Ser original nos anos 10
Lost além da cultura do sample
Adaptação para o Twitter do livro tal, remake daquele outro filme para a TV, uma nova versão do clássico não-sei-o-quê em formato de games, um clássico da literatura misturado com zumbis, o herói fulano dos quadrinhos que virou brinquedo… A quantidade de produtos culturais lançados diariamente parece inversamente proporcional à quantidade de títulos originais. Tudo parece remix, remake, adaptação ou mashups de temas clássicos, recorrentes ou manjados.
Menos Lost.
A série, que se arrastou por seis anos e chega a um fim retumbante neste domingo nos EUA, é um dos pouquíssimos exemplos de uma história contada em escala global que não se apoia em uma estrutura narrativa já estabelecida para apenas criar novos nomes para personagens conhecidos. Harry Potter e alguns títulos de quadrinhos e games são outros. Mas o que Lost fez é inédito.
A série criou uma história particular que, apesar de fazer referência a outras sagas, partiu de um zero completamente novo. Mesmo quem não acompanha a série sabe do avião que caiu numa ilha, do monstro de fumaça, dos ursos polares, dos flashbacks e flash forwards ou da Iniciativa Dharma. Pode não saber como isso tudo se amarra à história, mas seus ícones já estão estabelecidos, mesmo que o final seja frustrante para os fãs mais ferrenhos.
Não que isso nunca tenha sido feito (os universos dos super-heróis, Guerra nas Estrelas e Arquivo X são apenas alguns exemplos). O ineditismo de Lost diz respeito à era digital, de referências, samples e citações – e na insistência de seus criadores em contar uma história nova. Pode procurar: são poucos os que se atrevem a ser originais hoje em dia. E esse atrevimento pode ser reconhecido.
Primeiro online
Iñarritu vê a Copa do Mundo
A Nike lançou nesta semana, na internet, um comercial inacreditável. Dirigido pelo mexicano Alejandro González Iñárritu (o mesmo diretor de Babel e 21 Gramas, o curta de três minutos mostra seleções de futebol de países diferentes durante uma Copa do Mundo e as consequências que podem acontecer a cada um dos jogadores. Estrelado por ícones do futebol atual (Cristiano Ronaldo, Wayne Rooney, Fabio Cannavaro e o brasileiro Ronaldinho) Write the Future mostra como um simples drible ou chute a gol pode mudar completamente o destino de um jogador. O clipe ainda conta com participações do tenista Roger Federer, do jogador de basquete Kobe Bryant, do ator Gael García Bernal e de Homer Simpson (sério!) e, de um jeito ou de outro, se encaixa dentro da filmografia de Iñárritu. Para assistir, entre
no site www.nikefootball.com
• Ano de Copa do Mundo, ano de TV nova… • Convergência e resolução puxam as TVs de 2010… • Philips quer reproduzir clima de cinema… • Antes de escolher uma TV nova, conheça suas opções… • Aonde vai parar o tubo… • TVs de tubo ainda são maioria no Brasil • ‘I know it’s only Rick Roll, but I like it’… • ONU: ‘O desafio do Brasil é se abrir para o mundo’… • Bullying • Bem além do Kindle • Discussão binária em torno do ‘Maoísmo digital’… • Vida Digital: William Kamkwamba, estudante •
Texto que escrevi pra matéria de capa sobre televisão que publicamos esta segunda no Link.
Ano de Copa do Mundo, ano de TV nova
Como sempre, o mercado aproveita o torneio para lançar novas tecnologias; convergência, transmissão digital e TV 3D são as de 2010
A Copa do Mundo não é o evento esportivo mais popular do planeta só pelo fato do futebol ser o esporte mais popular do mundo – mas também por ter a TV como sua principal aliada. Televisionado desde a edição de 1954, na Suíça, o evento ganhou ainda mais popularidade graças a avanços tecnológicos que foram introduzidos tanto nos aparelhos quanto na transmissão do torneio.
Não vai ser diferente em 2010, com um agravante: esta será a primeira Copa em que a internet surge como principal ameaça real à audiência da TV. Além disso, a legislação brasileira exige que qualquer aparelho de TV com 32 polegadas ou mais venha com decodificador de TV digital embutido até julho.
Junte essas novidades à corrida tecnológica que vem acontecendo na última década e temos o encerramento de um ciclo: TVs de tela fina deixaram de ser artigo de luxo para entrar na rotina das pessoas.
Isso sem contar uma série de recursos e tecnologias que vêm invadindo o vocabulário. A antiga divisão entre LCD e plasma de alguns anos já rendeu novas terminologias, como LED, HDMI, Full HD e TV 3D.
Com os novos modelos que se conectam à rede e ao PC, a TV ressurge não como um eletrodoméstico que estimula a passividade, mas como central de entretenimento doméstico que conecta internet, computador, game, celular, players portáteis e pendrives – tudo num mesmo aparelho que, aos poucos retoma o papel central que já teve na casa das pessoas e que ficou para trás com a ascensão da dupla computador e internet.
Este ciclo de renascimento não vai fechar em 2010. Mas durante este ano já veremos o que é promessa há alguns anos chegar ao mercado de fato.
Por outro lado, a popularização da tela fina ainda não foi o suficiente para determinar o fim da velha TV de tubo, que ainda é o modelo que mais vende no Brasil – embora não seja o tipo de aparelho mais popular no mundo. Além de emperrar a onda de conectividade total dos modelos mais novos, o tubo de raios catódicos, quando descartado, agride muito mais o meio ambiente do que as TVs finas.
Nesta edição, tentamos entender o que irá acontecer com um dos aparelhos mais populares que existem em um ano que pode definir de vez seu papel nos lares do mundo.
Primeiro, um guia (desses que tão circulando por email) pros gringos pronunciarem os nomes dos jogadores brasileiros. Valeu, Ju:
1 – Did Are
2 – Car Full
3 – Look See You
4 – Who One
5 – When Mear Son
6 – Who Bear To Car Loss
7 – Add Dream An No
8 – Car Car
9 – Who Now Do ( Few Now Mem No )
10 – Who Now Dream You Gay You Show
11 – Zero Bear To
12 – Who Jerry Scene
13 – See Seen You
14 – Crisis
15 – Lowis On
16 – G You Bear To
17 – June In You
18 – Mean Arrow
19 – G You Bear To Silver
20 – Rich Are Dream You
21 – Fried
22 – July Seissor
23 – Who Bean You
E depois, é uma conspiração oculta que diz que, não apenas o Brasil irá conquistar o hexa (sabia que pronuncia-se “Éza” e não “Éksa” – não lembra como se fala “hexágono”, não?) esse ano, como vai ficar cinco copas sem ganhar nada. Léo e Arnaldo que começaram esse papo, se liga na ordem dos campeões da Copa…
1930 – Uruguai
1934 – Itália
1938 – Itália
1950 – Uruguai
1954 – Alemanha
1958 – Brasil
1962 – Brasil
1966 – Inglaterra
1970 – Brasil
1974 – Alemanha
1978 – Argentina
1982 – Itália
1986 – Argentina
1990 – Alemanha
1994 – Brasil
1998 – França
2002 – Brasil
2006 – ?
Então pegue o ano de 1982 como centro e vá reparando na estranha coincidência que acontece à medida em que nos afastamos dele – as copas anterior e posterior a 82 são da Argentina, indo mais pra trás e pra frente as copas são da Alemanha (74 e 90), depois Brasil (70 e 94) e, a única não-coincidência acontece agora, quando em 66 e 98 os campeões são Inglaterra e França – mas, rá!, são times europeus que ganharam seu único título quando foram o país-sede. Por essa conta, a copa de 2006 equivale à de 58, que foi o primeiro título brasileiro. Ou seja, se ganhar essa, é a última!
Mas até parece: tá tudo se armando pra final ser Brasil e Alemanha (a melhor final em todos os sentidos – audiência, publicidade – talvez não em futebol) e comece a reparar a quantidade de matérias falando que o povo alemão é outro, renascido, bem-humorado, longe daquele estereótipo da eficácia e da seriedade, que se redescobriu no futebol, que apagou o fantasma do nazismo e o escambau. Enquanto o povo fala da China, a Alemanha se arreganha toda pro mercado e tá aí, prontinha pra vir (segunda maior economia do mundo, esqueceu?), só falta ganhar um élan de gentebonice aí fica fácil. E de onde virá essa cobertura de sorrisos?
Mas, pô, o Brasil podia jogar direito pelo menos algum joguinho, né?
Tudo ou Nada era uma coluna que eu fazia entre 98 e 99 para diferentes veículos online: o site London Burning e o mailzine CardosoOnLine eram dois que a reproduziam. Segue um exemplo, er, “rápido”.
***
Vocês estão prontos para o Dia 1?
1º de janeiro do ano 2001 será mais importante do que muita gente pensa. Enquanto muitos esperam o início dos novos século e milênio (como se isso fosse mudar algo na vida de alguém), técnicos, executivos, programadores, jornalistas, internautas, telespectadores, comunicadores, acionistas, diretores, presidentes e outros formadores de opinião roem as unhas de ansiedade. Esperam o réveillon mais aguardado do ano por um simples motivo ligado à tecnologia. Não, não é o bug.
O primeiro dia do ano que vem foi escolhido pelo novíssimo gigante do mercado de infotainment (informação + entretenimento), a AOL Time-Warner, para marcar o início de suas atividades. Batizado simples e taxativamente de “Dia 1”, a data marca o que muitos acreditam ser o começo de uma nova era. Não é para menos. Afinal, a publicidade em torno do “Dia 1” começará ainda neste semestre, perguntando-nos se estamos prontos para ele. À medida que a campanha criará uma expectativa sem precedentes no planeta, ela desvendará alguns segredos que o monstro empresarial prepara para o nosso futuro.
A célula deste novo organismo é um aparelho chamado Info. O Info padrão, usado como símbolo da nova mudança, lembra aqueles antigos aparelhos de televisão que eram o próprio móvel, com uma enorme caixa de som abaixo da tela e pés de cômoda. Existem vários modelos de Infos – portáteis, de pulso, de colo, de bolso, recarregáveis -, mas o modelo standard é o ícone da nova mudança. A princípio, o aparelho impressiona pelo design: uma tela de quarenta polegadas na frente de um enorme alto-falante num console prata de um metro de largura por um metro e vinte de altura.
Tanto som quanto imagem ultrapassam os conceitos atuais. Com micro caixas de som espalhadas por seu corpo, o aparelho tem 32 diferentes canais de som, que podem proporcionar sensações muito próximas ao som real. A imagem é perfeita: são 15 mil linhas de definição projetadas sobre uma tela plana, que fica por trás da tela real, também plana. Com duas telas superpostas, podemos ter a sensação de profundidade em qualquer imagem projetada. Juntos, imagem e som (ambos digitais), derrubam qualquer home-theater existente no mercado.
O aparelho sequer funciona à energia elétrica. Para ligá-lo, basta plugar a toma a um fio que a própria AOL Time Warner deverá fornecer. Se você tem TV a cabo, não se preocupe: com o projeto de compra de todos os “pequenos” (lembre-se do tamanho da operação que estou descrevendo) retransmissores de TV a cabo no mundo, basta solicitar o Info à sua própria provedora e ele estará instalado em sua casa – por meros US$ 50! E pronto: você não precisa pagar mais nada para receber os benefícios do Info.
O controle remoto é do tamanho de uma agenda eletrônica e, como tal, tem teclado alfanumérico. Mas para operações mais simples (como mudança de canais e manipulação do som), um outro artefato surge para facilitar a vida de todos: o Strap-it É uma simples tira de borracha que se adapta a qualquer mão adulta (sim, eles têm modelos infantis e para deficientes físicos): na palma da mão, um pequeno sensor identifica seus comandos e os reproduz na tela, como um mouse acoplado à sua mão.
A chegada do Dia 1 será comemorada com um enorme show de 24 horas que marcará o primeiro dia. A partir de Sidney, na Austrália, o mundo inteiro poderá acompanhar um megashow mundial disposto a transformar o Live Aid em papo furado. Serão 24 cidades escolhidas ao redor do mundo para recepcionar, em cada um dos fusos horários do mundo, a meia-noite do dia 1º de janeiro do ano que vem. Em cada uma destas cidades, a megaempresa construiu um enorme ginásio de fibra de vidro (todos poderão ser montados em menos de duas semanas).
Serão 48 horas de show em cada uma das 24 cidades. As 23 primeiras horas terão apresentações de circo, mágicos, personalidades dos países-sede e outras comemorações, sempre com um enorme relógio que contará os segundos para a chegada do grande dia. Em vários pontos do ginásio, os primeiros Infos entrarão em ação pra valer, transmitindo os shows nas várias partes do mundo. Na grande hora, um artista de peso mundial fará um show inédito cujo tema será o início de uma nova era. O grupo AOL Time Warner tem como empregados gente como Ol’ Dirty Bastard, Missy Elliot, Red Hot Chili Peppers, Cornershop, Cibo Matto, Sensefield, Stone Temple Pilots, Ween, Third Eye Blind, Deftones, Mr. Bungle, Pantera, Atari Teenage Riot, Prodigy, Kid Rock, Raimundos, Filter, Paula Cole, Hootie & The Blowfish, Tori Amos, Everything But the Girl, Eric Clapton, Echo & the Bunnymen, Kronos Quartet, Jose Carreras, AC/DC, Metallica, Robyn Hitchcock, Gilberto Gil, Busta Rhymes, Buena Vista Social Club, Lil’ Kim, X, Ministry, os Simpsons, Better Than Ezra, Natalie Merchant, Cure, Rod Stewart, Son Volt, Cher, Sugar Ray, Rush, Quad City DJ’s, Alanis Morrisette, B-52’s, Seal, Nick Cave, Towa Tei, Stereolab, Cesaria Evora, Flaming Lips, Björk, Bad Religion, Junior M.A.F.I.A., Crosby, Stills, Nash & Young, Quincy Jones, South Park, Van Halen, Genesis, Fountains Of Wayne, Soul Coughing, Robin Hitchcock, Brandy, Madonna, Steel Pulse, R.E.M., Depeche Mode, Enya, Built to Spill, Café Tacuba, Kris Kristofferson, Collective Soul, Timbaland & Magoo, Fleetwood Mac, John Fogerty, Superdrag, Paul Simon, Goo Goo Dolls, Lemonheads, Baby Bird, Jimmy Page & Robert Plant, Kid Loco, Philip Glass, k.d. Lang, Dimitri from Paris, Green Day, Pet Shop Boys, Chris Isaak, Latin Playboys, Joni Mitchell, Paul Oakenfold, Lou Reed, Wilco, Neil Young, Gipsy Kings, Matchbox 20, entre outros, e todos farão parte da festa, fazendo o show que querem, convidando os artistas que bem entendessem, culminando com um festival de 24 horas de duração, durante todo o Dia 1.
Quem estiver frente ao Info terá uma noção da revolução pela transmissão dos shows. Qualquer aparelho pode localizar qualquer show em qualquer uma das vinte quatro festas no mundo, desde que este já tenha acontecido. Uma vez no show, pode-se escolher as diferentes câmeras que o registram, focalizando tanto apenas o vocalista quanto todas as câmeras ao mesmo tempo. E você achava que 40 polegadas era exagero.
Abaixo da tela, uma outra tela preta, menor e mais horizontal, traz as últimas notícias da megafesta, intercalando-as com outras notícias do mundo, que podem ser vistas a um simples toque. Sempre que algum artista estiver numa entrevista coletiva o espectador será avisado, caso requeira essa opção. Basta cadastrar-se e você assiste à entrevista, podendo até mandar perguntas para o artista ou comprar objetos e peças de roupa usadas no show.
Não precisa se preocupar em gravar: para o usuário do Info, videocassete é coisa do passado. Basta chamar o canal localizador e digitar algumas palavras-chave para que você seja apresentado a todos os itens relativos ao tema: de shows a videoclipes, passando por discos inteiros, sites de fãs, filmes, participações especiais em programas alheios, entrevistas, resenhas, comentários, curiosidades, fotos e toda infinidade de informações sobre os itens especificados.
Quer assistir a um filme? Não precisa mais programar o vídeo para gravá-lo. Basta descobrir seu código no canal de filmes (ou através do canal localizador) e começar a assistir. Sem comerciais! Tocou a campainha? Dê pause, ué, como em seu videocassete. Precisa sair? Adicione o filme a Favoritos e saia. Quando voltar, basta retornar no ponto que parou. Não lembra o que estava acontecendo? Rebobine o filme, ora.
O mesmo vale para as partidas da NBA, os campeonatos europeu, sul-americano e asiático de futebol, o SuperBowl, finais de torneios mundiais, olimpíadas, Copa do Mundo, o diabo. Um toque e o replay em câmera lenta, em todos os ângulos, com todas as câmeras. Você pode até pedir um tira-teima pra saber a velocidade que o jogador cuspiu no chão. Aliás, você pode pedir um tira-teima para saber a velocidade que o artista do show do réveillon cuspiu no chão. Até nas novelas você pode pedir um tira-teima – que, no caso, pode revelar o making of. Falando em making of, pra quê esperar o Video Show separar os erros de gravação se todo programa traz isso em si, como se o programa fosse um site e, ao mesmo tempo, um DVD?
Um pontinho no canto direito superior do Info é uma microcâmera digital. Através dela, você pode se comunicar com qualquer pessoa que possua outro Info (os “infonautas”), contanto que você saiba o código dele. E passar a tarde toda de papo furado com amigos de todo planeta, enquanto assistem a diversos shows. Quer ficar pelado enquanto conversa com o pessoal? Desative a opção “videofone” e converse só com o áudio. Sua voz é feia? Use o controle remoto/teclado, pois. E se você está apressado para sair enquanto assiste TV, clique na opção “mirror” e a tela do Info vira um espelho.
Mas a câmera não serve apenas para a simples comunicação. Você pode adquirir o Infoing, uma mini-ilha de edição portátil que funciona também como câmera. Filme sua família nas férias, selecione a opção My Info e despeje o filme no canal. Você pode disponibilizá-lo para todas as pessoas que têm acesso ao Info, restringir o acesso com uma senha (assim você pode mostrar seus filhos aos seus pais, que moram do outro lado do país) ou limitar à sua própria audiência. Você pode fazer isso com filmes caseiros ou profissionais, divulgando seu trabalho ou lazer para quem você quiser. O mesmo vale para músicas (também registradas no Infoing, que funciona como uma miniestúdio também), artes plásticas, publicidade e qualquer outro tipo de manifestação artística. O grupo AOL Time Warner tem a intenção de incentivar as pessoas a criar e produzir, superlotando seus próprios arquivos de preciosíssimas informações (de dados e gostos pessoais a correspondência eletrônica, movimentação bancária, fotos de família etc).
Isso é só pra assustar. Tudo ficção, mas dá pra ter uma noção do que vem por aí. Parece que só agora ligaram a internet, que antes era só ensaio ou teoria. Com este futuro “Info” todo aquele mundo prometido pela rede quando ela chegou em seu primeiro auge (cerca de 1995) parece pronto para acontecer. Dá pra passar duas horas falando do que pode acontecer quando a televisão encontrar com a internet: já tem gente falando no fim do conceito de shopping center, pois até o comércio tradicional vai ficar obsoleto com esta mudança. Todo mundo que quiser sobreviver no novo capitalismo infonauta terá que pular na internet e fazer a diferença. É aí que entra o “novo Iluminismo”, um conceito criado pelas grandes corporações para fazer com que o consumidor não se sinta passivo: pelo contrário, neste novo momento do capitalismo irá criar personalidades, pop stars, cientistas, artistas e gênios que nunca saem de seus quartos. Cada vez a vida real vai se tornando virtual.
Por isso, domingo de manhã, sol lá fora: vá dar uma volta. Sai da frente desse computador. Respira um ar novo: ar novo é o que não falta.
***
Se você gosta de Beastie Boys e chacoalhou o esqueleto com o último disco do Beck, compra o disco dos mexicanos do Titan, que acabou de sair no Brasil. Na capa de Elevator, o tal disco, tem um som 4 em 1 (com carrossel de 3 CDs) em cima de uma televisão. Grooveseira pesada e setentona, instrumental, retrô e plena durante todo disco.
***
Tudo indica que o selo carioca Tamborete Entertainment deverá assinar com os noise rockers do Wry. E algo me diz que, caso isso ocorra, a banda pode se tornar um dos maiores nomes do rock independente brasileiro. Acho que ao apresentar a fórmula guitar band para um público fiel como o de hardcore pode causar um estrago considerável.
***
O Astromato, de Campinas, tá com fita nova e já tem planos para as gravações do primeiro CD. Pop daquele jeito e cantando em português, o grupo tem chance no mercadão.
***
A Face do mês passado traz uma matéria sobre uma droga que eles chamam de “ya ba” (com um ótimo título: “ya ba dabba doom”) e que está sendo temida como o próximo crack. Calma, não é algo tão novo assim: o ya ba é, na verdade, a temível metanfentamina, também conhecida como “crystal meth”. Uma espécie de remédio de farmácia ultrapotente, a metanfentamina te deixa ligado por três dias seguidos e seu uso contínuo torna a pessoa mais violenta e uma das alucinações mais freqüentes são besouros que andam por baixo da pele, fazendo com que o sujeito rasgue a própria pele. Não precisa nem dizer que vicia, né? A chamada da matéria dá o tom do bagulho: “Os nazistas usavam-no para abastecer suas tropas. Você pode fazer em casa usando ácido de bateria e removedor de manchas. No Arizona, inspirou um homem a decapitar seu filho”. Era só o que faltava.
***
A mesma Face cita Coppola numa matéria sobre filmes feitos em casa: “A grande esperança para mim é que, agora com essas câmeras de 8 mm saindo, pessoas que normalmente não fazem filmes irão fazê-los. O chamado profissionalismo cinematográfico será destruído e finalmente teremos uma forma de arte”. A entrevista é de 1990. Qualquer semelhança com aquele papo de “novo Iluminismo” não é mera coincidência.
***
Tive o novo disco dos Smashing Pumpkins na mão, ouvi e não me dei ao trabalho de gravar. Chato pacas. Vou esperar sair no Brasil…
***
Próxima quarta-feira (26) tem Butchers’ Orchestra com Autoramas na Borracharia, em São Paulo. Não dá pra perder.
***
Nesse mundo de informações paralelas, algumas são tão mainstream que passam batido. Saca a Melissa Etheridge? É uma espécie de Cássia Eller country americana, que é casada com uma mulher e tem duas filhas de pai desconhecido. Pois é, sabe quem é o pai das filhas dela? Deu na capa da Rolling Stone: David Crosby! Isso mesmo, aquele bigodudo gordo do Crosby Stills Nash & Young, que disse, na reunião do grupo no fim do ano passado, que “desta vez estarei acordado”.
***
Se você seguiu o conselho e não comprou o Breakbeat Era importado, se deu bem: saiu pela RoadRunner no Brasil, com caixinha de papelão e tudo mais.
***
Tá começando a circular via email uma notícia que diz que a Copa de 2002 vai acontecer mesmo no Brasil. Parece que tem jornal grande (um americano e um italiano) fuçando naquele papo que o Brasil vendeu a copa passada pra garantir a próxima. O email diz que nos próximos meses a Fifa vai anunciar que as Coréias não têm condição de segurança de sediar um mundial e apontará o Brasil – porque o Mundial de interclubes acabou de acontecer por aqui – como próximo país-sede. O que explica porque depois deste mundial ainda tinha técnico da Fifa no Brasil, verificando os campos do Atlético Paranaense e do Bahia…
***
Mas por que raios venderam a copa passada? Porque a França tava na maior merda de desemprego da história deles e o mundial levantou a moral dos caras. E porque a reeleição daquele camarada já havia sido garantida com o fim daquele lei que proíbe o uso da “máquina”. Brincadeira…
***
Júpiter Maçã foi pra Inglaterra e deve voltar de lá com contrato assinado…
***
Uma colega de trabalho de um amigo meu, do alto de sua ingenuidade, soltou a pérola sobre a nova música do Oasis: “Eu só ouvi essa música uma vez e já não suporto mais!”. Na mosca.
***
Disco redescoberto da quinzena: Wild Honey, dos Beach Boys, 1967. Média perfeita entre Burt Bacharach e Stevie Wonder, num outro momento em que Brian Wilson e família chegam próximos da perfeição.
***
Como diriam os Beastie Boys, os Doors, os Half Japanese, as Spice Girls, o Accept, Van Morrison, os Bar-Kays, Henry Rollins, Roy Ayers, Neil Diamond, os Buzzcocks e o Yello: “Do it”.