No sábado, o Lobão reclamou em vídeo sobre o Lollapalooza:
E agora vem o Perry Farrell falar mal do Lobão na Folha:
Ah, o carinha que ficou bravo? Olha, entendo o ponto de vista dele como artista. Quando o Coachella me põe para tocar às 14h, também fico chateado, mas não falo nada porque sei que é assim que as coisas funcionam. As escalações de line-up são feitas de forma política. Sempre o nome que atrai mais gente fica por último. Vou dar um conselho a ele: grave um disco muito bom, um que todo mundo ame, e faça as pessoas quererem vê-lo ao vivo. Então, ele poderá ser headliner de um festival.
É só o novo capítulo de um livro recente: a crise do rock de gravadora, que começou com o Ultraje brigando com o Peter Gabriel e não deve terminar tão cedo. Mas é sério que é essa a discussão? Sério que o debate sobre a valorização do artista brasileiro depende das brigas de artistas com mais de trinta anos de carreira, que não fazem nada relevante há eras? Sério que eu tenho de escolher entre ficar do lado do Lobão ou do Perry Farrell? Ambos até têm importância específica para a música independentes de seus países quando usaram seu estrelato para canalizar safras inteiras de artistas (com a criação do Lollapalooza e com a revista Outracoisa, respectivamente), mas esse bate-boca só alimenta uma ladainha que, convenhamos, não vai dar em nada, além dessa comparação de egos.
Fala sério: o nível da discussão tem que ser melhor do que esse. E o problema é só o nível do embate – a discussão. Trocar farpas, argumentos e palavras virou regra de quem se dispõe a falar em público (seja online, na TV, no jornal ou na mesa de bar) e todo mundo tem que ter opinião sobre qualquer assunto, como se fosse possível mudar opiniões alheias com alguns poucos minutos de pregação. Inevitável lembrar do cartum do Arnaldo:
Tire Caetano da piada e ela segue intacta. É como se todo mundo que tivesse nem que seja só uma conta no Twitter se dispusesse a virar um polemista de plantão e cuspisse toda a verborragia que lhe for necessário para se parecer esperto. Há abutres salivando à menor fagulha hipster ou hype, mas essa patrulha contra tudo é um fenômeno muito mais presente e mais pentelho do que o deslumbre por qualquer modinha da vez.
Enquanto isso, só pro papo continuar na música, uma geração inteira de artistas não tá muito preocupada em escalação de megafestival ou se vão ser colocados pra tocar antes ou depois de quem – e segue fazendo seu trabalho, diariamente, sem se preocupar com esse tipo de posicionamento…
Falar é fácil.
Pena que são poucas. E pena que o tumblr tá parado desde setembro.
Quem sabe uma hora volta… Dica do Ian.
Publicamos na edição do Link desta segunda-feira um artigo do Peter Thiel – que é um dos nomes mais importantes do Vale do Silício hoje – que fala sobre um problema sério: a estagnação da inovação no século 21. Um trecho:
Responder à questão de se houve ou não uma desaceleração tecnológica está longe de ser uma tarefa tranquila. A questão crítica de por que tal desaceleração parece ter ocorrido é ainda mais difícil, e não há espaço para tratá-la por completo aqui. Encerremos com a questão correlata de o que pode ser feito agora.
Mais sucintamente, será que nosso governo pode religar o motor parado da inovação? O Estado pode impulsionar com sucesso a ciência; não há por que negá-lo. O Projeto Manhattan e o programa Apollo nos lembram dessa possibilidade.
Mercados livres podem não financiar tanta pesquisa básica quanto necessário. Um dia após Hiroshima, o New York Times pôde, com alguma razão, pontificar sobre a superioridade do planejamento centralizado em matérias científicas: “Resultado final: uma invenção (a bomba nuclear) que foi dada ao mundo em três anos teria tomado talvez meio século para se desenvolver se tivéssemos que depender de pesquisadores ‘primmas donnas’ que trabalham sozinhos”.
Mas isso era outra época. A maioria de nossos líderes políticos não é formada por engenheiros ou cientistas e não ouve engenheiros ou cientistas. Hoje, uma carta de Einstein ficaria perdida na sala de correio da Casa Branca, e o Projeto Manhattan nem seria começado; ele com certeza não poderia ser concluído em três anos. Não conheço um único líder político nos EUA, seja ele democrata ou republicano, que cortaria gastos com saúde para liberar dinheiro para pesquisa em biotecnologia – ou, mais geralmente, que faria cortes sérios no sistema de previdência para liberar dinheiro sério para grandes projetos de engenharia. Robert Moses, o grande construtor da cidade de Nova York dos anos 1950 e 1960, ou Oscar Niemeyer, o grande arquiteto de Brasília, pertencem a um passado em que as pessoas ainda tinham ideias concretas sobre o futuro.
Os eleitores hoje preferem casas vitorianas. A ficção científica ruiu como gênero literário. Homens chegaram à Lua em julho de 1969 e Woodstock começou três semanas depois. Com o benefício do olhar retrospectivo, podemos ver que foi aí que os hippies se apoderaram do país e que a verdadeira guerra cultural sobre o progresso foi perdida.
Os hippies envelhecidos de hoje não compreendem mais que existe uma grande diferença entre a eleição de um presidente negro e a criação de energia solar barata; em suas mentes, o movimento pelos direitos civis caminha em paralelo ao progresso geral em todos os lugares.
O artigo inteiro você lê aqui. Se prepara, porque não é pouca coisa. E abaixo, segue o texto de apresentação sobre Thiel, que escrevi para acompanhar seu texto original.
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Peter Thiel: O nome mais importante do Vale
Mestre de xadrez aos 13 anos e aluno número 1 de sua turma até o fim do segundo grau, Peter Thiel talvez seja o nome mais importante no Vale do Silício hoje, ainda mais após a morte de Steve Jobs. Mas ao contrário do fundador da Apple, Thiel não é muito afeito aos holofotes, preferindo agir nos bastidores e como arauto de novas tendências, em longos artigos como o desta página.
Nascido em 1967 em Frankfurt, na Alemanha, a carreira de Thiel começou a deslanchar ainda na faculdade. Estudante de filosofia na Universidade Stanford, na região de São Francisco, ficou irritado com a onda do politicamente correto que tomava conta do câmpus no final dos anos 80 e resolveu criar a Stanford Review em 1987, publicação que existe até hoje. Foi ali que recrutou alguns nomes que o acompanhariam em seu principal feito, quando resolveu bancar a ideia de um recém-conhecido que apareceu em uma de suas palestras, Max Levchin. Ele queria criar uma forma prática de conexão entre computadores portáteis, mas a conversa entre os dois evoluiu para outro rumo e, em 1998, os dois fundaram o PayPal.
Foi a partir da criação do site de pagamentos online que a carreira de Thiel decolou. Sua fama de visionário começaria a crescer logo em seguida, quando vendeu o serviço para o eBay e, com os US$ 50 milhões que levantou com a transação, começou a fase atual de sua carreira, a de investidor.
Começou a colocar dinheiro em empresas de ex-funcionários do PayPal, startups que, graças a seus investimentos, saíram do papel e se transformaram em titãs do mundo online, como o YouTube, o LinkedIn e o Yelp. Passou a ser conhecido como “o chefão da máfia PayPal” e logo abriu seu próprio fundo de investimentos, o Clarium Capital. Foi por meio dele que Thiel investiu meio milhão de dólares no Facebook em 2004, o mesmo ano em que ele foi criado.
Mas os negócios digitais são apenas parte dos interesses de Thiel. Ele também aposta pesado no desenvolvimento científico e abriu o Breakout Labs, um fundo de investimento apenas para financiar pesquisas de acadêmicos independentes, de preferência os que tenham ideias mais radicais.
Mas talvez o passo mais ousado do investidor tenha sido ao bancar um sonho de um ex-funcionário do Google, Patri Friedman, neto do ganhador do prêmio Nobel de economia Milton Friedman – um país startup. “Grandes ideias começam como ideias esquisitas”, disse Friedman, ao explicar o conceito por trás do Instituto Seastanding: criar plataformas móveis em alto-mar que funcionem como países, com sua própria legislação, governo e soberania. É isso mesmo: Peter Thiel, agora, quer fundar novos países.
Quem esperava por essa?
Mas outro dia fui jogar futebol em Lisboa e o Felipão [Luiz Felipe Scolari] era o técnico. Era um jogo dos amigos do Zidane contra os amigos do Figo. Ele me escalou de saída, e o baterista do Radiohead [Phil Selway] ficou lá no banco, emburrado, porque ele não saiu jogando e eu sim. No intervalo, falei pra ele: “Escuta, não fica aí de cara feia porque o nome da sua banda é roubado de uma música minha” [risos]. O David Byrne ouviu a “rádio cabeça” [a música “O Último Blues”, que contém o verso “na Rádio Cabeça” ], quando foi lançado o disco da Ópera do Malandro. Ele esteve aqui e cantou “A Volta do Malandro” no Canecão. Ele deve ter achado que era uma expressão que se usava muito no Brasil e fez a música lá dele [ “Radio Head”, de True Stories, 1986] que deu origem ao [nome do] Radiohead. Então me sinto representado pelo Radiohead, por intermédio do David Byrne.
Chico Buarque, em entrevista pra Rolling Stone brasileira.
Vambora que nessa sexta tem Gente Bonita no Neu!
Girls – “Lawrence”
Neil Young – “Flying on the Ground is Wrong”
Mallu Magalhães – “Cena”
Kassin – “Em Volta de Você”
Feist – “How Come You Never Go There (Clock Opera Remix)”
MF Doom + Thom Yorke + Jonny Greenwood – “Retarded Fren“
Toro y Moi – “Sweet”
Pollyester – “Round Clocks”
Kwes – “Get Up”
Delorean – “Deli”
Lana Del Rey – “Video Games (Joy Orbinson Remix)”
Washed Out – “Call It Off”
Jorge Ben – “Taj Mahal (Psilosamples Illegal Remix)”
Lotus Plaza – “Where I’m Going”
Tenta acertar quais são sem colocar o mouse em cima da foto (porque assim você saber qual é qual). Umas são beeeem fáceis, outras nem tanto.
Peguei lá no Motherboard, que tem outras por lá.
Mais um poster do Shepard Fairey
Alan Moore ainda não se pronunciou oficialmente sobre o movimento Occupy, mas em uma velha entrevista à revista Entertainment Weekly, ele já comentava sobre o fato do grupo Anonymous usar a máscara de Guy Fawkes em seus protestos contra a cientologia, em 2008:
I was also quite heartened the other day when watching the news to see that there were demonstrations outside the Scientology headquarters over here, and that they suddenly flashed to a clip showing all these demonstrators wearing V for Vendetta [Guy Fawkes] masks. That pleased me. That gave me a warm little glow.
O que nos leva à seguinte conclusão: será que os recentes movimentos estão aumentando a audiência de V de Vingança – tanto do quadrinho quanto do filme? Será que isso quer dizer que muito mais gente está ouvindo falar, pela primeira vez, de alguns conceitos básicos do anarquismo?
Será que o Sonic Youth não acaba com o fim do casamento de Thurston e Kim? Aparentemente sim, como o Fabio comentou no post em que eu perguntava sobre isso. Olha o que ele diz:
Li o relato de dois caras que foram para o Uruguai ver o show (que aliás foi em lugar pequeno e fechado, com 1h50min de duração) e encontraram o Thurston dando rolê na rua sozinho. Ele quis saber o que dois brasileiros estavam fazendo em Montevidéu já que eles tocariam por aqui também. Os caras disseram que queriam ver um show completo (fora de festivais) do que seria provavelmente a última turnê da banda. O Thurston respondeu que duvida que a banda vá terminar, ele não acredita que isso possa de fato acontecer.
Pelo pegada que foi o show no SWU eu também duvido um pouco. Um amigo aposta que se banda não acabar, a Kim vai sair, pelos relatos de que ela gostaria de ter mais tempo para seus trampos em arte plástica. Até entendo, ela tá com 58 anos, deve estar de saco cheio de viver no rolê sem parar.
Eu aposto, no mínimo, em uma diminuição do tempo em turnê e espaçamento maior entre os discos (o que já passou a acontecer nos últimos 10 anos).
Tomara. Mas isso é só especulação.
Você já deve ter notado que cartazes de filme hoje em dia não se dignam muito a serem originais (reflexo do próprio cinema atual?). O francês Christophe Courtois percebeu isso e reuniu algumas “coincidências” em seu blog.
Rapaz, que cacetada! Mas alguém tinha de fazer isso…