Vintage 80s

Você iria num festival que acontece em um único dia e reúne New Order, Tears for Fears, B-52’s, Echo & the Bunnymen, Soft Cell, Human League, Devo, Violent Femmes, Orchestral Manoeuvres in the Dark, Psychedelic Furs e X? Houve um tempo em que os anos 80 eram associados apenas à cafonice e suas principais referências visuais e sonoras eram ridicularizadas em contextos modernos com a única intenção cômica, desprezando toda a revolução cultural daquele período único da história apenas como mera breguice. Mas as transformações artísticas dos 80 (dos videogames ao cyberpunk, passando pela new wave, o pós-punk e o hip hop) formam a base da cultura pop deste século, ainda que o mercado da música trate as bandas que são marcos deste período como curiosidades pitorescas, mais do que os novos clássicos que são. Mas aos poucos isso está sendo revisto (como podemos ver na turnê de retorno dos Titãs, entre vários outros exemplos cada vez menos isolados) e a escalação do festival norte-americano Darker Waves, que acontece na Califórnia em um único dia, é um bom termômetro desta reavaliação estética desta década ao reunir atrações que, em festivais passados, eram tratados apenas como nomes que ainda eram comerciais o suficiente para preencher lacunas específicas. Além dos nomes já citados, o festival, que acontece no dia 18 de novembro deste ano, também traz bandas mais recentes que conversam com a estética do período, como a banda bielorrussa Molchat Doma (do meme da Wandinha Adams fase preto e branco dançando um dance gótico), She Wants Revenge, Cardigans e a volta dos †††, a banda do vocalista do Deftones Chino Moreno, entre outros nomes menos conhecidos. Os ingressos começam a ser vendidos a partir do dia 23 no site do festival. Fico imaginando uma versão brasileira deste evento (que é bem provável que já esteja sendo bolada)… Quem viria?

Vida Fodona #725: Let’s rock

Aquela dose de energia…

Ouça aqui.  

Vida Fodona #642: Festa-Solo (18.5.2020)

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Este programa foi gravado ao vivo na segunda passada.

Rita Lee & Tutti Fruti – “O Toque”
Mangalarga – “A Merda Que Você Fez”
Stevie Wonder – “I Wish”
Funkadelic – “One Nation Under a Groove”
BNegão & Os Seletores de Frequência – “V.V.”
De Leve – “Eu Rimo na Direita”
Lorde – “Royals”
Joy Division – “She’s Lost Control”
Pere Ubu – “Navvy”
Gang of Four – “Damaged Goods”
Plebe Rude – “A Minha Renda”
Devo – “Whip It”
Talking Heads – “Cities”
David Bowie – “Let’s Dance”
Christina Aguillera – “Genie In a Bottle”
Shaggy – “It Wasn’t Me”
TLC – “Waterfalls”
Nelly Furtado + Timbaland – “Promiscuous”
Hot Chip – “Ready For The Floor”
Tame Impala – “Let It Happen (Soulwax Remix)”
Sarah Love – “Lets Get Physical”
Dua Lipa – “Break My Heart”
Daft Punk + Giorgio Moroder – “Giorgio by Moroder”
Sade – “Paradise”
Letrux + Lovefoxx- “Fora da Foda”
Portishead – “All Mine”
Rihanna – “Kiss It Better”

O futuro Devo já começou!

Há quarenta anos, uma banda new wave previu que o futuro da humanidade era a “de-evolução”, uma evolução às avessas que nos tornaria cada vez mais primitivos, nos comportando como manadas de bichos. Parte crucial da indumentária desse futuro antevisto pelo grupo Devo eram os domos de energia vermelhos, capacetes de plástico que reteriam a energia do indivíduo inspirado nas pirâmides astecas e no design Bauhaus e que funcionavam como forma de padronizar o grupo dos irmãos Mothersbaughs e Casales e, de quebra, a moda da humanidade do futuro.

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Mal sabiam que aquela peça inusitada que muitos se referem como vaso de plantas, teria uma utilidade inusitada ao funcionar como um perfeito acessório para um futuro improvável de uma pandemia global em que o contágio de uma doença poderia ser feito através da respiração. E assim o grupo lança sua versão 2020 para seus domos de energia, com uma viseira de plástico que tapa todo o rosto, fazendo vezes de óculos e máscara para enfrentar o coronavírus. Elas já podem ser encomendadas no site da banda.

O dia em que David Bowie tocou com o Devo

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Mark Mothersbaugh, líder do Devo, narra histórias de bastidores do primeiro disco de sua banda, que incluem causos com David Bowie, Brian Eno e gente do rock alemão dos anos 70 – falei sobre o relato no meu blog no UOL.

O registro de uma conexão improvável entre dois gigantes da música moderna foi encontrado recentemente por um de seus autores, quando o líder da banda new wave Devo revelou que teria gravações de seu grupo ao lado de ninguém menos que David Bowie. A revelação aconteceu na noite desta segunda-feira, quando, num encontro na loja de discos Sonos, em Nova York. Mark Mothersbaugh, fundador e principal mentor do grupo Devo, era uma das atrações em um painel de discussão sobre a importância de David Bowie, cuja morte completa dois anos no próximo mês, e reuniu nomes como o músico Nikki Sixx do Mötley Crüe, a líder do grupo Perfect Pussy (e ex-VJ da MTV norte-americana) Meredith Graves e o fotógrafo Mick Rock, todos contando histórias do tempo em que conheceram o ícone inglês. O papo teve a mediação feita pelo jornalista Rob Sheffield.

“David Bowie chegou e disse: ‘Quero produzir vocês”‘, lembrou Mothersbaugh quando se referia a um dos primeiros shows de sua banda, no meio de 1977, na casa Max’s Kansas City. “E nós falamos que não tínhamos contrato com gravadoras. E ele disse: ‘Não importa, eu pago”‘. Essa foi apenas uma das histórias contadas pelo líder do Devo, de acordo com o blog Bedford and Bowery.

Mothersbaugh continuou lembrando que Bowie não falou da boca pra fora e que o músico inglês subiu no palco para acompanhar a banda no segundo show que eles fizeram naquele lugar, no mesmo dia. “Ele subiu no palco e disse: ‘Essa é a banda do futuro e eu vou produzi-los este natal em Tóquio!’ E nós todos ficamos: ‘Parece ótimo. Estamos dormindo em uma van em frente ao Bowery essa noite, em cima do nosso equipamento”. Aquela noite terminou com Bowie levando a banda para seu hotel, levando-os para comer sushi, coisa que eles nunca tinham visto na vida.

Meses depois, Brian Eno, que produziria o primeiro disco do Devo (Q: Are We Not Men? A: We Are Devo!, de 1978) levou a banda para o estúdio Conny Plank, em Colônia, na Alemanha, e no primeiro dia de gravação tocou em uma sessão com o grupo, David Bowie e outros músicos alemães. “O Devo tocou com David Bowie, Brian Eno, Holger Czukay (do grupo alemão Can) e alguns outros músicos eletrônicos alemães que estavam por ali”, revelou Mark, que também contou que acabou de reencontrar a gravação histórica deste dia. “Eu ainda não a escutei, mas acabei de encontrar esta fita”, contou.

Como se não bastasse, ele ainda contou as fitas originais das gravações do primeiro disco, gravadas em 24 canais e cheias de anotações feitas por Eno. “Tem umas faixas com coisas escritas como ‘vocais de David’ e ‘sintetizadores extra de Brian’ e eu de repente eu lembro que tirei essas participações quando estávamos fazendo a mixagem final do disco”, explicou, acrescentando que não usou essas gravações no disco final porque haviam se envolvido com empresários picaretas, levando-o a se tornar “completamente paranoico em relação a pessoas se metendo nas nossas coisas”.

No final, Mothersbaugh deixou a dúvida no ar. “Acho que deveríamos ver o que tem nessas fitas. Estou realmente curioso pra saber o que diabos fizemos.”

Vingadores pós-punk

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Depois de fantasiar heróis de umas melhores eras da música pop com os trajes da DC, o curitibano Butcher Billy agora volta-se para os alter egos da Marvel, saca só:

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O parque temático de Wes Anderson e do Devo

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Parceiros de longa data, Mark Mothersbaugh, líder do Devo, e o diretor Wes Anderson trabalharam juntos com o primeiro produzindo trilhas memoráveis para alguns dos melhores filmes do segundo, como Bottle Rocket, Rushmore, Os Royal Tenenbaum e A Vida Aquática de Steve Zissou. Mark está lançando um livro que compila sua produção gráfica (Myopia) e chamou Anderson para escrever o prefácio, que acabou entregando o jogo da nova colaboração entre os dois:

“Espero em breve garantir os meus para comissionar a construção de um importante e considerável parque temático que será inteiramente concebido e desenhado por Mark Mothersbaugh. Por 40 anos ele se empenhou em criar um obra que conclui em seu próprio Reino Mágico, onde o visitante será entretido e apavorado quase sempre ao mesmo tempo.”

Imagina isso… Vi na Wired.

Superamigos pós-punk

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E esse mashup incrível dos super-amigos com ícones do pós-punk, feito pelo curitibano Butcher Billy? Aí embaixo tem mais:

 

A de-evolução: Um documentário sobre o Devo

Finalmente gerações inteiras que conhecem a banda punk de Ohio como uns nerds hitmakers da new wave conseguirá compreender todo o projeto-objeto que é o Devo, uma das bandas mais complexas e ousadas da história da música pop, que nasceu de um protesto político, virou um projeto de arte e uma banda de música pop, que é idiota e intelectualizada ao mesmo tempo. Are We Not Men? – The Devo Documentary, de Jeff E. Winner, foi bancado via Kickstarter e arrecadou quase três vezes o valor que havia pedido para ser feito (25 mil dólares) e reúne entrevistas com os principais envolvidos na história da banda, além de um monte de cenas da época. Vê só o trailer:

Abaixo tem mais um trecho de cenas do documentário, prometido para este ano.

 

Tumblr do dia: The Kitten Covers

Gatinhos recriando capas de discos clássicos. Ah, internet…