Daniel Furlan não vale nada

, por Alexandre Matias

Você conhece o capixaba Daniel Furlan dos filmes que faz na internet – e que aos poucos foram ganhando a TV e outras mídias – há mais de uma década: um dos fundadores da TV Quase, ele é um dos responsáveis por sucessos como O Último Programa do Mundo, Choque de Cultura, Amada Foca, Falha de Cobertura, O Irmão do Jorel e Baixo Astral que tanto impregnam nosso imaginário coletivo brasileiro recente. O ator e escritor, que interpreta personagens como o motorista de van Renan de Almeida, o comentarista Craque Daniel ou o padre Eliseu, aproveita o início de 2023 para lançar uma nova frente de atuação, desta vez musical: o projeto Tropical Nada, que lança seu primeiro clipe em primeira mão no Trabalho Sujo. Assista abaixo:

“Não Vale Nada”, com seu clipe de karaokê distópico, é o primeiro single do projeto que Furlan concebeu ao lado dos amigos Zé Ruivo (tecladista que também faz a trilha do Irmão do Jorel) e o baterista Bento Abreu. E Tropical Nada não é propriamente como se ele tivesse mudando de carreira, como fica claro a partir do títulos das canções, como “Quem é Meu Pai”, “Você é um Piano Caindo do Topo de um Prédio em Cima de Mim”, “Ontem Eu Tive Um Pesadelo com Você” e “Esqueci O Nome”. “Eu não diferencio tanto, pra mim vem tudo do mesmo lugar”, me explica num áudio de Whatsapp. “Obviamente mudam os parceiras, mas não é como se eu fizesse esquetes de comédia e de noite fosse engenheiro, sei lá, projetando uma ponte. Pra mim, tudo faz parte das ideias que povoam a minha cabeça. Tem ideia que cabe tanto num projeto quanto no outro. Acho que as pessoas acabam categorizando, como se o fato de eu ser comediante significasse que eu tivesse que fazer comédia até morrer.” Nem é a primeira incursão de Furlan na música, que tinha outra banda, chamada Ócio, até o fim da década passada.

Tropical Nada faz rir mas felizmente não é um disco engraçadinho. A maioria das canções de Furlan é conduzida por riffs que entrelaçam sua guitarra ao teclado de Zé Ruivo e vão tanto do blues elétrico pra dançar a rocks setentistas com flertes com a black music com letras preferem constranger ao tocar em temas que todos convivemos mas que são pouco abordados (“A Gente Não Era Assim” e “Sexo Ruim” talvez sejam os melhores exemplos disso) que apenas contar piadas, levando o existencialismo filosófico para o território da vergonha alheia. O disco será lançado nesta quinta-feira e o primeiro show acontece nessa sexta-feira, no Studio SP (ingressos aqui), que também terá a participação do vocalista do grupo Dead Fish, Rodrigo Lima.

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