Projetos paralelos do vocalista do Hail Social, Dayve Hawk, o Memory Cassette e o Weird Tapes eram tratados como artistas novos desconhecidos e não como hobbies de alguém de uma banda indie. A princípio ambos projetos incluíam toda a banda, que alimentava lendas urbanas sobre produtores que desapareceram e só deixaram aquele material, sobre a possibilidade dos discos terem sido gravados no início dos anos 80 e só encontrados agora, sobre as músicas serem um projeto paralelo de um artista de porte global, como o Daft Punk ou o Air. Brincavam com o timbre da voz de Hawk, acelerando-o levemente de forma a tornar seu tom agudo em quase feminino, mexendo até com a possibilidade do projeto ser de uma vocalista – e não de uma banda semidesconhecida.
(Vale à pena ir atrás das versões anteriores do Memory Tapes, que lançou EPs como More Tapes e The Talking Dead como Weird Tapes, e The Hiss We Missed e Rewind While Sleeping, como Memory Cassettes. O som é espaçoso, etéreo e pop demais, camadas e camadas de som se sobrepondo como se o Cocteau Twins convencesse a Madonna dos anos 80 a ser cool em vez de sexy – talvez só sobrasse ao My Bloody Valentine fazer barulho)
A brincadeira foi crescendo, o Hail Social acabou e Hawk juntou os dois projetos num só, assumindo o nome Memory Tapes, que lançou seu primeiro disco (Seek Magic, bem bom, depois falo mais dele aqui) em agosto desse ano. E eis que pinço no Bruno uma mixtape que eles fizeram para o blog Arawa usando apenas trilhas sonoras de filmes de terror (dá pra perceber a obsessão do cara com mortos? Seu primeiro EP tinha a Caroline do Poltergeist na capa). Walk Me Home é uma boa introdução para essas fitas.