Teago Oliveira, Douglas Germano, Chico César, Alessandra Leão, Jards Macalé, Emicida, Rakta… Conversei com alguns dos autores das melhores capas de disco com fotografia de 2019 em uma matéria para a revista Zum – leia lá.
Dona de um dos melhores discos de 2019, a jovem Billie Eillish acaba de lançar, sem alarde, a faixa “Everything I Wanted”, baladinha introspectiva que vai de encontro à atitude dedo na cara de seu disco de estreia, When We All Fall Asleep, Where Do We Go?, lançado no início do ano – aproximando-se da sonoridade que lançou a neo-zelandesa Lorde para o planeta: beats discretos, teclados sonhadores, vocal cabisbaixo.
Será que ela vai lançar outro disco ainda este ano?
Morre Pedro Bell, autor das capas clássicas da cosmogonia do senhor George Clinton, que inclui discos do Funkadelic, Parliament, Bootsy Collins, entre outros projetos da vasta genealogia do funk.
Eis a capa de O Futuro Não Demora, terceiro disco do BaianaSystem, que chega para todos nesta sexta-feira, dia 15. E tá bom, viu…
A capa assinada por Cartaxo, o integrante responsável pela imagem da banda.
Anunciados título, data de lançamento e capa do novo disco de Jards Macalé: o retrato sinistro acima foi clicado pelo mestre Cafi, lendário fotógrafo que fez as capas de clássicos da música brasileira de nomes como Milton Nascimento, Beto Guedes, Geraldo Azevedo, Chico Buarque, Edu Lobo e do próprio Jards Macalé. Cafi foi a primeira vítima célebre de 2019, pois morreu na virada do ano novo, tornando o retrato de Jards sua última obra. A capa do disco não traz nem o nome do artista nem seu título, Besta-Fera, nome de uma das faixas que batiza a tensa obra. Jards já dissecou o novo álbum, produzido por Kiko Dinucci, Thomas Harres e Rômulo Froes na semana passada aqui no Trabalho Sujo, além de mostrar a tensa “Trevas” e o “Buraco da Consolação”, parecia com Tim Bernardes. Besta-Fera será lançado no dia 8 de fevereiro.
“Time is only gonna pass you by now you’re in real life”
Essa é a capa do terceiro disco de Ava Rocha, Trança, que ela antecipa em primeira mão – além da ordem das novas músicas, abaixo – para o Trabalho Sujo. Gravado entre o Rio e São Paulo, o disco reúne nada menos que trinta e cinco convidados: Alessandra Leão, Linn da Quebrada, Karina Buhr, Negro Leo, Alberto Continentino, Iara Rennó, Kiko Dinucci, Curumin, Marcelo Callado, Juliana Perdigão, Thomas Rohrer, Mariá Portugal, Sérgio Machado, Dinho Almeida, Bela, Bruno Di Lullo, Domenico Lancellotti, Tulipa Ruiz, Chicão, Dustan Gallas, Ariane Molina, Victória dos Santos, Thomas Harres, Eduardo Manso, Pedro Dantas, Paulinho Bicolor, Marcos Campello, Felipe Zenícola, Gabriel Mayall, Gustavo Ruiz, Estevão Casé, Renato Godoy, Rafael Rocha, Juçara Marçal e a filha de Ava e seu marido Leo, Uma Gaitán Campelo Rocha Gonçalves. “Trança entrelaça tudo isso que eu faço até agora. É uma homenagem ao Tunga, que fez a capa do meu primeiro disco, e é uma trança de muitas coisas – uma trança musical, entre pessoas, de memórias, de falas, de poéticas, de compositores…”, ela me explica.
A capa é exemplo desta coletividade: ela foi concebida pela artista plástica Maíra Senise, irmã por parte de mãe de Ava, fotografada por Ana Alexandrino, tem visual de León Gurfein e o projeto gráfico feito por Lucas Pires. “Ainda que eu me apresente como Ava Rocha, como uma artista solo, existe toda uma coletividade que me permeia, os encontros, as parcerias. Eu não consigo ver muita diferença entre um trabalho solo e um trabalho coletivo”, continua, reforçando o fato que Trança é seu terceiro disco, uma vez que o primeiro, Diurno, foi lançado quando ela ainda tinha uma banda fixa que respondia por seu prenome, levando muitos a dizer que o excelente Ava Patrya Yndia Yracema era seu primeiro disco solo de fato. Produzido por Eduardo Manso, Trança será lançado daqui a dez dias e o primeiro single, “Joana Dark”, chega às plataformas digitais neste dia 7. E é tão bom quanto seu álbum de 2015 – talvez até melhor, pois vai melhorando a cada nova audição…
“Maré Erê”
“Pangeia”
“Periférica”
“Lilith”
“Singular”
“Febre”
“Canción para Usted”
“Continente”
“Patrya”
“Joana Dark”
“Manjar do Oriente”
“João 3 Filhos”
“Anjo do Bem”
“Frio”
“Delírio”
“Fog”
“Assumpção”
“Bárbara”
“Dorival”
Essa ilustração que o belga Aleksandar Savić fez para a revista Fortune parece ilustrar bem o mapa mental de nossa atenção nesta era digital.
Interessante perceber como o Facebook é maior que os Estados Unidos do Alfabeto.
O designer norte-americano Peter Stults cogitou versões de filmes modernos refeitas com elenco e time de produção da era de ouro do cinema, criando uma galeria impressionante de filmes fictícios com grande potencial de ser foda. Dá uma sacada:
E tem muito, mas muito mais, no portfólio original do cara.
Entrevistei, para meu blog no UOL, o ilustrador brasileiro Cris Vector, que está fazendo um pôster para cada novo episódio de Twin Peaks.
O ilustrador paulistano Cristiano Siqueira, de 37 anos, era pré-adolescente quando a série Twin Peaks passou pela primeira vez no Brasil. “Nessa época eu tinha 11 anos e não podia ficar acordado depois do Fantástico pra ver a série. Lembro das chamadas na programação e sempre tive muita curiosidade de assistir”, lembra o artista, que mesmo chegando atrasado na série, aderiu ao culto da série. Quando a série teve sua terceira temporada anunciada vinte e cinco anos depois da segunda, Cris propôs-se um desafio: ilustrar um pôster para cada novo episódio da série.
“Existia uma grande expectativa entre os fãs de Twin Peaks pela volta da série, algo totalmente inesperado, já que os próprios David Lynch e Mark Frost tinham descartado uma terceira temporada em diversas ocasiões”, lembra o ilustrador. “A ideia inicial era fazer apenas um pôster, mas após assistir o primeiro episódio e conversar com alguns amigos, eu pensei que seria interessante – e desafiador – criar um pôster pra cada episódio. Pensei que seria uma maneira de superar a expectativa de uma semana entre um episódio e outro e também uma maneira de viver esse momento que todos os fãs de Twin Peaks aguardavam tanto.”
O resultado é a série de pôsteres abaixo, que vi originalmente no site Ideafixa. A repercussão tem sido ótima: “Desde quando lancei o primeiro poster, a reação tem sido muito positiva. As pessoas elogiam, agradecem, pedem prints. Usam até como foto de perfil, foto de capa. Toda vez que eu lanço um poster, eu faço postagens nas minhas contas de rede social e em grupos de discussão de Twin Peaks, no Facebook. As pessoas até já se acostumaram com os pôsteres e assim que terminam de assistir a um episódio novo, elas já vem me perguntar sobre o novo pôster”, conta Cristiano.
E ela não apenas nacional. “A conta oficial do Twin Peaks no twitter, gerenciada pela Showtime (@SHO_TwinPeaks) frequentemente curte e retuíta os posteres. Até o próprio Mark Frost retuitou um dos posteres, o do episódio 8, que é um dos mais apreciados. Percebi que alguns dos atores da série também curtiram algumas postagens, a Mädchen Amick e Dana Ashbrook curtiram alguns posteres. Mas o que mais me deixou feliz e orgulhoso foi receber uma foto do Carel Struycken, que interpreta o personagem o Gigante, posando com um dos posteres. Uma vizinha dele viu o poster do Episódio 1 e me pediu o arquivo para fazer uma print e presenteá-lo. No começo não acreditei muito, mas mesmo assim cedi o arquivo. Depois pra minha surpresa, o próprio Carel me escreveu elogiando o trabalho e ainda me enviou uma foto! Só isso já valeu todo o esforço!”
Abaixo, toda a galeria de pôsteres de Twin Peaks até o episódio 15 feita por Cris (que também pode ser vista em seu perfil no Facebook). Dá para ver seu portfólio de ilustrações em seu site oficial:
Episódio 1: Meu Tronco Tem Uma Mensagem Para Você
Episódio 2: As Estrelas Se Voltam e o Tempo Se Apresenta
Episódio 4: …Isso Traz Lembranças
Episódio 7: É um Corpo, Com Certeza
Episódio 10: Laura é a Escolhida
Episódio 11: Brincando Com Fogo
Episódio 13: Que História é Essa, Charlie?