E no mesmo fim de semana do C6 e da Virada Cultural, Letrux lançou seu novo show no Sesc Guarilhos. Em 20 Anos Alternativa ela visita artistas contemporâneos em versões bem particulares. Nesse vídeo que ela publicou em seu Insta (com imagens do @sillas.h), ela mostra algumas músicas deste repertório mágico, como “Deixe-se Acreditar” (do Mombojó), “Tempo de Pipa” (do Cícero), “Bubuia” (da Céu), “Homem Velho” (do Cidadão Instigado), “Moon” (do Thiago Pethit), “Telepata” (do +2), “Toda Bêbada Canta” (da Silvia Machete), “Alala” (do Cansei de Ser Sexy), “Cavalo” (do No Porn), além de outras da Karina Buhr, da Ava Rocha, do Metá Metá, da Anelis Assumpção, do Bruno Capinam, do Curumin, do Cérebro Eletrônico, entre outros. Ela segue com o show em turnê neste fim de semana, quando passa por nessa sexta por Curitiba (no Stage Garden), no sábado em Porto Alegre (no Opinião) com mais datas em São Paulo no Sesc Pompeia (dias 20 e 21 de junho) e no Rio no Circo Voador (dia 4 de julho).
Arnaldo Antunes apresentou seu Novo Mundo em São Paulo neste fim de semana, quando esteve na choperia do Sesc Pompeia acompanhado de quase a mesma bandaça que o ajudou a erigir seu novo disco – além de Kiko Dinucci na guitarra, Vitor Araújo nos teclados e synths e Betão Aguiar no baixo, o novo grupo tinha Curumin na bateria (em vez do produtor do álbum, Pupillo) e Chico Salem ao violão e guitarras. Mas talvez por ter visto o primeiro dos três shows do fim de semana, na sexta-feira, tenha pego um momento em que eles ainda estavam tateando o novo show, o que fez a noite aquecer do meio pro fim. Com o foco no repertório do novo álbum (mas sem participações especiais – podiam ter chamado Ana Frango Elétrico ou Vandall para participar de uma das músicas), Arnaldo também passeou por outros momentos de sua carreira, visitando tanto Titãs (“O Pulso” e “Comida”, que apareceu no bis) quanto Tribalistas (quando engatou “Já Sei Namorar” logo no começo e “Passe em Casa” antes de terminar a primeira parte) quanto hits de sua carreira solo, mas o show engrenou bonito quando pinçou uma nova (“Tire Seu Passado da Frente”) e emendou com uma versão para o reggaeinho “Cultura”, que, ao deixar na mão dessa banda, virou uma dubzeira cabulosa e o primeiro grande momento desse grupo cinco estrelas soando como uma unidade em si, em vez de mera cama sonora para as canções de Arnaldo. Autor e banda ainda estão se reconhecendo no palco e é inevitável que aos poucos todos soarão como uma só força, mesmo com os holofotes voltados para o poeta.
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Não passou o carnaval ainda então dá tempo de remoer o ano que terminou tem quase um mês e meio, por isso segue abaixo a minha votação na lista mais tradicional de melhores do ano da internet brasileira, promovida pelo heróico Scream & Yell do compadre Marcelo Costa.
Nesta segunda-feira, a Associação Paulista de Críticos de Arte reúne-se mais uma vez para escolher os grandes nomes do ano que passou e esta relação abaixo lista os 50 discos mais importantes de 2024 de acordo com o júri de música popular da Associação, da qual faço parte ao lado de Adriana de Barros (Mistura Cultural), Bruno Capelas (Programa de Indie), Camilo Rocha (Bate Estaca), Cleber Facchi (Música Instantânea), Felipe Machado (Times Brasil), Guilherme Werneck (Canal Meio), José Norberto Flesch (Canal do Flesch), Marcelo Costa (Scream & Yell), Pedro Antunes (Tem um Gato na Minha Vitrola) e Pérola Mathias (Poro Aberto).
Adorável Clichê – Sonhos Que Nunca Morrem
Alaíde Costa – E o Tempo Agora Quer Voar
Amaro Freitas – Y’Y
Bebé – Salve-se!
Black Pantera – Perpétuo
Bonifrate – Dragão Volante
Boogarins – Bacuri
Cátia de França – No Rastro de Catarina
Caxtrinho – Queda Livre
Céu – Novela
Chico Bernardes – Outros Fios
Chico César e Zeca Baleiro – Ao Arrepio da Lei
Crizin da Z.O. – Acelero
Curumin – Pedra de Selva
Duda Beat – Tara e Tal
Exclusive Os Cabides – Coisas Estranhas
Febem – Abaixo do Radar
Fresno – Eu Nunca Fui Embora
Giovani Cidreira – Carnaval Eu Chego Lá
Gueersh – Interferências na Fazendinha
Hermeto Pascoal – Pra você, Ilza
Ilessi – Atlântico Negro
Josyara – Mandinga Multiplicação – Josyara Canta Timbalada
Junio Barreto – O Sol e o Sal do Suor
Kamau – Documentário
Lauiz – Perigo Imediato
Luiza Brina – Prece
Maria Beraldo – Colinho
Milton Nascimento & Esperanza Spalding – Milton + Esperanza
Ná Ozzetti e Luiz Tatit – De Lua
Nando Reis – Uma Estrela Misteriosa
Negro Leo – RELA
Nina Maia – Inteira
Nomade Orquestra – Terceiro Mundo
Oruã – Passe
Papangu – Lampião Rei
Paula Cavalciuk – Pangeia
Pluma – Não Leve a Mal
Pullovers – Vida Vale a Pena?
Samuel Rosa – Rosa
Selton – Gringo Vol. 1
Sergio Krakowski Trio e Jards Macalé – Mascarada: Zé Kéti
Silvia Machete – Invisible Woman
Sofia Freire – Ponta da Língua
Tássia Reis – Topo da Minha Cabeça
Taxidermia – Vera Cruz Island
Teto Preto – Fala
Thalin, Cravinhos, Pirlo, iloveyoulangelo & VCR Slim – Maria Esmeralda
Thiago França – Canhoto de Pé
Zé Manoel – Coral
Apesar de conhecido e reconhecido como um dos grandes nomes da cena musical brasileira deste século, Curumin ainda é um talento a ser descoberto. Por mais que tenha hits tatuados no inconsciente coletivo da noite paulistana, ele ainda não é reverenciado como o gênio que é – e por caprichos próprios, que prefere cultivar amizades e a conexão com o público do que fazer o jogo do mercado da música ou dançar conforme o algoritmo das plataformas. Seu Pedra de Selva, um dos grandes discos de 2024 e talvez seu melhor disco, foi lançado quase na surdina há pouco mais de um mês e, mesmo sendo seu primeiro trabalho lançado em sete anos, é mais um exemplo da forma como conduz sua carreira. Como fez em outros álbuns antes, prefere construir uma coleção de canções que conversa entre si do que a ceder para eventuais apelos pop. E os dois shows que fez neste fim de semana no Sesc Pompeia foram ótimas amostras de sua grandeza. Num palco psicodélico-vegetal (cenário maravilhoso de Rodrigo Bueno, iluminado lindamente por Cris Souto), criou uma versão tropical do assalto dos sentidos do Funkadelic com uma banda transnacional da pesada, que reunia os pernambucanos Jessica Caitano e Maurício Badé, a baiana Aline Falcã, a mineira Josy.Anne (dona da irresistível “Mexerica Mineira”), o paraense Saulo Duarte e os paulistas Fred Prince, Funk Buia, Iara Rennó, Arlete Salles e Lelena Anhaia. Pilotando essa usina sonora com sua bateria em primeiro plano, o músico, cantor e compositor hipnotizou o público com pedradas hipnóticas (“Pira”, “Pisa”, “Água Fria em Pedra Quente”, “Meu Benni” e a deliciosa “Estado de Choque”) e levadas macias (“Paixão Faixa Preta”, “Jacarandá”, “Flecha do Dedo”, “Cigana Cigarra”, “Tempo de Sal” e a já citada “Mexerica..”) num show composto quase unicamente pelo disco novo, reforçando a magia deste encontro recente. Abriu exceção para três de suas pérolas imortais: “Selvage”, “Mistério Stereo” (que puxou no bis sozinho à guitarra, sendo acompanhado pelo tamborim de Prince) e “Samba Japa”, esta última fundida com “Não Adianta” do Trio Mocotó (em reverência ao recém-falecido Fritz Escovão), estas últimas cantadas em uníssono pelo público extasiado pela força da natureza que é este band leader. Eu acho é pouco! Vem mais!