David Lynch entrevistando pessoas comuns

E era isso mesmo: o anúncio que David Lynch havia programado para fazer no dia 5 de junho foi o novo disco em parceria com a atriz e cantora Chrystabell (que viveu a agente do FBI Tamara “Tammy” Preston na terceira temporada de Twin Peaks e já havia trabalhado com o diretor anos antes) e como previsto, além do anúncio, também surgiu dirigindo o clipe do primeiro single do disco, “Sublime Eternal Love”, que não muda a vida de ninguém, mas conta com aquele clima tenso característico das obras do diretor – além de teclados além-túmulo do eterno Angelo Badalamenti, colaborador frequente de Lynch, que morreu em 2022 (veja o clipe abaixo). Mas não é a única novidade de Lynch: nosso amado diretor está aproveitando o aniversário de 15 de seu David Lynch Interview Project para lançar todos os 120 episódios em alta definição em seu canal do YouTube. Durante 70 dias em 2009, Lynch atravessou os Estados Unidos entrevistando pessoas comuns que encontrava pela estrada, num road movie existencialista dividido em capítulos em que perguntava às pessoas que abordava questões como “você tem algum arrependimento?”, “quando você experimentou a morte pela primeira vez?”, “o que você tem mais orgulho” e “como você gostaria de ser lembrado?”. Veja o trailer deste projeto abaixo:  

O novo projeto de David Lynch é um disco da atriz Chrysta Bell

E ao que tudo indica, o anúncio que David Lynch agendou para este cinco de junho não é de uma obra propriamente sua, já que parece antecipar apenas o novo disco da cantora e atriz Chrysta Bell, produzido pelo próprio Lynch. Cellophane Memories é o sexto disco da cantora norte-americana, que conheceu Lynch em 1998 e só foi colaborar com ele quase dez anos depois, quando o diretor incluiu uma parceria dos dois na trilha sonora de seu Império dos Sonhos. Depois, em 2011, Lynch produziu um disco em parceria com ela (This Train), em que a cantora musicou seus poemas, colaboração que continuou quando ela cantou “Sycamore Trees”, da trilha de Twin Peaks, na abertura de uma mostra australiana em homenagem ao diretor em 2015, chamada David Lynch: Between Two Worlds, e depois no EP Somewhere in the Nowhere, em 2017. Seus discos seguintes foram produzidos por John Parish e Chris Smart, mas a parceria com Lynch continuou quando ele a convidou para participar da terceira temporada de Twin Peaks fazendo o papel da agente do FBI Tamara “Tammy” Preston. O novo disco de Bell, que agora assina Chrystabell, é mais uma parceria com Lynch e será lançado no dia 8 de agosto e um link para o serviço de streaming da Apple na Nova Zelândia acabou entregando que o disco será anunciado nessa quarta-feira, provavelmente com o anúncio do primeiro single, que parecer ser a última faixa do disco, “Sublime Eternal Love”. Além da data de lançamento, também apareceram a capa do disco, o nome das músicas e um link com o áudio do primeiro single, que mantém aquele climão típico das cenas de encerramento de alguns episódios-chave da série. Resta saber se o single terá um clipe e se este será dirigido por Lynch, que prometeu na semana passada que algo que estava vindo para ser visto e ouvido. A capa do disco, o nome das músicas, Bell cantando “Sycamore Trees” e o link para “Sublime Eternal Love” podem ser vistos abaixo:  

Vida Fodona #773: Angelo Badalamenti (1937-2022)

Sonhai.

Ouça aqui.  

Vida Fodona #717: Tarde chuvosa de sexta-feira

Vamos lá…

Ouça aqui.  

A Wisteria de David Lynch

david_lynch

A revista norte-americana de mercado Production Weekly, fechada para assinantes, anunciou em sua última edição, entre as novidades que soube em relação ao mês de dezembro deste ano, que o grão-mestre David Lynch estaria desenvolvendo uma série pra Netflix, que começaria a ser produzida a partir de maio do ano que vem no Calvert Studios, onde também filmou partes da terceira temporada de Twin Peaks. Wisteria também é referida como Untitled David Lynch Project e aparentemente é uma série com episódios sem relação entre si – e não tem nenhuma relação com Twin Peaks, como o cocriador da série, Mark Frost, fez questão de frisar no Twitter (o que não diminui a expectativa sobre uma possível quarta temporada). No meio do ano, Lynch deu uma entrevista para o site Daily Beast sobre a guinada YouTuber que o diretor deu durante a quarentena e ameaçou, de forma enigmática, que “talvez tenham coisas vindo aí que possam significar que poderei gastar menos tempo com o canal”. Lynch já começou o ano com um pé no serviço de streaming, quando lançou o curta What Did Jack Do?, em que ele mesmo interrogava um macaco.

David Lynch tem um rádio

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O mestre bizarro não para de lançar coisas em seu canal no YouTube, agora é a vez de ele mostrar um videoclipe que fez para a faixa-bônus de seu disco de 2011, Crazy Clown Time, “I Have Radio”. E como estamos falando de David Lynch, o clipe é tudo menos convencional: duas figuras balançam os braços enquanto um fundo abstrato em preto e branco pulsa seguindo o beat da música, em que o próprio Lynch sussurra seu título com legendas em japonês – e aí os porcos começam a grunhir…

O canal do Lynch é um barato.

Os coelhos de David Lynch

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Nosso querido David Lynch segue alimentando seu canal no YouTube e acaba de desenterrar o primeiro episódio da série Rabbits, que produziu em 2002. Um sitcom nonsense de terror, a série tem nove episódios e é estrelada pelos mesmos atores que participam do imortal Cidade dos Sonhos, do ano 2000: Scott Coffey, Laura Elena Harring e Naomi Watts, que dividem uma sala de estar e diálogos que não fazem muito sentido, intermediado por uma claque pré-gravada. A trilha sonora do seriado é do compositor favorito dos filmes de Lynch, Angelo Badalamenti.

Em breve ele deve soltar os outros… Em breve…

O “fogo” de David Lynch

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O mestre David Lynch, ativo nestes dias de quarentena mantendo seu próprio programa de meteorologia diário em seu canal no YouTube (falei disso lá no #CliMatias, não tá acompanhando não?) Nosso cineasta favorito publica online seu curta de animação de 2015, o esquisito e envolvente Fire (Pozar).

Escrito, desenhado e dirigido por nosso cineasta favorito, o filme cutuca uma série de elementos caros à sua filmografia, desde o título. Mas além do fogo, há o arco do topo do palco que ilustra seu canal e com o qual ele anunciou o curta num tweet, e que funciona como metáfora para o cinema como linguagem, unindo referências do lado sobrenatural de Twin Peaks ao Club Silencio de seu Cidade dos Sonhos. Neste palco, vemos a criação do fogo e sua influência em nosso imaginário, em que Lynch faz uma conexão abstrata e surrealista entre tecnologia e arte, como se reforçasse que a linguagem audiovisual – eis que surge apenas um olho e um ouvido – fosse o centro do legado humano, unindo estas duas pontas distintas.

É claro que isso é uma interpretação minha – como sempre na obra de Lynch, tudo está em aberto em Fire (Pozar) e é sua natureza experimental e abstrata que o torna tão específico. Com trilha composta pelo polonês Marek Zebrowski e animação feita pelo japonês Noriko Miyakawa, é uma versão artesanal e branda de sua mensagem, estranha e envolvente como sempre.

O verdadeiro significado de Twin Peaks

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Em uma análise em vídeo de quatro horas e meia duração, o youtuber Rosseter, do canal Twin Perfect, dissecou toda a extensão de Twin Peaks numa análise de tirar o fôlego. Antes mesmo da terceira temporada ter sido lançada, ele já havia traçado pontos em comum entre os mistérios das duas primeiras temporadas e do filme dirigido por David Lynch, Os Últimos Dias de Laura Palmer, apenas para perceber que, com a nova safra de episódios, ele tinha razão em sua análise: Twin Peaks é um comentário que David Lynch faz sobre a banalização da violência na televisão e como ela tem nos deixado menos sensíveis e mais rudes, como espectadores e cidadãos. O vídeo, em inglês, merece ser revisto mais de uma vez, tamanha a complexidade da análise e dos acertos levantados pelo youtuber:

De quebra, o podcast Twin Peaks The Return: A Season Three Podcast entrevistou-o sobre sua pesquisa, onde ele dá mais detalhes sobre a busca e como fez para chegar em alguns pontos mais importantes deste longo e valioso ensaio audiovisual.

Feliz natal!

Como assim, quarta temporada de Twin Peaks?!

“Está acontecendo de novo!”

twinpeaks

Começou com um tweet nostálgico de David Lynch, lembrando do lugar onde filmou sua clássica série, no meio do mês passado:

“Caros amigos do Twitter, eu amo as pessoas em King County. Amo as locações em King County. Arrumamos um lugar perfeito para filmar Twin Peaks e as pessoas perfeitas para trabalhar com a gente. Tanto Dow Constantine quanto Kate Becker são ótimos! No fim das contas, isso tornou filmar Twin Peaks ali um sonho.”

Mas daí que, no dia 29 de setembro, surge este tweet do Hollywood Horror Museum, que dizia:

“Alguém que nós conhecemos que ‘está por dentro’ deixou escapar algo bem interessante sobre o futuro de Twin Peaks. Se for verdade, estaremos rindo e excitados com 2020!”

E continuava:

“Não queremos meter ninguém em apuros (apenas por ser estúpido o suficiente para nos contar!). Então não podemos falar mais até que ELES falem, mas isso não é só um boato.”

E mais:

“Tudo que podemos dizer é que as pessoas que cuidam disso estão preparando algo grande pra 2020. Até que elas falem disso, teremos que ficar quietos.”

Não custa mencionar que filha de Lynch, Jennifer, faz parte do conselho deste museu do horror em Hollywood, Los Angeles. No dia seguinte, dia 30, o ator Michael Horse, o xerife Hawk, publica uma foto de seu personagem nos anos 90 vendo um pedido para manter silêncio em sua conta no Instagram.

E no dia seguinte, dia 1° de outubro, Kyle MacLachlan, o eterno Agente Cooper, twitta o seguinte:

“Amo este terno elegante, mas estou pensando em donuts nesta manhã.”

Neste domingo, dia 6 de outubro, completam exatos cinco anos que David Lynch e Mark Frost anunciaram a terceira temporada de sua série, algo que era considerado impossível e inconcebível e se revelou a grande obra de arte do século 21 até agora. Será que veremos a quarta temporada em 2020? Um filme? Uma versão em realidade virtual? Ou em ASMR? Ou é só um truque pra vender mais uma edição deluxe do Blu-ray?

happening

ESTÁ ACONTECENDO DE NOVO!? SERÁ POSSÍVEL?