Post roubado do Stereogum quase todo, na caruda, em que o site compila vídeos de personalidades da cena indie atual nos tempos em que eles ainda estavam tentando um lugar ao sol.
O curta acima é o fatídico Vampire Weekend, filme adolescente feito por Ezra Koenig muitos anos antes de ele ter a idéia de batizar sua banda com o título de seu filme teen de terror.
Depois, Robin Pecknold, bem antes dos Fleet Foxes, manda um cover de Radiohead com um amigo.
Alexis Krauss, hoje no Sleigh Bells, aparece rapidamente nesse comercial da revista do Nickelodeon (ela aparece lendo a revista aos 0m07s e 0m14s).
E o Dan Rossen, hoje no Grizzly Bear e no Department of Eagles, encarnando Elvis aos cinco anos de idade?
E que tal o Arcade Fire, em 2002, tocando no apartamento de um amigo da banda?
Tem também o Ben Gibbard, do Death Cab For Cutie, há quase vinte anos, mandando um Sex Pistols.
O MGMT ainda assinava The Management quando gravou esse cover de Talking Heads.
E aqui temos a Robyn com… 13 anos!
E a Feist que, anos antes de assumir o indiesmo, flertava com, er, electro e fez figuração num clipe da Peaches alisando uma bicicleta?
E a menina de vestido azul nesse comercial de pizzaria é ninguém menos que a Bethany Cosentino, do Best Coast.
Será que tem desses vídeos com artistas brasileiros?
Conforme o prometido, eis a terceira parte.
Cat Power – “New York”
Diplo & Santogold – “Guns of Brooklyn”
Department of Eagles – “Waves of Rye”
Little Joy – “Brand New Start”
Lykke Li – “I’m Good, I’m Gone”
Girl Talk – “Rockin”
Passion Pit – “Sleepyhead”
Vampire Weekend – “Cape Cod Kwassa Kwassa”
Hercules & Love Affair – “Blind”
João Brasil – “This is How We Dance”
Santogold – “L.E.S. Artistes”
Mickey Gang – “I Was Born in the 90s”
Fujiya & Miyagi – “Knickerbocker”
Portishead – “Plastic”
Black Keys – “Strange Times”
Do you listen to your classical records any more?
Or do you let them sleep in their sleeves, where they be?
Do you suffer through those records that you turned around?
Or do you make them sleep in their sleeves where they weep?
Department of Eagles – “Classical Records”
Gigas de MP3 soltos, enchendo pastas e diretórios virtuais. Algum deles até formam discos, têm capas e seus autores são conhecidos por mais de 100 mil pessoas. Mas a vasta paisagem sonora de músicas produzidas em 2008 é composta por dezenas de milhares de artistas anônimos que não são conhecidos por mais que dez mil ouvintes – e a tendência é que isso se agrave e, em pouco tempo, estaremos, todos os seis bilhões de pessoas do mundo, fazendo música para dois ou três gatos pingados ouvirem. Isso é ruim? Não para mim – não é exagero pensar que mais música foi produzida na primeira década do século 21 do que em todo século 20 e não vejo como isso pode ser ruim. Existe, sim, outro problema com essa maçaroca de músicas mendigando três ou quatro megas de espaço no seu HD – a falta de ambição, de aspiração à grandiosidade, de disposição rumo a algo que vá ficar na história sem precisar, necessariamente, reinventar a roda ou criar um gênero tipo melancia-pendurada-no-pescoço-rock. A brusca mudança que aconteceu com o Department of Eagles pode dar um rumo para esse pop oba-oba dos anos 00. O projeto paralelo do carinha do Grizzly Bear (Daniel Rossen) era um laboratório de colagens de beats e samples quando foi criado, há cinco anos. Mas depois de tanto tempo marinando à espera, Rossen e seu compadre Fred Nicolaus transformaram o DoE em outra história. Em In Ear Park, sai o experimentalismo DIY eletrônico e em seu lugar entra a precisão para compor canções que pertencem a um cânone do século passado – quando a música feita para adolescentes começou a aspirar a eternidade. Estou falando de um material de composição que une autores como os Wings de Paul McCartney, Brian Wilson, Burt Bacharach, John Lennon, Randy Newman, Todd Rundgren, Harry Nilsson, Arnaldo Baptista, Alex Chilton, Andy Patridge, Steely Dan, Roxy Music, Joni Mitchell, Scott Walker, Raspberries e Traffic. Sim, músicas escritas ao piano, quase sempre cantando a infância e a inocência (o disco é dedicado ao pai de Rossen, que morreu no ano passado), que se alongam para além dos três minutos de duração e ultrapassam a estrutura estrofe-refrão-estrofe, sem cair no experimentalismo porraloca, em busca de uma narrativa (tanto lírica quanto musical) que equivalha a de um livro. Em alguns momentos (“Waves of Rye”, “Teenagers”, “Phantom Other”) o volume das guitarras aumenta para além do clima setentão, alinhando a dupla com o Mercury Rev e o Flaming Lips da virada do século, mas por quase todo In Ear Park o clima – cheio de violões dedilhados, banjos, teclados, cordas e percussão de orquestra (são tocadas ou sampleadas? Realmente não sei) e muito, muito piano – é bucólico e introspectivo, mesmo quando soa épico e se leva muito a sério. É, de longe, a melhor coisa que Rossen já fez na vida.
31) Department of Eagles – In Ear Park
Department of Eagles – “Teenagers“
A 4AD comemora um bom 2008 liberando algumas faixas para download gratuito. A coletânea digital conta com faixas das Breeders, Bon Iver, Johann Johannsson, Atlas Sound, TV on the Radio, Stereolab, Department of Eagles, Deerhunter, entre outros. Massa.
Esses caras são bons, viu…