O rapper brasileiro mais importante desde os Racionais MCs está de volta com o tão aguardado disco póstumo que leva apenas seu nome. O segundo disco de Sabotage tem produção dos três que pavimentaram seu caminho para o sucesso, Rica Amabis, Tejo Damasceno e Ganjaman, que convocaram contemporâneos do maestro do Canão para criar bases novas para vocais gravados pouco antes da trágica morte de Sabotage no início do século. O disco, cuja capa é esta aí em cima, tem participações de DJ Cia, Tropkillaz, DJ Nuts, Mr. Bomba, Duani, entre outros, e vai ser lançado na próxima segunda, através do Spotify. Já escutei umas faixas e… meu irmão…
Falei sobre duas iniciativas que nasceram a partir da crise política brasileira estão ajudando a cena musical se organizar lá no meu blog no UOL.
Criolo e Ivete, Naldo e Mano Brown, Seu Jorge e Capital Inicial – parcerias improváveis de 2015 são provas de maturidade musical, uma das principais características do mercado brasileiro da música no ano que está chegando ao fim, como escrevi nessa matéria pro UOL.
Tulipa deu uma apimentada em dois momentos específicos de sua discografia ao chamar os institutos Daniel Ganjaman e Rica Amabis para fazer dois remixes, que também sendo estão lançados num compacto em vinil. Ela descolou os MP3 pra cá. Ganjaman deixou seu lado Isaac Hayes falar mais alto na épica “Víbora”, um dos ápices de Tudo Tanto, salientando também o tenso backing vocal que Criolo faz ao final na canção:
Já Rica Amabis deu uma chapada no tempo de “Aqui”, do disco de estréia da Tulipa, Efêmera, e atravessou-o com a ajuda do vocal de BNegão, ao mesmo tempo em que trouxe guitarras e teclados pro mesmo primeiro plano.
Os dois ficaram massa.
O setembro do Prata da Casa começa com o primeiro lançamento do selo de Emicida, chamado Laboratório Fantasma, que é a banda Mão de Oito – que teve seu disco de estréia produzido pelo Ganjaman. O show começa às 21h e os ingressos – gratuitos – começam a ser distribuídos uma hora antes, no Sesc Pompéia. Abaixo, o texto que escrevi para o projeto.
Como quase todas as bandas, o Mão de Oito começou tocando músicas alheias e escolheu beber na fonte da música brasileira para dançar, caçando a essência de artistas tão diferentes quanto Roberto Carlos, Luiz Melodia e Chico Science. Mas aos poucos foram descobrindo seu próprio som e afinando suas influências em composições próprias que aos poucos os colocam no mesmo cânone dos artistas que eram inspirações iniciais. Os paulistanos foram curando seu próprio somo autoral e, misturando grooves mansos, letras apaixonadas e suingue maneiro, e aos poucos incluíam influências estrangeiras, que vão desde a black music que inspirou seus primeiros ícones até o bom e velho rock clássico, passando por outras referências de balanço, de Fela Kuti a Bob Marley. As coisas ficaram sérias mesmo quando foram escolhidos pelo rapper Emicida para ser o primeiro lançamento de seu próprio selo, o Laboratório Fantasma. Vim, o primeiro EP, já está disponível para download através da página da banda no Facebook e foi teve a produção regida pelo maestro Daniel Ganjaman, do Instituto, um dos nomes mais respeitados da nova música brasileira.
Realizado no Sesc Santo André sempre no início de dezembro, o Batuque é o novo nome festival que até há dois anos se chamava de Indie Hip Hop e que havia varado os anos 00 trazendo alguns dos principais nomes do rap underground dos EUA para São Paulo, além de consagrar toda a geração do hip hop brasileiro pós-Racionais. Em sua nova versão, o festival inclui elementos afro em seus ingredientes e ano passado trouxe um dos filhos de Fela Kuti, o Femi, que já havia tocado em São Paulo num Free Jazz, e que se apresentou na mesma noite que viu shows do Kiko Dinucci, da Anelis Assumpção, do Maquinado, do Takara e do Elo da Corrente. E pra edição desse ano, o produtor Daniel Ganjaman já antecipou, via Twitter, que o festival recebe, além de duas das principais revelações nacionais do ano (o próprio Criolo que Ganja produziu e o grupo Bixiga 70), dois dos principais nomes da história do rap: o MC Q-Tip, que fez fama no A Tribe Called Quest, e o DJ Prince Paul, produtor do De La Soul.
Nada mal…
Kibei esse post do Ronaldo inteiro: não é pra menos, afinal, é um set de uma horinha com os indivíduos acima tocando reggaeira pesada, na moleira. Vale muito.
Duas semaninhas sem Vida Fodona… Deu pra sentir falta, né? Então vamos começar tudo como se fosse a primeira vez…
Jorge Ben Jor + Mano Brown – “Umbabarauma”
Notorious XX – “Islands is the Limit”
Wale – “Freaks (Bird Peterson Remix)”
Mia – “Haters”
Roffle Meow – “The Fame Nasty”
Rolling Stones – “Sympathy for the Devil (Neptunes Remix)”
Tulipa Ruiz – “Efêmera”
Starfucker – “German Love”
Jack Johnson – “To The Sea”
Kid Cudi – “All Talk”
Mark Ronson + MNDR + Q-Tip – “Bang Bang Bang”
Yolanda Be Cool + B Dcup – “We No Speak Americano”
Legião Urbana – “Soul Parsifal”
Bem foda o primeiro show da série Toca Aí, que o Sesc está fazendo durante janeiro, que rolou ontem na choperia do Sesc Pompéia. Ganjaman, o maestro do Instituto e, para quem não sabe, completamente fissurado em Pink Floyd, rearrumou a banda para um show para iniciados na banda, e a formação, mais do que eficaz, era reverente: além de Ganja assumir vocais, teclados e piano de cauda, o Instituto Floyd ainda tinha Régis e Catatau do Cidadão Instigado nas guitarras, Marcos Gerez do Hurtmold no baixo e Samuel Fraga na bateria. Juntos, encarnaram o grupo inventado por Syd Barrett por pouco mais de meia hora num show inacreditável.
Em vez de “Time”, “Comfortably Numb” ou “Another Brick in the Wall”, fomos presenteados com versões fiéis para músicas pouco conhecidas para quem só conhece Pink Floyd de orelhada. É o território de discos como Atom Heart Mother e Meddle, de uma banda inglesa tentando levar a influência do blues para outras dimensões. Para se ter uma idéia do tipo de leitura feita, basta dizer que a banda se aventurou por “Echoes” e “Atom Heart Mother”, músicas que, nas versões originais, são épicos que ocupam um lado inteiro do disco em vinil.
No palco, os dois guitarristas do Cidadão Instigado pagavam tributo a um de seus principais ídolos, David Gilmour. Catatau, de timbre mais personalista, até arriscava o tipo de solo e timbres usados no Cidadão Instigado, enquanto Regis Damasceno se revelava discípulo e devoto de forma quase literal do velho guitarrista do Pink Floyd. Gerez também encarnava um bom Roger Waters – um baixista que, sem suíngue, descobriu um groove quadrado que tinha tanto a ver com a psicodelia inicial do grupo com o som cabeçudo que assumiram logo a seguir. E não duvide se Samuel Fraga tenha decidido virar baterista por influência de Nick Mason. Mas o principal nome da noite era Ganjaman, cada vez mais à vontade nos vocais, e debulhando solos em teclados elétricos ou no piano acústico. Regeu um grupo coeso e afiado, que parecia tocar aquelas músicas há alguns bons anos juntos, e ainda chamou um naipe de metais – com o trompetista Guizado entre os músicos – para duas faixas: “Atom Heart Mother” e uma versão emocionante de “Summer ’68”.
A política de não tocar hits do grupo foi vencida ao final, quando, após sair do palco, a banda foi obrigada a voltar ao palco – o show não durou mais do que uma hora. E entre repetir mais uma música e ceder aos hits, foram de “Wish You Were Here”, desta vez liderada por Régis. Repetiram mais uma vez “Have a Cigar” e encerraram um show que, de repente, acontece em outras oportunidades. Encontrei Ganja na saída e ele comentou justamente isso, que ao final do show, os músicos perguntavam-se quando era a próxima. Levando em conta que estamos em janeiro e a São Paulo sempre esvazia nesta época – e que o show de quinta estava lotado -, não é difícil pensar que, a banda repete o show. Tomara.