É, amigo…
Fala Fabiano Tatu, meu comentarista de futebol favorito:
Vai passar.
O Mineiraço de 2014 tá longe de ser o Maracanazo de 1950 e, a médio e longo prazo, esse vexame durante a Copa vai ser bom pra autoestima do brasileiro. Os cinco gols em vinte minutos tiraram todo o país de si e equivaleram a um onze de setembro da vergonha alheia – tudo sob a reação embasbacada de um técnico sem reação, o plot twist mais improvável, de tão forçado. As metáforas sobre o jogo de ontem aparecem quase por geração espontânea, assim como as inúmeras “lições” que ouviremos ou leremos em posts gigantescos nos próximos dias.
Mas vai passar. O que vem a seguir é o que importa.
Muito bom o comercial que o Monty Python fez sobre seu show de volta, com Mick Jagger e Charlie Watts assistindo à Copa do Mundo com narração do Galvão Bueno, veja só:
Bob Fernandes, meu comentarista político favorito, fala sobre as expectativas frustradas de quem achava que a Copa do Mundo no Brasil seria o maior fiasco de nossa história recente…
…e não custa ligar seu raciocínio ao de Ricardo Mello, na Folha de São Paulo:
Durante um tempo quase infinito, os brasileiros foram vítimas de uma carga brutal de notícias irreais. Se tudo estava tão atrasado e fora dos planos, como a Copa acontece sem contratempos maiores do que os de outros eventos do gênero? Talvez o maior legado deste choque entre fantasia e realidade seja o de que, acima de tudo, cumpre sempre duvidar de certas afirmações repetidas como algo consumado.
A profusão de instrumentos de informação atual, ainda bem, oferece inúmeras alternativas para que opiniões travestidas de certezas sejam postas à prova. Mais do que nunca, desconfiar do que se ouve, assiste e lê é o melhor caminho para tentar, ao menos, aproximar-se do que é real.
No final das contas, é bom que essa distância entre versão e fato tenha ficado escancarada num ano eleitoral. Se com a Copa foi assim, imagine doravante, quando está em jogo o cargo mais importante da República. A enxurrada de algarismos para mostrar um país à beira do abismo ocupa boa parte do noticiário “mainstream”. Na outra ponta, estatísticas de toda sorte surgem para falar o inverso. Quem tem razão?
Nessa hora, o decisivo é avaliar como está a vida do próprio cidadão e como ela pode ficar se vingar a proposta de cada candidato. O mais difícil, como sempre, é descobrir se estes têm coragem de dizer o que realmente pretendem realizar.
Falar é fácil.
Os cariocas que foram assistir à Uruguai x Colômbia no Maracanã neste sábado não contavam que o jogo do Brasil e Chile no Mineirão se esticasse até os pênaltis – e o jeito foi acompanhar a partida no metrô, a caminho do estádio.