O mal está entre nós

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Eis a íntegra do bate-papo que tive com a Joyce do canal Cinemascope em setembro na terceira sessão do Cine Doppelgänger, quando falamos sobre Corra! e O Bebê de Rosemary em um sábado de graça na Casa Guilherme de Almeida.

A próxima edição do Cine Doppelgänger acontece no dia 17 de novembro e reúne os filmes 8 e 1/2 de Fellini e Adaptação de Spike Jonze sob o tema Autoria em Xeque (mais informações aqui). As inscrições podem ser feitas aqui.

Cine Doppelgänger: O Diabo Mora ao Lado

15 de setembro: O Bebê de Rosemary (1968) e Corra! (2017)

15 de setembro: O Bebê de Rosemary (1968) e Corra! (2017)

Na programação da terceira edição da sessão Cine Doppelgänger, eu e a Joyce, do Cinemascope, vamos exibir dois filmes tensos na Sala Cinematógraphos da Casa Guilherme de Almeida: primeiro o clássico O Bebê de Rosemary, de Roman Polanski (às 11h), e depois o hit moderno Corra!, de Jordan Peele (às 14h) – dois filmes de terror que lidam com o aspecto corriqueiro da maldade e que levantamm questionamentos sobre feminismo e racismo, refletindo suas épocas. Eu e Joyce conversamos sobre os dois filmes logo em seguida do segundo filme, às 16h30, e as inscrições para o debate podem ser feitas no site da Casa Guilherme de Almeida (mais informações aqui). Abaixo, você assiste ao debate que rolou logo depois da última sessão, A Paranoia por Dentro, que exibiu Rede de Intrigas e De Olhos Bem Fechados.

Cine Doppelgänger

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Vamos conversar sobre cinema? Finalmente materializo um velho projeto que venho acalentando há anos com a minha querida amiga Joyce Pais, do site Cinemascope, e juntos temos o prazer de apresentar a sessão de debates sobre cinema Cine Doppelgänger, que acontece mensalmente entre julho e dezembro, todo terceiro sábado do mês, na Sala Cinematographos, que fica no Museu Casa Guilherme de Almeida (Rua Cardoso de Almeida, 1943 – Sumaré, São Paulo). A ideia é exibir sempre dois filmes – um escolhido por mim e outro pela Joy – e, no final da exibição, conversar sobre a relação entre os dois. A estreia do Cine Doppelgänger acontece neste sábado com a sessão Los Angeles, Cidade Permitida em que exibimos O Grande Lebowski (às 11h), dos irmãos Coen, e Cidade dos Sonhos (às 14h), de David Lynch, para depois conversar sobre pontos em comum e divergentes sobre a temática dos dois filmes. A inscrição é gratuita, basta entra no site da Casa Guilherme de Almeida.

Segue abaixo a programação completa do Cine Doppelgänger até o final do ano:

Dia 21 de julho: Los Angeles, Cidade Permitida

21 de julho: O Grande Lebowski (1998) e Cidade dos Sonhos (2001)

O Grande Lebowski (1998) e Cidade dos Sonhos (2001)

Os irmãos Coen e David Lynch comentam sobre o mundo de ilusões criado a partir de Hollywood em dois novos clássicos da virada do milênio. Enquanto Cidade dos sonhos mergulha na dicotomia entre a dura realidade e a sétima arte, borrando os limites entre estes dois universos, O grande Lebowski escancara a fábrica de mentiras do mundo do entretenimento da costa oeste norte-americana.

18 de agosto: A Paranoia por Dentro

18 de agosto: De Olhos Bem Fechados (1999) e Rede de Intrigas (1976)

De Olhos Bem Fechados (1999) e Rede de Intrigas (1976)

O último filme de Stanley Kubrick e a obra-prima de Sidney Lumet vão às entranhas das sociedades secretas e dos sistemas de poder para mostrar sua abrangência e escopo, contrapondo-se à pequenez da individualidade humana.

15 de setembro: O Diabo Mora ao Lado

15 de setembro: O Bebê de Rosemary (1968) e Corra! (2017)

O Bebê de Rosemary (1968) e Corra! (2017)

Dois filmes de terror que lidam com o aspecto corriqueiro da maldade, as obras de Polanski e Peele refletem a época de suas produções, levantando questionamentos sobre feminismo e racismo, além de aprofundarem-se no estudo da vileza humana.

20 de outubro: Realidade de Mentira

20 de outubro: Zelig (1983) e Verdades e Mentiras (1973)

Zelig (1983) e Verdades e Mentiras (1973)

Em dois documentários falsos, Woody Allen e Orson Welles escancaram a fábrica de ficções que é a sétima arte em duas obras seminais, que já lidavam com os conceitos de pós-verdade e fake news muito antes do século 21.

17 de novembro: Autoria em Xeque

17 de novembro: 8 ½ (1963) e Adaptação (2002)

8 ½ (1963) e Adaptação (2002)

Dois cineastas confrontados por suas obras começam a colocar em questão suas próprias existências como autores. O mitológico 8 e 1/2 de Fellini e o complexo Adaptação de Spike Jonze contrapõem duas crises criativas inversas – a primeira, as motivações por trás do início da criação artística; a segunda, o dilema autoral de trazer uma obra alheia para seu próprio reino criativo.

15 de dezembro: Brasil aos Pedaços

15 de dezembro: O Som ao Redor (2012) e Trabalhar Cansa (2011)

O Som ao Redor (2012) e Trabalhar Cansa (2011)

Dois filmes nacionais contemporâneos jogam luzes sinistras sobre este país dividido que nos acostumamos a se referir como um só. Enquanto o primeiro longa de ficção de Kleber Mendonça Filho, O Som ao Redor, espatifa a noção de normalidade ao revelar a rotina complexa e movida pela culpa de um bairro rico no Recife, o primeiro longa da dupla Juliana Rojas e Marco Dutra, Trabalhar Cansa, entra em um microcosmo profissional para se aprofundar nas entranhas de um Brasil farsesco – de modo apavorante.

Os melhores filmes de 2017

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O UOL reuniu seus colaboradores para escolher as melhores produções do ano – e estes são os meus cinco escolhidos:

1) Twin Peaks: O Retorno
A terceira temporada da série que moldou a atual era de ouro da televisão faz o caminho inverso e ergue-se como um ousado e ambicioso filme de 18 horas, que certamente já mudou os rumos da produção audiovisual deste século. Se foi vaiado em Cannes há vinte e cinco anos ao lançar seu então incompreendido Os Últimos Dias de Laura Palmer (um de seus filmes mais aterradores e consistentes, além de peça-chave na versão 2017 de sua obra-prima), David Lynch dá o troco ao estrear uma produção de emissora de TV com distribuição via Netflix no mesmo festival francês, numa obra que critica inclusive os efeitos colaterais da nostalgia e dos remakes na produção cultural atual. E como não amar o agente Cooper?

2) Corra!
Um filme de terror em que o monstro não é sobrenatural e que coloca o racismo como uma psicose social tão assustadora quanto a dos piores serial killers, Corra! tem camadas e camadas de entendimento e percepção e consegue fundir diferentes gêneros cinematográficos para criar uma obra que é ao mesmo tempo leve e divertida quanto pesada e perturbadora.

3) No Intenso Agora
João Moreira Salles continua dissecando a própria biografia para expor os contrastes e contradições de nossos tempos, desta vez com foco em como o ano de 1968 aconteceu em diferentes partes do mundo. Não é tão brilhante quanto seu Santiago, lançado há dez anos e talvez sua obra-prima, mas fala tanto sobre as expectativas e frustrações dos anos 60 quanto o momento político e social que vivemos hoje.

4) Em Ritmo de Fuga
Edgar Wright esmera-se ao derrubar barreiras entre gêneros cinematográficos, fundindo comédia, filme de ação, musical, policial e romance em seu melhor filme, provando que já se apropriou do bastão cinematográfico inglês que um dia foi de Danny Boyle. E o novato Ansel Elgort prova que é mais do que um ator juvenil em ascensão.

5) Blade Runner 2049
Denis Villeneuve conseguiu fazer o impossível três vezes: materializou a tão aguardada continuação do épico de Ridley Scott, tornou-a palatável e ao mesmo tempo tão complexa quanto a produção original e ampliou a estética de cores frias e ambientes fechados para tomadas amplas a céu aberto com cores quentes. Não é, no entanto, nem de longe a melhor ficção científica do século (título que ainda é de Filhos do Amanhã, de Alfonso Cuarón, de 2006) nem seu melhor filme (A Chegada, do ano passado, é muito mais ousado e mais intenso), embora mantenha o legado do Blade Runner original intacto.

A relação completa com todos os filmes do ano escolhidos pelo UOL está aqui.