goiano e a viola do paratiense até que elas tomaram forma no ano anterior à pandemia e o encontro no palco foi suspenso pelos motivos que conhecemos. Este primeiro reconhecimento finalmente aconteceu nesta terça, quando Bonifrate disparava bases eletrônicas num Casiotone – ou simplesmente fazia o teclado cantarolar uma melodia – para que seus instrumentos de corda e suas vozes se encontrassem num ponto perfeito entre a desconfiança caipira e a ingenuidade lo-fi, num show memorável que terminou com os dois reverenciando Spacemen 3, numa versão para “The Sound of Confusion”. Lindaço.

Assista aqui.  

Guaxe: Desafio do Guaxe

Vocalistas de duas das principais bandas psicodélicas brasileiras deste século, Dinho e Bonifrate atravessaram os anos pós-golpe lapidando, nas idas do goiano à Paraty, um disco que só foi lançado depois em 2019. E como aconteceu com todo mundo em 2020, o projeto que une o boogarin e o supercorda criaram em casa, não se materializou nos palcos pelos motivos que a gente sabe, ressurgindo apenas em 2023 na primeira apresentação ao vivo, que recebemos com prazer neste início de abril no Centro da Terra. A dupla Guaxe mistura as sensibilidades caipira e lo-fi entre violas e teclados de brinquedo nessa que já uma das apresentações mais disputadas no Centro da Terra neste ano. O espetáculo Desafio do Guaxe começa pontualmente às 20h e ainda há ingressos à venda online – mas estão quase no fim!

Betina e Luiza Lian: encontro de fadas

Betina lança o último single antes de finalmente nos revelar seu novo disco, que deve sair ainda este semestre, fechando o ciclo que começou com os singles “Polaroids” e “Zoin“, lançados no ano passado, com a participação de Luiza Lian. Como as canções anteriores, “O Coração Batendo no Corpo Todo”, que estreia em primeira mão aqui no Trabalho Sujo, é mais uma composição que ela divide com Dinho Almeida, dos Boogarins, e também conta com sua produção, ao lado do ex-supercordas Diogo Valentino. “Desliga isso”, esbraveja Luiza logo antes de sua aparição na canção, que pede para nos desconectar da realidade virtual que nos suga diariamente, além de cantar os vocais do refrão com a cantora curitibana. “Foi incrível gravar com a Luiza, ela entendeu muito bem a atmosfera da música e também conseguiu se conectar com ela como se fosse sua, o que trouxe muito mais potência para essa música que já fazia tanto sentido ter ela”, lembra Betina. “Mas o melhor é receber as mensagens dela de zap cantando a música depois de termos gravado. Deixa tudo mais especial”

Assista o vídeo abaixo:  

As 75 melhores músicas de 2020: 68) Kalouv + Dinho – “Talho”

“Corte é brisa, o corre é vida”

“O rabo do teiú espiralou…”

Foto: Thalita Silva

Foto: Thalita Silva

No próximo dia 6, a dupla Guaxe, formada por Dinho Almeida dos Boogarins e o ex-supercordas Bonifrate, comemora um ano do lançamento de seu primeiro disco, época em que pretendiam já ter feito alguns shows, ainda inéditos, não fosse a pandemia e a quarentena. “Na virada do ano nós estávamos planejando começar a fazer uns shows, o Dinho esteve aqui em Paraty algumas vezes pra ensaiarmos e a coisa vinha ganhando corpo, vinha ficando bem bonita”, lembra Bonifrate. “Pretendíamos lançar o clipe da faixa ‘O Desafio do Guaxe’ logo antes de começar os shows. Daí veio o caos e a Guaxe ao vivo ficou pra sabe-se lá quando”, lamenta, enquanto aproveita o aniversário do lançamento do disco para mostrar o clipe dirigido por Raissa Nosralla e Giuliano Gerbasi em primeira mão no Trabalho Sujo.

“Eles são irmãos extremamente talentosos nas arte do cinema e da fotografia”, continua Pedro, frisando que Raissa também estrela o clipe (bem como o pássaro que batiza a dupla e que aparece na última cena). “Já sou amigo do Giuliano há tempos, ele registrou todo o processo de gravação do último disco dos Supercordas em 2015 num filme que está finalmente pronto e prestes a ser estreado. Raissa também esteve nas gravações e fez umas belas fotos pra gente. Eles mandaram o vídeo de ‘Desafio do Guaxe’ já pronto e foi uma belíssima surpresa.”

Vida Fodona #663: Ensaio pra quando for ao vivo

vf663

Da pista de dança para uma viagem pesada.

Franz Ferdinand – “Lucid Dreams”
Chemical Brothers – “Got To Keep On”
Avalanches – “Since I Left You”
Spoon – “Hot Thoughts”
Jamie Xx + Romy – “Loud Places”
Jay-Z – “Tom Ford”
Tove Lo – “Habits (Stay High)”
M.I.A. – “Paper Planes”
Warpaint – “Disco/Very”
Metá Metá – “Oba Koso”
E A Terra Nunca Me Pareceu Tão Distante – “Como Aquilo Que Não Se Repete”
Rakta – “Fim do Mundo”
Atønito + Luiza Lian – “Sentido”
Kalouv + Dinho Almeida – “Talho”

Kalouv e um boogarinho

kalouv-talho

O guitarrista Dinho Almeida, dos Boogarins, foi convidado pela banda instrumental pernambucana Kalou para assumir os vocais de seu novo single “Talho”, gravado em comemoração aos 10 anos do grupo, que também marca a última participação do guitarrista Saulo Mesquita, que saiu para dedicar-se a outros projetos, como integrante da banda. É a primeira música da banda registrada oficialmente a ter letra e vocais.

Junte um Boogarin e um Supercorda…

guaxe

Não é o nome da tinta escrito errado de propósito. “É um pássaro da mata Atlântica que sintetiza sons como nenhum outro”, me explica Pedro Bonifrate sobre o projeto que está lançando ao lado de Dinho Almeida. Dois dos principais nomes da psicodelia brasileira neste século, o primeiro liderando o saudoso Supercordas e o segundo à frente dos inquietos Boogarins, eles se juntaram para lançar Guaxe, cujo primeiro single, “Desafio do Guaxe”, está sendo lançado nesta sexta.

“Trombei com o Dinho pela primeira vez no Dia da Música de 2015 em São Paulo”, lembra Pedro. “Fomos apresentados pelo Diogo, que era dos Supercordas e que já andava com eles desde o comecinho da banda. Pouco depois ele levou o Dinho pra dar um pulo em Paraty. Desde essa primeira visita a gente começou a gravar algumas coisas aqui em casa, e continuamos nos anos seguintes em visitas esporádicas, sempre aqui em Paraty. Tínhamos algumas ideias juntos que depois eu ia trabalhando, e com o tempo fomos tendo um conjunto bem legal de canções, bem diversas do ponto de vista da parceria em si – tem canção só do Dinho que eu só gravei e sobrepus arranjos, tem canção basicamente minha que o Dinho complementou com uns versos e umas vozes, e tem a maioria que escrevemos e gravamos juntos mesmo, bem espontaneamente em rompantes de criatividade. O Dinho tem uma forma muito rápida e direta de escrever, o que contrasta com minha lentidão reflexiva, e acho que esse contraste trouxe um dos aspectos mais interessantes desse trabalho.” O primeiro single puxa mais para o cancioneiro supercordiano, principalmente pela temática naturalista, mas as digitais de Dinho podem ser percebidas principalmente no arranjo entrecortado do instrumental. O cruzamento destas duas escolas aproxima ainda mais o universo das duas bandas e ajuda a forjar o que é a psicodelia brasileira contemporânea.

O disco, que leva apenas o nome da banda, deve ser lançado no início de setembro – e até lá eles devem lançar outro single. “A princípio o lance seria um EP, mas como rolou esse interesse da estadunidense Overseas Artists Records de lançar o disco a gente achou melhor expandir e fizemos outras duas faixas em dois dias que acabaram sendo pontos altos do disco, as músicas ‘Onda’ e ‘Avesso'”, completa Bonifrate. A dupla não sabe como o projeto se materializará ao vivo. “Ainda não paramos pra pensar nisso seriamente, já que as agendas andam cheias, mas já apontamos algumas ideias pro futuro próximo e mais pra frente devem rolar umas apresentações sim.”

Abaixo, a capa do disco (que já está em pré-venda) e a ordem das músicas.

guaxe-capa

“Desafio do Guaxe”
“Pupilxs”
“Rio Abaixo”
“Nilo”
“Onda”
“Avesso”
“Povo Marcado”