Transcendental o Anganga que Cadu Tenório e Juçara Marçal fizeram nesta terça-feira no Centro da Terra. Trazendo cânticos de trabalhadores escravizados que foram recuperados no início do século passado, os dois atualizaram melodias e versos seculares para a cacofonia do século 21, com Cadu disparando bases industriais para Juçara soltar sua voz de forma lírica e abstrata, conversando com a luz detalhista, por vezes quase impressionista e outras quase na penumbra, desenhada por Cristina Souto. Fisgando o público na veia, era possível ouvir um silêncio quase milenar, que parecia pairar sobre aquele ritual.