Os clássicos de nosso tempo

Esse Midnight Marauder recria pôsteres de filmes como se eles fossem relançamentos da Criterion. Tem muito mais remixes de cartazes aí embaixo e outros tantos lá no site original.

 

Coppola, Arte e Dinheiro

Nós precisamos ser espertos nesses assuntos. É preciso lembrar que há míseros cem anos, e olhe lá, os artistas trabalham com dinheiro. Artistas nunca tiveram dinheiro. Artistas tinham um patrono, seja ele o líder do estado ou o duque de algum lugar, ou a igreja, ou o papa. Ou eles tinham outro emprego. Eu tenho outro emprego. Eu faço filmes. Ninguém me diz o que eu tenho que fazer. Mas eu faço meu dinheiro na indústria do vinho. É ter um outro emprego e acordar às cinco da manhã para escrever seu roteiro.

Essa ideia de que o Metallica ou qualquer outro cantor de rock tem de ser rico é algo que não necessariamente vai acontecer daqui para frente. Porque, como estamos entrando em uma nova era, talvez a arte seja gratuita. Talvez os estudantes estejam certos. Eles devem ter o direito de baixar músicas e filmes. Eu vou levar um tiro por dizer isso. Mas quem disse que a arte custa dinheiro? E, portanto, quem disse que os artistas têm que ganhar dinheiro?

Nos velhos tempos, há 200 anos, se você fosse um compositor, o único jeito de ganhar dinheiro era viajando com a orquestra e sendo o condutor, para assim ser pago como um músico. Não havia registros. Não existiam royalties de registros. Então eu diria: “tente desconectar a ideia de cinema com a ideia de ganhar a vida e dinheiro”. Porque há soluções ao redor disso.

Em entrevista ao site The99Percent, trecho traduzido pelo Gizmodo.

Tumblr do dia: If you don’t, remember me

Esse If You Don’t, Remember Me é uma obra de arte.

25 cenas geniais improvisadas

Cenas clássicas de Taxi Driver, O Poderoso Chefão, Casablanca, Tubarão, Laranja Mecânica, Noivo Neurótico Noiva Nervosa, Dr. Fantástico, Taxi Driver, O Iluminado e Guerra nas Estrelas foram improvisadas na hora:

Demais.

Impressão digital #0063: A profecia de Coppola

Minha coluna no Caderno 2 foi, mais uma vez, sobre Super 8, J.J. Abrams e Spielberg.

J.J. Abrams & Spielberg
…e o futuro do cinema

Super 8, o novo filme de J.J. Abrams, estreou na sexta-feira passada nos EUA. É um momento decisivo tanto para sua carreira quanto para a de Steven Spielberg, que produz o filme. Para Abrams, a expectativa diz respeito à primeira incursão do diretor e produtor no cinema em um título próprio. J.J. é conhecido como Midas da TV graças à sequência de seriados bem-sucedidos que produziu: Felicity, Alias, Lost e Fringe. Mas, no cinema, só dirigiu dois filmes, o terceiro Missão: Impossível e a nova versão para o cinema da série Jornada nas Estrelas. Não havia dirigido nenhum filme cuja ideia original fosse sua, até agora.

Spielberg, por outro lado, tem outro tipo de preocupação. Diretor que se firmou ao reconectar o público de cinema com uma audiência adolescente, à medida que foi se estabelecendo como diretor, começou a ir rumo a assuntos sérios, o que lhe rendeu alguns Oscars que não fossem de efeitos especiais. Mas ao remoer lembranças de guerra e conflitos judeus, deixou de lado a diversão e o entretenimento puros e simples. Tentou retomá0-los ao voltar à ficção científica no início do século, visitando Kubrick (Inteligência Artificial), Philip K. Dick (Minority Report) e H.G. Wells (Guerra dos Mundos), mas sem conseguir vincular-se a um público mais jovem. Só conseguiu recuperar isso ao produzir os filmes de Michael Bay (especialmente Transformers), mas sua marca não era percebida como assinatura.

Até que J.J. Abrams resolveu fazer uma homenagem ao ídolo e o chamou para esse tal Super 8. Abrams, que é conhecido por empilhar referências em suas obras, resolveu transformar o filme em uma grande ode ao cinema de Spielberg, especificamente à sua filmografia nos anos 80.
E, como é do seu feitio, Abrams não deixou barato e levou seu novo filme, mesmo antes do lançamento, a diversas mídias diferentes – colocou gente para montar um curta a partir de pedaços soltos pela web e até a criar uma HQ que seria concluída pelo público.

As primeiras impressões sobre o filme não são suficientes para tentar prever algum sucesso, mas tudo indica que Spielberg e Abrams conseguiram alcançar o que estavam tentando: uma história fantástica, um thriller de ficção científica e uma fábula pré-adolescente.

Mas a premissa inicial de Super 8 – em que uma turma de jovens brinca de fazer cinema e, sem querer, filma algo que não devia – parece ser outra homenagem de Abrams, desta vez a uma previsão de Francis Ford Coppola, em uma entrevista dada nos anos 70: “Um dia, uma gordinha em Ohio será o novo Mozart e fará um lindo filme com a câmera portátil de seu pai e quando isso acontecer todo esse profissionalismo em relação a filmes será destruído para sempre e o cinema se tornará uma arte”. Ainda não chegamos lá, mas será que um dia chegaremos? Super 8 chega ao Brasil apenas em agosto.

Super 8 e a gordinha em Ohio que Coppola falou

“Um dia, uma gordinha em Ohio será o novo Mozart e fará um lindo filme com a câmera portátil de seu pai e quando isso acontecer todo esse profissionalismo em relação a filmes será destruído para sempre e o cinema se tornará uma arte”

O clássico trecho de uma entrevista que o Coppola deu ainda nos anos 70 parece conversar – e bem – com o novo projeto de J.J. Abrams, que começou a se materializar de fato essa semana, afinal a estréia acontece nessa sexta, nos EUA.

Quando o rock’n’roll assumiu Hollywood

Arnaldo mandou essa via Twitter, que o documentário A Decade Under The Influence, do sobrinho do Johnattan Demme, Ted Demme, tá inteiro no YouTube.

Ele conta como a geração Spielberg/Coppola/Scorsese/Lucas pegaram os estúdios de Hollywood que estava à beira de um colapso criativo e financeiro e reinventaram a roda desafiando o sistema de dentro dele mesmo com filmes que são, simplesmente, os melhores filmes da história do cinema. Você pode até bater o pé e torcer o nariz, pensando em escolas inteiras como a nouvelle vague, o cinema independente dos anos 90, o cinema asiático da virada do milênio, o neo-realismo italiano, os filmes trash dos anos 60 ou a atual safra de filmes latinos, mas nenhuma dessas gerações produziu um rol de filmes que inclui os dois primeiros Poderoso Chefão, a trilogia Guerra nas Estrelas, Halloween, Taxi Driver, Contatos Imediatos de Terceiro Grau, Easy Rider, Operação França, Um Touro Indomável, Apocalypse Now, American Grafitti, Um Estranho no Ninho, Essa Pequena é uma Parada, Maratona da Morte, Chinatown, O Exorcista, THX 1138, A Última Sessão de Cinema, Bonnie & Clyde, A Conversação, Tubarão e Amargo Pesadelo. Nem precisa incluir os filmes do Kubrick pra esta ser uma lista respeitável de melhores filmes de todos os tempos. O mais perto disso que existe na história do cinema é justamente a geração de europeus que ajudou Hollywood a existir – Chaplin, Hitchcock, Wilder e Capra, que não eram propriamente uma turma.

Nos anos 70, era uma turma. Era a primeira geração de graduados em cursos universitários de cinema (pois isso não existia antes) e amamentada pela televisão, o que garantia a aliança de um know how inato da linguagem audiovisual com a técnica adquirida recém-transformada em método. E saindo da Califórnia no fim da era hippie, eles injetaram adrenalina e insanidade em um cinema que estava produzindo pérolas como Oliver!, Dr. Jivago, My Fair Lady e Noviça Rebelde. O melhor mergulho nessa história que eu conheço é o livro Easy Riders, Raging Bulls, do jornalista Peter Biskind, que também tem uma versão em DVD, mas que eu ainda nao vi. Mas esse A Decade… dá uma boa idéia da reviravolta que uma geração de autores, roteiristas e atores fez em Hollywood, criando a primeira escola de cinema autoral americana com consciência artística e reinventando Hollywood como um novo mercado, que, no fim das contas, desenharam o nosso presente atual, dividido entre Cinemarks e cineclubes.


Partes 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15 e 16

O que me leva a crer que não é difícil que, em pouco tempo, vejamos uma nova renascença cinematográfica, se deixarem de novo os malucos tomarem conta do hospício – nem que seja por alguns anos. E que os melhores filmes de todos os tempos ainda podem nem ter sido feitos.