Donos de dois dos grandes discos de 2014, a cantora pop Taylor Swift e o mago eletrônico Aphex Twin parecem estar nos extremos opostos do espectro pop. Não para o cartunista David Rees, que ouviu semelhanças entre os dois artistas:
“Taylor Swift fez sua reputação escrevendo canções apaixonadas e confessionais para garotas pré-adolescentes. Mas muito da música de Aphex Twin (especialmente o disco Richard D. James, de onde eu retirei a maioria das faixas) também é superromântica – por vezes, sacarina. De vez em quando imagino que seus padrões de ritmo impossivelmente complexos e inumanos servem apenas como uma camada sônica de crédito indie para fazer melodias apaixonantes e timbres delicados de (por exemplo) uma canção sobre um/a garoto/garota mais palatáveis para as pessoas “cool”. Ou, em um nível mais pessoal, é como se ele estivesse protegendo seu coração apaixonado por trás de um emaranhado maluco de rolos de arame farpado. E QUEM ENTRE NÓS NUNCA FEZ ISSO?
Por isso a parte um da minha tese é: APHEX TWIN É UM ROMANTICÃO BREGOSO IGUALZINHO À TAYLOR SWIFT.
E então, por outro lado, temos que admitir que Taylor Swift é um tanto aterradora. Aphex Twin é um notório tímido em frente às câmeras e emprega um imaginário cifrado e assustador em seus vídeos. Claro que não eu não descreveria Taylor Swift como tímida em frente às câmeras – mas seu ar incrível e competência sobre-humana, para mim, são tão alienígenas e intimidantes quanto o rosto assustador e maligno de Aphex Twin photoshopado. É um clichê descrever uma celebridade como controlada e magistral como Taylor Swift como sendo robótica, mas acho que há uma certa verdade aqui, especialmente em uma era em que assumimos – por bem ou por mal – que qualquer cantor pop que atingir uma nota mais alta o fez com a ajuda de um computador. Há também o caso de suas letras, que podem ser meio cruéis e sarcástica de um jeito clássico de “garota má”. Seus sorrisos cegantes, seus comerciais de Subway e seus shows saudáveis, tudo me faz crer que há um lado escuro em Taylor Swift. Ela é o que a Skynet será quando ganhar consciência de si mesma.
E assim a parte dois da minha tese é: TAYLOR SWIFT É TÃO ASSUSTADORA QUANTO O APHEX TWIN.”
Mas ele mesmo assume o blablablá pseudointelectual para justificar sua cria que saiu de um hobby – ao fundir bases de Aphex Twin com vocais de Taylor Swift, Rees criou o projeto Aphex Swift que leva o Grey Album do DJ Dangermouse a um terreno ainda mais perigoso e distante. E o pior é que o disco funciona – não apenas pela piada ou pela caricatura, mas pela música em si.
Uma pena não ter dado pra incluir os dois discos de Aphex Twin e Taylor Swift deste ano. Quer dizer, ainda é tempo de mashupar apenas Syro e 1989…
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