A ilustradora Helen Green comemorou o aniversário de David Bowie este ano produzindo este gif fantástico.
E ela também publicou os desenhos originais de cada fase representada na animação.
Só pra dar um tempo de retrospectiva.
Fall – “Victoria”
National – “Fake Empire”
Guilherme Arantes – “O Melhor Vai Começar”
Glue Trip – “Elbow Pain”
Solange – “Losing You”
David Bowie – “Let’s Dance”
Pharrell – “Happy”
Lauryn Hill – “Doo Wop (That Thing)”
Fagner – “Cartaz”
A-ha – “Scoundrel Days”
Queen – “Play the Game”
M.I.A. – “Bad Girls”
Jaden Smith – “Pumped Up Kicks (Like Me)”
Black Alien – “From Hell do Céu”
Curumin – “Selvage”
Richard L – “F for You Moleque”
Vamos lá?
Johnny Jewel – “Birds of Prey”
Dusty Springfield – “Windmills of Your Mind”
Sia – “Soon We’ll Be Found”
Lana Del Rey – “Brooklyn Baby”
Tops – “Change of Heart”
Unknown Mortal Orchestra – “So Good At Being in Trouble”
Leo Cavalcanti – “Inversão do Mal”
David Bowie – “‘Tis A Pity She Was A Whore”
Sonic Youth – “Superstar”
Supercordas – “Mumbai”
Can – “Fall of Another Year”
Lucas Santtana – “Jogos Madrigais”
Lykke Li – “I Follow Rivers (The Magician Remix)”
Gang of Four + Alison Mosshart – “Broken Talk”
Eis o vídeo para o épico free jazz que David Bowie lançou há pouco mais de um mês como parte de sua próxima coletânea, Nothing Has Changed, que será lançada na semana que vem. Noir e tenso como a canção gravada com a Maria Schneider Orchestra, o clipe confronta becos e vielas londrinos e nova-iorquinos e alterna este cenário com projeções da gravação da música, numa versão mais enxuta da faixa original, que tinha quase oito minutos.
“Se os vorticistas tocassem rock, soaria assim” – assim David Bowie nos apresentou “’Tis A Pity She Was A Whore”, segunda inédita que revela em 2014 – e, como “Sue (Or in a Season of Crime)” antes dela, também fará parte da compilação Nothing Has Changed que será lançada ainda este ano.
Clima bizarro, trilha sonora tranquila.
Ariel Pink – “Everybody”
David Bowie – “Sue (or in a Season of Crime)”
Melody’s Echo Chamber – “Shirim”
Thiago Pethit – “Romeo (Adriano Cintra Remix)”
André Paste + Holger – “Cosmos”
Röyksopp + Ryan James – “Sordid Affair (Maceo Plex Remix)”
Aluna George – “Supernatural”
MØ – “Walk This Way (Slowolf Remix)”
Taylor Swift – “Shake It Off”
Flight Facilities + Emma Louise – “Two Bodies (HNNY Remix)”
Mahmundi – “Sentimento”
Tiê + David Byrne – “All Around You”
Tielman Brothers – “18th Century Rock”
Banda do Mar – “Pode Ser”
David Bowie manda notícias que está vivo e à toda ao nos revelar uma faixa inédita em mais uma de suas coletâneas (chamada Nothing Has Changed). Lá vem um épico que funde free jazz e canção tradicional em sete minutos de uma a bateria que caminha para o lado, observada à distância por uma nuvem de metais atonais enquanto Bowie, crooner sofisticado e rebelde como seu ídolo Scott Walker, percorre fiel à melodia de uma canção escrita e gravada em parceria com a Maria Schneider Orchestra, durante o verão nova-iorquino passado. “Sue (Or in a Season of Crime)” não é uma faixa memorável mas está longe da mesmice, mostrando que Bowie segue o mesmo Bowie – sempre tentando fazer algo diferente.
Hoje também estreei a coluna Refletor (a citação desta vez é do disco mais recente do Arcade Fire) no site Brainstorm9. Esta é semanal e nela vou falar de música e tecnologia. E começo juntando Daft Punk com Aphex Twin, Boards of Canada com My Bloody Valentine, David Bowie com Beyoncé e o desafio de chamar atenção na internet.
O próximo dia
Entre lembranças de acesso aleatório e a colheita do amanhã
Antes era fácil: lançar disco e fazer show, esperar que toque no rádio ou que alguém goste e conte pros amigos, que irão comprar o disco e ir ao show. Felizmente isso é passado. A facilidade de antes tinha um preço: havia menos gente no jogo da música. No novo século há cada vez mais gente produzindo música por inúmeras razões diferentes. Haja rádio e casas de show pra tocar todos os artistas que existem no mundo hoje – as que existem não dão conta.
Por isso a internet tornou-se não apenas a grande plataforma de lançamento de novos artistas – superando o rádio, a TV, os jornais, as lojas e as gravadoras – mas também seu grande palco. É na rede que surgem e se apresentam os grandes e pequenos novos gênios ou picaretas do mercado da música no século 21.
As rádios ainda tocam novatos que são ouvidos diariamente por milhares de pessoas do mesmo jeito que as lojas de disco ainda vendem novos nomes que importam para alguns milhões de pessoas pelo planeta. Mas os números de hoje não são nada se comparados com os do passado, quando milhões de pessoas conheciam as poucas centenas de artistas verdadeiramente populares no mundo, escolhidos por algumas dezenas de executivos que, em muitos casos, nem se importavam com música.
Hoje vivemos num outro mundo. A facilidade de se expressar artisticamente – não apenas musicalmente – vem acelerando na mesma velocidade em que a facilidade de distribuir sua produção artística, seja ela filme, tweet, livro, aplicativo, festa, perfil em mídia social, seriado, peça publicitária, graphic novel, evento, game, clipe, álbum, tirinha, monólogo, site, canção, crônica, reality show, comentário, festival ou a fusão de cada um destes itens uns com os outros. O consumidor/produtor do início da década passada, motor da infância e adolescência da web 2.0, banalizou tanto o conceito de celebridade quanto o de artista.
Assim todos somos artistas o tempo todo, sempre mais conscientes deste papel e das necessidades de atingir um novo público. E este – que nos inclui – cada vez mais disperso, exposto a mais música – nova e velha, ambas vindo às torrentes – e engolindo tudo que seus ouvidos podem ouvir. Antes era caro conhecer muita música – uma boa discoteca requer um senhor investimento -, hoje basta conexão com a internet e disposição para fuçar ou para levar-se pela transmissão. Não há mais um veio principal a ser perseguido e a tempestade de som nos persegue para onde quer que vamos.
Por isso se antes o processo de voltar a se comunicar com o público exigia apenas mostrar serviço – faixas novas, novas fotos de divulgação, notícias sobre um novo disco – agora é um trabalho que exige dedicação, estratégia e imaginação.
No ano passado, o Daft Punk começou o processo de divulgação de seu disco lançando um teaser de segundos num comercial de TV (um microtrecho que chegou a render remixes!) para depois lançar o refrão do primeiro single no intervalo entre shows de um grande festival, revelando as participações do rapper Pharrel e de um dos pais da disco music comercial, Nile Rodgers, do Chic. A estratégia funcionou – e quando “Get Lucky” começou a ser vendida, puxando o ótimo e retrô “Random Access Memories”, já era uma das músicas mais ouvidas de 2013.
Outro grupo, mais obscuro mas igualmente eminente, optou por uma caça ao tesouro. No Record Store Day do ano passado, a dupla Boards of Canada espalhou pistas de seu novo disco em lojas de discos, no YouTube e em sites de fãs da banda. Ao juntar os pedaços os fãs ouviam um trecho do novo disco, além de descobrirem o título e a data de lançamento de seu “Tomorrow’s Harvest”, que figurou entre os melhores discos do ano passado em diferentes listas.
2013 também viu o lançamento repentino de discos de gente como David Bowie (com “The Next Day”), My Bloody Valentine e Beyoncé (em discos homônimos), que anunciaram seus álbuns mais recentes ao mesmo tempo em que os lançaram – uma tática semelhante à do Radiohead em 2007, com seu “In Rainbows”. Mas naquela época o grupo inglês era a exceção – e por sua natureza experimental seria natural experimentar também na estratégia de lançamento. Bowie, MBV e a senhora Carter fizeram semelhante caminho e tiraram seus coelhos das cartolas antes que alguém pudesse cogitar que discos novos estavam sendo produzidos.
Quem puxa esse carro em 2014 é o produtor inglês Richard D. James, o enigmático Aphex Twin, que desde 2001 não lança material novo e, de uma hora pra outra, apareceu com novo disco na área. Primeiro soltou um zepelim de brinquedo nos céus londrinos com seu logotipo num sábado, depois o mesmo logo apareceu pixado nas calçadas de Nova York num domingo. Na segunda twittou um endereço que só podia ser acessado usando o navegador Tor, que permite conectar-se à chamada “deep web”, recanto digital da rede por onde armas, pornografia e drogas correm soltas. O endereço anunciava o título do novo trabalho – “Syro” – e a data de lançamento, confirmada pela gravadora Warp como sendo em outubro.
E isso por que estamos falando de nomes como Daft Punk, Beyoncé, Aphex Twin, My Bloody Valentine, Boards of Canada e David Bowie. Nomes que, mais ou menos conhecidos, são gigantes para seus séquitos de fãs. Gente que não teria dificuldade para emplacar a notícia sobre um disco novo. Mas se até os grandes se sentem desafiados e instigados a repensar seus lançamentos à era digital, que dizer dos pequenos que não correm nenhum risco e não têm nada a perder?
O século digital ainda está engatinhando, apesar de já acharmos que já o conhecemos faz tempo.
[* O nome desta coluna é uma referência ao álbum Reflektor, do grupo canadense Arcade Fire, um disco que, apesar de não parecer à primeira vista, fala justamente sobre a época digital em que vivemos. Música e tecnologia são os assuntos aqui.]
Os 50 anos de carreira de David Bowie foram tema de uma homenagem beneficente promovida pela instituição de caridade londrina Terrence Higgins Trust no 12 Bar, em Londres, no sábado passado. E entre itens do artista que foram leiloados e bandas covers, o próprio Bowie mandou um pronunciamento, reproduzido abaixo:
“Esta cidade é ainda melhor do que a que você estava no último ano, por isso lembre-se de dançar, dançar, dançar. E então sente-se por um minuto, teça algo, levante-se em seguida e saia correndo ao redor. Faça. Amor pra vocês. Mais música em breve. David.”
O NME confirmou que o pronunciamento é do próprio Bowie. Mais música em breve!