Tocando Daft Punk no seu computador

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O irresistível mosaico musical criado pelo Daft Punk no hit de 2001 “Harder, Better, Faster, Stronger” é quase um tutorial sobre a provocação que a dupla francesa faz da relação entre a pista de dança, computadores e robôs. Tanto que vez por outra alguém faz algum tipo de brinquedo digital que permite tocar a faixa em diferentes tipos de interface. A novidade dessa vez é o #DaftPunKonsole.com, que transforma o teclado do seu computador ou celular num disparador de samples com a música. Parece só uma brincadeira boba, mas depois que você pega o jeito e tenta sincronizar os vocais sobre a base instrumental o nível de complexidade é dos melhores videogames de passatempo. Só toma cuidado que vicia. Clica aqui pra ver.

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As 75 Melhores Músicas de 2014 67) Say Lou Lou – “Instant Crush”

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Daft Punk em… Lego?

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O sucesso (merecido) do filme The Lego Movie está mexendo com as estruturas da fábrica dinamarquesa a ponto de ela ter começado a perguntar para seus consumidores o que eles querem ver transformados em Lego – e cogitaram, inclusive, versões em bloco para o Daft Punk, cogitando possibilidades de versões como a do palco do Alive de 2007, a dos vídeos de “Robot Rock” e de “Around the World”, a dos filmes Tron, Electroma e Interstellar 5555. No site da Lego dá pra acompanhar o desenrolar deste processo

Vida Fodona #470: Referências culturais pra designar algumas características de determinadas épocas

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Nunca para.

Mausi – “Losing You” / “Say My Name”
Thiago Pethit – “Save the Last Dance”
Haim – “If I Could Change Your Mind”
Daryl Hall & John Oates – “Kiss on My List”
Hot Chip – “Over and Over”
Lykke Li – “I Follow Rivers”
Lana Del Rey – “West Coast (Munk Remix)”
T-Rex – “Get It On (Bang a Gong)”
Dexy’s Midnight Runners – “Come on Eileen”
Blood Red Shoes – “It’s Getting Boring By The Sea”
Metronomy – “Love Letters (Soulwax Remix)”
Miami Horror – “Holidays”
Dandy Warhols – “Bohemian Like You”
Daft Punk – “Get Lucky (Drop Out Orchestra Edit)”
Years and Years – “Take Shelter”

Boraê…

Daft Punk ao vivo em vinil

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E a dupla francesa de homens-robô irá reunir seus dois discos ao vivo (batizados apenas de Alive 1997 e Alive 2007) em uma caixa quádrupla de luxe em vinil, que já está em pré-venda. Além dos quatro vinis, a caixa ainda conta com um livro de 58 páginas com fotos tiradas durante as duas turnês.

Vida Fodona #453: Clima meio marciano

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Aumenta o som pra mesma altura do calor!

Deerhunter – “Game Of Diamonds”
Sexy Fi – “Pala Noturna”
Little Joy – “Brand New Start”
Say Lou Lou – “Instant Crush”
Milk & Bone – “Coconut Water”
Max Frost – “White Lies”
Mary J. Blige – “Right Now”
Disclosure + Eliza Doolittle – “You & Me (Flume Remix)”
Chet Faker + GoldLink – “On You”
Steely Dan – “Rikki Don’t Lose That Number”
Mutantes – “Mande Um Abraço Pra Velha”
King Crimson – “Sailor’s Tale”
M83 – “Lower Your Eyelids To Die With The Sun”
Nuuro – “Diamante”

Venhaqui.

Vida Fodona #446: A essência do Vida Fodona

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Tenho uma história pra contar…

Kim Churchill – “Single Spark”
War On Drugs – “Lost in the Dream”
Bonobo – “Cirrus”
Randy Weston – “Tanjah”
Pedro Sorongo – “Água Viva”
Odetta – “Don’t Think Twice Its Allright”
Patsy Cline – “Strange”
Cure – “Hello Goodbye”
Metronomy – “Month of Sundays”
Saint Pepsi – “Fiona Coyne”
Say Lou Lou – “Instant Crush”
Milk & Bone – “Coconut Water”
Beverly – “All the Things”
Courtney Barnett – “Avant Gardener”
Tiê – “A Noite”
Astronomyy – “Bitch, Don’t Kill My Vibe”
Max Frost – “Sunday Driving”

Olhaê.

Vida Fodona #443: Mais uma mutação

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Demorei mas tô aqui.

Chocolate da Bahia – “Ele Güenta”
Nação Zumbi – “Defeito Perfeito”
War on Drugs – “Under the Pressure”
Spoon – “Outlier”
Pillow Talk – “The Real Thing”
Ratatat – “Crips”
Roxy Music – “Avalon (Lindstrøm & Prins Thomas Version)”
Stee Downes – “Asunder”
Patti Smith – “Everybody Wants To Rule The World”
Isley Brothers – “Love The One You’re With”
Say Lou Lou – “Instant Crush”
Banda do Mar – “Muitos Chocolates”
Silver Jews – “People”

Siga-me.

Say Lou Lou x Daft Punk

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E as irmãs do Say Lou Lou continuam galgando seu caminho rumo ao topo do hype de 2015 – desta vez elas fizeram uma versão na macia pro hit “Instant Crush”, aquele que o Julian Casablancas canta no disco mais recente do Daft Punk. Sente só:

Refletor #001: O Próximo Dia

Hoje também estreei a coluna Refletor (a citação desta vez é do disco mais recente do Arcade Fire) no site Brainstorm9. Esta é semanal e nela vou falar de música e tecnologia. E começo juntando Daft Punk com Aphex Twin, Boards of Canada com My Bloody Valentine, David Bowie com Beyoncé e o desafio de chamar atenção na internet.

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O próximo dia
Entre lembranças de acesso aleatório e a colheita do amanhã

Antes era fácil: lançar disco e fazer show, esperar que toque no rádio ou que alguém goste e conte pros amigos, que irão comprar o disco e ir ao show. Felizmente isso é passado. A facilidade de antes tinha um preço: havia menos gente no jogo da música. No novo século há cada vez mais gente produzindo música por inúmeras razões diferentes. Haja rádio e casas de show pra tocar todos os artistas que existem no mundo hoje – as que existem não dão conta.

Por isso a internet tornou-se não apenas a grande plataforma de lançamento de novos artistas – superando o rádio, a TV, os jornais, as lojas e as gravadoras – mas também seu grande palco. É na rede que surgem e se apresentam os grandes e pequenos novos gênios ou picaretas do mercado da música no século 21.

As rádios ainda tocam novatos que são ouvidos diariamente por milhares de pessoas do mesmo jeito que as lojas de disco ainda vendem novos nomes que importam para alguns milhões de pessoas pelo planeta. Mas os números de hoje não são nada se comparados com os do passado, quando milhões de pessoas conheciam as poucas centenas de artistas verdadeiramente populares no mundo, escolhidos por algumas dezenas de executivos que, em muitos casos, nem se importavam com música.

Hoje vivemos num outro mundo. A facilidade de se expressar artisticamente – não apenas musicalmente – vem acelerando na mesma velocidade em que a facilidade de distribuir sua produção artística, seja ela filme, tweet, livro, aplicativo, festa, perfil em mídia social, seriado, peça publicitária, graphic novel, evento, game, clipe, álbum, tirinha, monólogo, site, canção, crônica, reality show, comentário, festival ou a fusão de cada um destes itens uns com os outros. O consumidor/produtor do início da década passada, motor da infância e adolescência da web 2.0, banalizou tanto o conceito de celebridade quanto o de artista.

Assim todos somos artistas o tempo todo, sempre mais conscientes deste papel e das necessidades de atingir um novo público. E este – que nos inclui – cada vez mais disperso, exposto a mais música – nova e velha, ambas vindo às torrentes – e engolindo tudo que seus ouvidos podem ouvir. Antes era caro conhecer muita música – uma boa discoteca requer um senhor investimento -, hoje basta conexão com a internet e disposição para fuçar ou para levar-se pela transmissão. Não há mais um veio principal a ser perseguido e a tempestade de som nos persegue para onde quer que vamos.

Por isso se antes o processo de voltar a se comunicar com o público exigia apenas mostrar serviço – faixas novas, novas fotos de divulgação, notícias sobre um novo disco – agora é um trabalho que exige dedicação, estratégia e imaginação.

No ano passado, o Daft Punk começou o processo de divulgação de seu disco lançando um teaser de segundos num comercial de TV (um microtrecho que chegou a render remixes!) para depois lançar o refrão do primeiro single no intervalo entre shows de um grande festival, revelando as participações do rapper Pharrel e de um dos pais da disco music comercial, Nile Rodgers, do Chic. A estratégia funcionou – e quando “Get Lucky” começou a ser vendida, puxando o ótimo e retrô “Random Access Memories”, já era uma das músicas mais ouvidas de 2013.

Outro grupo, mais obscuro mas igualmente eminente, optou por uma caça ao tesouro. No Record Store Day do ano passado, a dupla Boards of Canada espalhou pistas de seu novo disco em lojas de discos, no YouTube e em sites de fãs da banda. Ao juntar os pedaços os fãs ouviam um trecho do novo disco, além de descobrirem o título e a data de lançamento de seu “Tomorrow’s Harvest”, que figurou entre os melhores discos do ano passado em diferentes listas.

2013 também viu o lançamento repentino de discos de gente como David Bowie (com “The Next Day”), My Bloody Valentine e Beyoncé (em discos homônimos), que anunciaram seus álbuns mais recentes ao mesmo tempo em que os lançaram – uma tática semelhante à do Radiohead em 2007, com seu “In Rainbows”. Mas naquela época o grupo inglês era a exceção – e por sua natureza experimental seria natural experimentar também na estratégia de lançamento. Bowie, MBV e a senhora Carter fizeram semelhante caminho e tiraram seus coelhos das cartolas antes que alguém pudesse cogitar que discos novos estavam sendo produzidos.

Quem puxa esse carro em 2014 é o produtor inglês Richard D. James, o enigmático Aphex Twin, que desde 2001 não lança material novo e, de uma hora pra outra, apareceu com novo disco na área. Primeiro soltou um zepelim de brinquedo nos céus londrinos com seu logotipo num sábado, depois o mesmo logo apareceu pixado nas calçadas de Nova York num domingo. Na segunda twittou um endereço que só podia ser acessado usando o navegador Tor, que permite conectar-se à chamada “deep web”, recanto digital da rede por onde armas, pornografia e drogas correm soltas. O endereço anunciava o título do novo trabalho – “Syro” – e a data de lançamento, confirmada pela gravadora Warp como sendo em outubro.

E isso por que estamos falando de nomes como Daft Punk, Beyoncé, Aphex Twin, My Bloody Valentine, Boards of Canada e David Bowie. Nomes que, mais ou menos conhecidos, são gigantes para seus séquitos de fãs. Gente que não teria dificuldade para emplacar a notícia sobre um disco novo. Mas se até os grandes se sentem desafiados e instigados a repensar seus lançamentos à era digital, que dizer dos pequenos que não correm nenhum risco e não têm nada a perder?

O século digital ainda está engatinhando, apesar de já acharmos que já o conhecemos faz tempo.

[* O nome desta coluna é uma referência ao álbum Reflektor, do grupo canadense Arcade Fire, um disco que, apesar de não parecer à primeira vista, fala justamente sobre a época digital em que vivemos. Música e tecnologia são os assuntos aqui.]