A Lia Tripp traduziu o texto da JD Samson (atenção, ela é uma garota) que eu linkei aqui no começo da semana:
Tenho tanta sorte de ser capaz de criar arte e música e preencher minhas paixões através do meu trabalho por 11 anos. Mas, sou suficientemente estúpida de ter “colocado todos os ovos em um cesto só”. Agora, música e a única coisa que posso fazer para ganhar dinheiro. Tenho 33 anos e não sei fazer café. Não sei usar Excel, ser garçonete, servir em restaurantes, e eu estou oficialmente velha demais para entrar para a polícia. Perdi minha confiança para voltar à escola e fico estressada sobre os débitos que me impedem de pensar sobre educação por apenas um segundo.
Trabalho em várias áreas da indústria da música, como: bandas, discotecar, remixar e até escrever musica para outros artistas. Sou uma workaholic e tenho minhas mãas em diferentes espaços. Mas, todos esses trabalhos não têm renda fixa. Não tenho salário; não sei quanto eu vou ganhar no mês que vem, no próximo ano ou em 5 anos. Eu não tenho plano de saúde. E vivo estressada em não saber, não planejar e não entender se eu vou ou não conseguir alcançar o que eu planejei pra minha vida com uma família me sentindo segura financeiramente. Quando eu digo “segura” eu quero dizer “segura!”. Tou falando do básico. Falo de plano de saúde que e bom para eu cuidar de mim, não somente se eu precisar de um serviço que custe 10 mil dólares ou um procedimento para o resto da vida. Tou falando em ir ao dentista. Eu quero dizer, dinheiro para fundos de aposentadoria que eu possa cuidar de mim quando eu tiver com 80 anos. Claramente, há uma diferença entre sobreviver e luxo.
Como vários adolescentes, eu acreditei no Sonho Americano, em que eu poderia mudar para Nova York, vindo do centro-leste e virar uma artista. Poderia obter fama e sucesso, e não precisaria me preocupar com dinheiro. A primeira metade era verdade. Fiz arte e vivi ativamente, desenvolvi dezenas de incríveis sucessos que eu me sinto inacreditavelmente orgulhosa. A segunda metade, nem tanto. Tenho sido capaz de viver bem, comer bem, investir nas minhas artes e fazer meu próprio horário, mas eu esqueci de guardar dinheiro e pensar sobre o meu futuro.
Esse verão, eu tentei alugar um apartamento em Williamsburg, no Brooklyn. O processo me fez entrar em crise emocional e me acordou para toda uma nova concepção de nossa economia, da larga indústria musical, e mais especificamente, o que significa ser uma artista gay.
Passei dias procurando por Williamsburg, olhando por precários apartamentos com baratas enfileiradas pelas portas dos corredores, bairros com brigas, ratos nos tetos, carunchos nos andares acima e carpetes mijados por gatos. O aluguel era exorbitante, eram poucas unidades para aluguel e não fui aprovada por dois diferentes sindicos por ser free-lance. Para ser honesta, não os culpo. Não somente sou free-lance, mas eu sou uma lésbica free-lance. Dupla falta de sorte. Qual a razão de eles não me aceitarem? Por que é mais fácil alugar pra um cara rico, com fundo de garantia, um bancário hetero que quer morar no bairro mais cool do mundo? Por que quando ele vê a lésbica tatuada que faz queer electronic punk music e pode não ter certeza sobre a vinda do próximo aluguel? Sim, eu não o culpo. Ele quer que se foda se adolescentes me mandam email todo tempo agradecendo por tê-los prevenido do suicídio. Não é parte da pratica capitalista de seus negócios.
Estou cercada com pessoas incríveis e talentosas, pessoas que fazem todo o sentido em cada uma dessas palavras. Eles compraram apartamentos, investem em seus futuros com sucesso, tem filhos, guardam dinheiro. Como eles fazem isso? Como eu posso fazer o mesmo?
Então, me questiono: onde foi que deu errado? E eu só posso deduzir que a resposta e incoerente quando combinada com 3 fatores: 1) Minha família não é rica 2) Eu sou gay 3) Estou tentando tão desesperadamente acompanhar os meus paresao viver além dos meus meios.
E como eu sou uma pessoa produtiva, workaholic, processando lesbianismo, sou a única responsável por qualquer mudança sobre o meu futuro. Então, considero:
1) Minha familia nunca vai ser rica; Na verdade, quanto mais eles envelhecem, mais eles gastam o que têm, e talvez deixem para mim apenas suas dívidas. Mas não me interprete mal, sou muito sortuda de ter uma família incrivelmente saudável e que apóia todos seus integrantes. Nunca esqueço como sou abençoada de ter um grupo incrível de pessoas em minha vida. Na verdade, nosso conhecimento mutuo sobre como pode ser frustrante tentar viver de sua própria arte é algo que todos nós reconhecemos em nossa família. E nossas próprias lutas de classe pessoais não são insulares, mas apenas assunto de família. Agora entendo por que eles me apoiaram mesmo que sugerissem que eu tivesse outros interesses, aprendesse novas coisas. Meu pai, um escutor de madeira, transformou-se em mineiro de areia e cascalho. Minha mãe, que trabalhava com prata, se transformou em professora de arte do ensino fundamental.
2) Sempre vou ser lésbica, então sou a mulher que ganha os 77 centavos do 1 dólar que um homem ganha e o gay que ganha 23 centavos a menos que um heterosexual. Isso significa que eu ganho 54 centavos do heterodólarmacho? Uau!
3) Ok, e agora a parte triste: tento manter, como os artistas que têm uma quantidade de sucesso com a minha, pagando caro por comida, por roupa, por bebida e tentando ao máximo, dando duro para parecer que ganho o mesmo tanto de dinheiro que eles. Eu nao sou eles, e pelos motivos que disse acima, não posso mais fingir. Isso sou eu me assumindo, cansada e parando de me sentir mal por mim mesma. Eu queria poder pagar para um encontro com Suze Orman, que é lesbica e talvez me ajudasse a restabelecer minha segurança financeira.
Tenho muita sorte de ter ganho muito da vida com minha incrível carreira, mas não estou pronta para me sentir segura. Estou pronta para construir meu futuro e economizar, para só assim poder ter uma família, que eu possa curtir ganhando dinheiro com arte e não tentando criar um produto disso, e só assim poder gastar mais tempo estando presente e menos sendo uma workaholic, freneticamente procurando por respostas lucrativas. E se eu precisar, eu estou pronta para arrumar um emprego, trabalhar de manhã, receber salário uma vez por semana, ir ao dentista, fazer check-up, sonhando que meu chefe é bom mesmo que ele não seja e apreciando musica sem estar preocupada em estar atualizada.
Vivemos em uma sociedade em que pessoas associam sucesso a dinheiro. Me vêem nas paginas da Vogue. Me vêem tocando para uma multidões de fãs. Me vêem voando para shows pelo o mundo. E não estou certa do que as pessoas pensam, mas estou dando duro também. Nas últimas semanas, vi quantos artistas e músicos estão na mesma situação que eu, pessoas que sao orgulhosas de seus sucessos, mas se sentem incapazes de continuar, baseados numa tensão financeira. Artistas como Spank Rock, Das Racist, The Drums têm feito letras em seus novos discos sobre lutar financeiramente. Minha banda Men lançou um disco em fevereiro com letras que também falam disso. Sei que a economia está fracassando, mas acho que é importante lembrar que esta fracassando para todo mundo. Até para as pessoas que você pensa que talvez tenham dinheiro. Então vamos lá. Eis outra razão para nos juntarmos, uma outra razão para ocupar a Wall Street, outro motivo para mudar.
Comentarista econômico joga toda a merda no ventilador, no meio de uma entrevista – mas há quem diga que Alessio Rastani é apenas um Yes Men. Se alguém se dispor a transcrever ou traduzir, me manda que eu publico aqui.
Outro trailer que pintou hoje foi o do próximo filme do Michael Moore, que desta vez direciona seu jornalismo cara de pau (ele é mais CQC que o Jon Stewart, hein) e seu humor vergonha alheia rumo a Wall Street e à crise financeira do final do ano passado. Parece bom, como sempre.
“Os bancos não são as instituições que temos que salvar, mas as instituições que temos que deixar morrer”, em Life Inc.
Bill Maher, sobre a onipresença de Obama na TV.
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Vi no Bruno.
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