O estudante de cinema holandês Kees van Dijkhuizen jr. faz curtas para celebrar a obra dos principais cineastas do século em que vivemos, veja abaixo:
Um documentário narrado por John Peel. Já escrevi sobre o velho Don aqui e fiz um Vida Fodona especial pro mestre quando ele passou dessa pra outra.
E na última Impressão Digital no Caderno 2, comento o filme que vi em Nova York na semana passada, que provavelmente é o filme mais bonito de Scorsese…
Magia e tecnologia
O Harry Potter de Scorsese
Na última Impressão Digital, deixo de lado omundo dos celulares, redes sociais e aplicativos para falar deumoutro tipo de tecnologia, mais ancestral. Especificamente, o cinema – que, quando surgiu, era uma novidade tecnológica tão festejada e vilanizada quanto omundo digital é nesse início de século.
Hugo, o novo filme deMartin Scorsese, já estreou no exterior, mas só chega ao País no início do ano que vem. Pude assisti-lo e cravo sem pestanejar: é a mais bela obra da filmografia do diretor. E, mais do que isso, tem tudo a ver com a reputação que Scorsese criou – e deixou de lado nos últimos anos – emsua carreira.
(E, antes de continuar,um aviso: faça-se o favor de não ler muito sobre o filme, pois grande parte da beleza está na surpresa que Hugo esconde para ametade do filme emdiante. Prometo que não toco nesse assunto.)
Scorsese tem sido criticado nos últimos anos por se ter tornado uma espécie de “diretor de aluguel”, que filma obras que não fazem parte de seu espectro artístico. Há um certo exagero, mas a crítica tem fundamento. Basta comparar seus filmes de antes de 1995 (o ano de Cassino) com os que foram feitos depois disso.
Hugo, neste contexto, pode torcer o nariz de quem tem falado mal de sua carreira. Afinal, conta uma história “mágica” de um menino que vive na Paris dos anos 30 e descobre um robô que seu pai (o ator Jude Law) está tentando consertar.
O que vemos a partir daí é uma história quemuitos já conhecem e que tem tudo a ver com o amor de Scorsese pela sua própria arte. E, mesmo que dêum pequeno nó na cabeça do espectador ao traduzir o mundo mágico do garoto Hugo – e explicar o que é a sua Hogwarts (para quem não sabe, Hogwarts é a escola de magia de Harry Potter) –, é umfilme tocante, cheio de citações sutis e uma homenagem do tamanho da importância de Scorsese para o cinema.
***
Game over. Esta é a última Impressão Digital no Caderno 2. Agradeço a leitura nestes 85 domingos – e a coluna reaparece no Link, antes do fim do ano.
Um timelapse feito por Roberto Massao Kumamoto.
Na íntegra.
Antes de ilustrar o trabalho que o consagrou – o clássico do jornalismo gonzo Medo e Delírio em Las Vegas, de Hunter Thompson -, o inglês Ralph Steadman já tinha se aventurado por outra estranha e psicodélica viagem, quando foi chamado para fazer as ilustrações de uma edição de 1967 de Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll. Delírio.
Vi aqui.
Haters gonna hate.
Bem boa a campanha do College for Creative Studies.
Foto: Gary Stafford.
Mais um capítulo da série Damon Albarn é um gênio – ano passado ele reuniu nada menos que dois ex-Clash – Mick Jones e Paul Simonon – no mesmo palco, os transformando em parte da banda de apoio de seu projeto animado, o Gorillaz.
Abaixo, os dois comentam a experiência. É o mais próximo de uma reunião do Clash, que jamais aconteceu.
E o Paul Simonon curtiu tanto o visual marinheiro, que foi parar em um dos barcos do Greenpeace, como assistente de cozinha à paisana. Simonon quis ajudar à causa mas suas credenciais no mundo do rock tiveram de ser escondidas para não causar tensões a bordo – e foi indicado para um dos trabalhos mais subalternos do barco, na cozinha, onde se virou bem. O baixista inclusive foi preso por ter participado de um ataque ao petroleiro Leiv Ericsson, na Groenlândia – e ficou retido por duas semanas. E, no mês passado, chamou outro de seus projetos com Damon Albarn – o The Good, The Bad & The Queen – para tocar no convés do barco em que trabalhava e revelar o seu disfarce.
Finalmente Moore nos deu seu parecer sobre o movimento identificado por um ícone que ajudou a resgatar. Primeiro em entrevista ao Guardian:
“I suppose when I was writing V for Vendetta I would in my secret heart of hearts have thought: wouldn’t it be great if these ideas actually made an impact? So when you start to see that idle fantasy intrude on the regular world… It’s peculiar. It feels like a character I created 30 years ago has somehow escaped the realm of fiction.”
(…)
“That smile is so haunting. I tried to use the cryptic nature of it to dramatic effect. We could show a picture of the character just standing there, silently, with an expression that could have been pleasant, breezy or more sinister. (…) And when you’ve got a sea of V masks, I suppose it makes the protesters appear to be almost a single organism – this “99%” we hear so much about. That in itself is formidable. I can see why the protesters have taken to it.”
(…)
“I think it’s appropriate that this generation of protesters have made their rebellion into something the public at large can engage with more readily than with half-hearted chants, with that traditional, downtrodden sort of British protest. These people look like they’re having a good time. And that sends out a tremendous message.”
Na mesma entrevista, ele riu do fato da Time Warner – que é dona da DC Comics que é dona dos direitos de V de Vingança, o quadrinho que deu origem à máscara – faturar dinheiro com royalties nas vendas do ícone dos Occupy:
“I find it comical, watching Time Warner try to walk this precarious tightrope. It’s a bit embarrassing to be a corporation that seems to be profiting from an anti-corporate protest. It’s not really anything that they want to be associated with. And yet they really don’t like turning down money – it goes against all of their instincts. I find it more funny than irksome.”
Em outra entrevista, à revista Honest, ele diz o ele acha que deva mudar em nosso sistema político:
“Everything. I believe that what’s needed is a radical solution, by which I mean from the roots upwards. Our entire political thinking seems to me to be based upon medieval precepts. These things, they didn’t work particularly well five or six hundred years ago. Their slightly modified forms are not adequate at all for the rapidly changing territory of the 21st Century.
“We need to overhaul the way that we think about money, we need to overhaul the way that we think about who’s running the show. As an anarchist, I believe that power should be given to the people, to the people whose lives this is actually affecting. It’s no longer good enough to have a group of people who are controlling our destinies. The only reason they have the power is because they control the currency. They have no moral authority and, indeed, they show the opposite of moral authority.”