Destaque

Northern-Soul-Keep-The-Faith

O DJ e pesquisador Greg Wilson escreveu um longo post em seu blog sobre o que ele chama de “Renascença do Northern Soul”. O gênero, para quem não o conhece, é formado basicamente por pérolas esquecidas da soul music norte-americana dos anos 60, mas colocadas num contexto inglês, quando DJs e pesquisadores do início dos anos 70 se debruçavam sobre carregamentos de discos vindos dos EUA em busca de hits de um tipo de som que havia se perdido à medida em que a psicodelia, o groove e a política mudaram a cara da música negra norte-americana no meio dos anos 60. Essa mesma mudança aconteceu na Inglaterra, quando os mesmos motivos esfacelaram a cena mod inglesa, que foi encontrar sobrevida no norte da Inglaterra. Começou como um hobby de alguns mas logo virou uma disputa – e discos eram celebrados tanto por sua inocência estética quanto por sua raridade industrial, todos em busca de uma geração de aspirantes à Motown. Alimentando essa disputa estavam festas que pela primeira vez atravessavam a madrugada, com muita anfetamina de combustível, para entrar nas manhãs em sessões que aos poucos foram se tornando conhecidas como “all-nighters”. Wilson sugere que essa cena movida a bailes intermináveis em porões que nunca viam a luz do sol e DJs disputando a raridade de seus singles está vivendo um novo revival (um livro acaba de ser lançado e um filme está agendado para o ano que vem, além da BBC ter feito um minidocumentário sobre o gênero há dois meses) e que desta vez talvez possa entrar de vez para o cânone da história da cultura do século 20. E para acompanhar o longo artigo, fez um set igualmente gigantesco de pérolas de alto calibre. Coisa fina.

tamimpala

Essa versão que o Tame Impala fez para a belíssima “Angel” do Massive Attack não é nova (Babee já havia linkado-a em 2010), mas agora ela apareceu com uma qualidade de áudio bem melhor.

Foda, né? Aproveitando o gancho, não sei se você já ouviu o Tame Impala visitando o Outkast via “Prototype” – dá uma sacada aqui

aaronpaul

Desde que foi anunciada a caixa com todas as temporadas de Breaking Bad em DVD, um dos principais extras festejados é o vídeo em que Bryan Cranston e Aaron Paul leem, pela primeira vez, o roteiro do último episódio da série. Eis a conclusão desse extra, em versão legendada, abaixo – e com spoilers para quem não assistiu ao final do seriado, ÓBVIO:

Continue

naites23novembro2013-

Outra festa e eu acho é pouco – as Trabalho Sujo Naites são dedicadas à música desta década e na noite de estréia, neste sábado, além de mim, da Babee e do Pattoli na seleção, ainda temos a versão noturna dos Sweet Grooves. Vai ser foda!

Trabalho Sujo Naites apresentando Sweet Grooves
Sábado, 23 de novembro de 2013
Neu Club
Rua Dona Germaine Burchard, 421 – Água Branca. São Paulo
até 0h: R$15 entrada ou R$40 consumação
após 0h: R$25 entrada ou R$60 consumação
Horário: a partir das 23h

sussa23novembro2013

Não se assuste com o frio e a chuva vai passar, porque hoje é dia de SUSSA na Casa do Mancha – a primeira edição da festa num sábado. Porque a idéia de passar uma tarde agradável com gente legal curtindo um som tranquilo pode ser um fim em si mesmo ou a deixa para esquentar os trabalhos antes de curtir o resto da noite. Por isso experimentamos a Tarde Trabalho Sujo nesse sábado, mais uma vez com a vibe fina do trio Sweet Grooves de Curitiba e os já clássicos Kød Burgers artesanais do Bruno Alves, além das discotecagens de Alexandre Matias, Klaus Kohut e Danilo Cabral. A festa começa às 16h20 – e não se esqueça de tirar dinheiro, pois a Casinha não aceita cartões. A festa segue noite adentro, mas não vamos muito longe porque tem a estréia da Trabalho Sujo Naites no Neu – e quem for na SUSSA não paga pra entrar na Naites, é só me perguntar como fazer…

Vamo aê?

SUSSA – Tardes Trabalho Sujo apresenta Sweet Grooves
Sábado, 23 de novembro de 2013
Casa Do Mancha
R. Felipe de Alcaçova – Pinheiros. São Paulo.
Telefone: (11) 3796-7981
ATENÇÃO: A casa não trabalha com cartão, apenas dinheiro.
Ingresso: R$ 20
Horário: a partir das 16h20

neu-5-anos

Conheço o Neu quando ele ainda era uma idéia, cogitada entre as noites do saudoso Milo Garage da rua Minas Gerais: Dago e Gui tocavam as incríveis festas do selo Peligro às quintas-feiras (sempre com bandas novíssimas) e Guab tocava a clássica Mixtape aos sábados (discotequei algumas vezes em ambas, bons tempos). Os três juntaram forças e abriram o sobrado de fundos pro Parque da Água Branca, do lado da PUC em Perdizes, e aos poucos foram se estabelecendo como um dos cantos mais legais da noite de São Paulo. Guab deixou a sociedade (embora ainda toque de vez em quando por lá) e a casa passou por uma mudança drástica no último ano – rolou uma bela reforma e agora aceita cartões. “2013 foi um ano de encontrar a ‘nova cara’ da casa depois da reforma, com novas festas, mais diversidade entre elas, a novidade dos domingos”, me explica o Dago, que comemora os cinco anos de atividades trazendo a dupla Poolside para São Paulo e aproveitando a deixa para fazer uma bela semana de comemoração. “Nos outros anos, sempre comemoramos os aniversários da casa de maneira discreta, em festas pequenas, com nossos amigos. Mas uma casa noturna durar cinco anos em São Paulo é uma grande conquista, então decidimos fazer uma celebração um pouco maior”, continua. “Então veio essa ideia de fazer a sexta e o sábado com DJs representando as principais festas atuais da casa. E a quinta abre a maratona com a cereja do bolo, que é o set do Poolside e com os DJs da Avalanche – Bonde, Drunk Disco, Holger e eu – pra completar a noite. Virou quase um festivalzinho”.

O Poolside é dono de um dos discos mais legais do ano passado e eu vi os vi tocando na abertura do festival Primavera em Barcelona desse ano.

Vai ser legal vê-los no mesmo palco em que a Lulina homenageou o Lou Reed na Sussa, dia desses. A programação dos cinco anos do Neu segue abaixo – e eu toco no sábado, afinal além da Sussa (que alterno entre o Neu e a Casa do Mancha) estou inaugurando a Trabalho Sujo Naites neste sábado lá na casa da Água Branca.

Continue

lana-del-rey-tropico

Foi Lana Del Rey quem disse pra Nylon que seu filme Tropico “it’s Elvis and Jesus and Marilyn and extraterrestrials all in one”. O estiloso último trailer vem abaixo com a data de estréia – e o média metragem dirigido pelo mesmo Anthony Mandler que fez os clipes de “National Anthem” e “Ride” chega à internet na íntegra no próximo dia 5.

E eu não comentei sobre o show da Lana no Terra (que foi bem melhor que eu imaginava) porque o fim do ano tá chegando, já já tem a retrospectiva e a noite do Terra foi uma das melhores noites do ano…

raw

Um dos grandes escritores do século 20 – e um de seus pensadores mais provocadores -, Robert Anton Wilson morreu em 2007, deixando na Terra um legado que unia as teorias conspiratórias mais excêntricas à natureza criativa do ser humano, celebrando a paranóia como inspiração ao recuperar tradições esquecida para apontar prováveis futuros, mas sem colher os méritos literários de outros gigantes do livro que lidam com temas parecidos, como Thomas Pynchon e Don DeLillo. Alan Moore, um de seus pupilos mais famosos e filho direto do cinismo paranóico pós-Trilogia Illuminati (a grande obra de RAW), celebrou a importância do autor em um evento em março de 2007, no Queen Elizabeth Hall, em Londres:

O vídeo é uma dica do José (valeu!) e a transcrição em inglês eu encontrei no site Decondicionamento.org, que também traz a tradução do texto para o espanhol. Se alguém quiser traduzir pro português, é só colar nos comentários que eu publico aqui:

“It’s not in Magick’s nature to let anybody go. So let’s do with Time not being what it’s seems – something about the Gesternheutemorgenswelt – things happening all at once, the way they do in dreams.

And somewhere it’s still 1932 – it’s Brooklyn – sepia dust… depression streets… neutrons distilling, Lovecraft still alive – fat Irish cops abandoning their beats and breaking into a spontaneous ballet, with night sticks twirling, dancing on the stoops as though through Joyce’s Dublin, on one timeless day.

They gather round the New York natal Crib of Mrs. Wilson’s pride and joy, to stand with newsboys, gangsters — dig each other in the ribs, all tearful and red faced, sing “Danny Boy”.

The nuns of Flatbush, glaring and unkissed, line up to smack their rulers on his wrists, promoting Sister Kinney’s Polio cure, and all of this could be in the imagination of a squirrel, furiously circling a tree — all of these people, moments and events could be no more than thoughts, suspended simultaneously within the snow-globed consciousness of Luna Wilson, dreaming in the ice…

To question everything – that’s still your only man, your best advice.

And somewhere, Orson Welles’ voice is leaking from old radios – The Shadow knows if Arlen Reilly scripted those specific shows, but… suddenly it’s 1958 – They’ve set the matrimonial date.

In a Lysergic Spin Drift spray that grades from pink to tangerine, the chemist Albert Hoffman rose upon the day astride his jelly bike, while Leary rides down from an altered state.

The decade’s beatnik H-Bomb clock ticks over to the sixties, as they kiss and grin and celebrate — until the lovely trouble starts. First Krassner’s Realist. Then the rabid raunch of Hefner’s pulsoid swoon, wearing their hearts upon their paisley sleeves, and psychedelic badges on their hearts.

Soon he’s reporting on the tensions swirling around the Democratic armies of the 9th Convention in Chicago, 1968. Tear gas grenades fired by police describe a fuming parabolic arc, as William Burroughs and John Genet take each other by the arm and with great dignity, with years of bright experience between them, with soaked handkerchiefs worn like hour hooped bandannas, quit the park.

Up with Bob Shea at Playboy After Dark, and chuckling over creepy letters from John Birchers, detailing conspiracies compiled from Nesta Webster’s library shelves, our men read all the best bits out aloud, and… then decide to cook one up themselves.

While elsewhere in the yesterday-today-tomorrow world, it’s the mid-seventies. The Unified Field Theorem of American Anxiety become a textbook guide to hilarious Occult anarchy, a trilogy that pulled it all together and changed paranoia from an illness into an illuminating game, before Dan Brown and David Icke hit town to change it back again.

A wrong-doing’s end paper movie full of sex, drugs, yellow submarines, Bavarians, fnord, Marilyn Monroe, and dazzling dime store profundity:

“Tell us, John Dillinger, how did you manage to escape from that locked cell?”

“Same way that you break out of any prison, hell, I just walked through the wall into the fire…”

’71 it’s written – published four years later, and just one year after that served up entire on stage — Ken Campbell’s Science Fiction Theater of Liverpool — Bill Drummond working in the wings who, feeling Justified and Ancient and inspired, moves on to other things…

And during all this there’s been dog-faced messages from Sirius, coincidences piped in by The Crew That Never Rests, new ways of seeing…

And when Bob and Arlen’s 15 year old daughter Luna is shot dead during a stick-up job, he points out that her killer was a young Native American compelled to rob, a brutal and oppressive history, opposes the death penalty, and stands as an extraordinary, an exemplary human being.

In another district of the Gesternheutemorgenswelt meanwhile it’s Sunday, March 18th, 2007, and, well, here we are… for one last 23 skidoo, clearing the wire with an important signal coming through from the agnostic wing of Heaven. Robert Anton Wilson went out through the wall into the fire, into the simultaneous parity of eternity, into the splendid timeless fanfare of a life that he has somehow managed to survive, with 35 books weaving his idea in their spectacular diversity, weaving his luminescent consciousness into the intellectual DNA of our painfully slow developing society, and dancing somewhere with his wife, back when he could still dance, and she was still alive.

Researching pookas, watching “Harvey” in the cathode light, another Wilson on screen finds them in a dictionary described as: “Rabbit spirits working mischief with reality, and Mr. Wilson, how are you tonight?”

I saw him in a psychedelic vision once, with other Magi in a room outside time and shining white, a real Illuminati, a Crew That Never Rests but works without respite to include everyone – every last one of us – within their light.

Oh Mr. Wilson, how are you tonight?

dean-britta-mercury-rev

Que combinação: Dean Wareham & Britta Phillips (Dean & Britta, ora pois) juntos com Jonathan Donahue & Grasshopper (do Mercury Rev) tocando “Snowstorm” e “Car Wash Hair” em Nova York, em 2010. Assista abaixo:

Continue

nao-pare-na-pista

Um filme sobre os anos 70 do Paulo Coelho?

Pode até ser bom, hein…