Essa é a teoria do ilustrador Andrew Kolb, que os dois universos seriam uma espécie de proto-Elysium, como ele demonstra nesse belo pôster:
Deixa que ele explica:
“Eu humildemente apresento a vocês a primeira CONSPIRAÇÃO DE DESENHO ANIMADO!
Ela sugere se que os Flintstones e os Jetsons não apenas acontecem no mesmo universo, mas ao mesmo tempo! Em um futuro próximo, os Jetsons vivem suas vidas automatizadas no alto do céu, mas eles vivem acima do quê?
A resposta é “A cidade de Bedrock” e todas as outras civilizações que prefeririam seguir o rumo dos Amish e seguir um estilo de vida mais simples ao contrário do que o resto do mundo estaria fazendo.
Os Flintstones existem em um futuro próximo onde animais criados geneticamente são fabricados à imagem de animais do passado (de forma não tão precisa, já que algumas espécies são meio bizarras). Da mesma forma, muito da tecnologia de ambos mundos (toca-discos, aspiradores, etc.) funcionam de forma similar, embora feitos de materiais bem diferentes – isso acontece por serem universos paralelos.
Lembra-se de quando as duas famílias se encontram num filme? Não era bem uma viagem no tempo, apenas teletransporte! Os Jetsons simplesmente se teletransportaram para a superfície do planeta e estavam simplesmente pasmos com a tecnologia simplificada da mesma forma que eu fiquei quando me mostraram uma máquina de fazer manteiga.
Aí está! Essa teoria não é minha, mas digam se não é bem legal!”
O ilustrador deve ter tirado essa teoria de dois artigos do Cracked (um que cogita que o futuro dos Jetsons aconteceu devido à destruição da superfície da Terra e outro que diz que os Flintstones acontecem num planeta pós-apocalíptico) – fora que esta não é a primeira teoria da conspiração de desenhos animados, pois lembrem-se da Teoria Pixar!
E em tempo: o pôster de Kolb está à venda.
É o que diz Kevin Shields, o homem-My Bloody Valentine, em entrevista ao Guardian:
“Britpop foi massivamente forçado pelo governo. Algum dia será interessante ler todos os arquivos do MI5 (o serviço secreto britânico) sobre o britpop. Fizeram tudo bem debaixo do nosso nariz.”
É uma teoria que corre há um bom tempo – e finalmente alguém resolveu falar. Parece estranho, mas se você parar pra pensar…
O jornalista Jon Negroni assistiu ao vídeo abaixo do Cracked e começou a cogitar seriamente uma teoria que mostra que todos os filmes da Pixar acontecem no mesmo universo e que contam partes diferentes de uma mesma história – que começa em Valente e termina em Monstros S/A (você sabe me dizer em que época se passa Up? E Toy Story? E Vida de Inseto?). Eis o vídeo do Cracked.
E a Teoria Pixar foi traduzida pelo Ramon, na unha:
Todos os filmes da Pixar estão conectados. Vou explicar como e os motivos.
Há alguns meses assisti um vídeo divertido no Craked apresentando (pelo menos para mim) a ideia de que todos os filmes da Pixar existem dentro de um mesmo universo.
Desde então estou obcecado com esse conceito, trabalhando no que chamo de ‘Teoria Pixar’, um trabalho narrativo que conecta todos os filmes do estúdio em uma mesma timeline com um tema predominante.
Essa teoria cobre todas as produções da Pixar desde Toy Story, incluindo: Vida de Inseto, Toy Story 2, Monstros S.A., Procurando Nemo, Os Incríveis, Carros, Ratatouille, Wall-E, Up, Toy Story 3, Carros 2, Valente e Universidade Monstros.
Cada filme está conectado aos demais e seu desenrolar influencia todos os outros.
Confere a teoria lá no Vitralizado, que acaba de voltar de férias.
A capa da Galileu deste mês já havia sido pautada bem antes do clima de paranóia e tensão invadir as ruas das capitais brasileiras – convidei o Carlos Orsi para escreve-la ainda em maio. Além da capa sobre conspirações, a revista ainda traz um dossiê escrito por Salvador Nogueira sobre as dificuldades que a pesquisa científica encontra no Brasil, uma matéria do Tiago Cordeiro sobre desmanches de navios no Oceano Índico, um panorama sobre o uso de armas de fogo – e suas conseqüências – pelo Brasil, uma entrevista que o Tiago Mali fez com o Louis Ignarro, vencedor do Nobel que hoje é garoto-propaganda da Herbalife, a incursão de Rafael Tonon pelo mundo da microbiologia na cozinha e como chefs estão usando cada vez mais o microscópio em busca do ponto de putrefação perfeito, a trágica e estranha decadência de John McAfee – que de programador prodígio e criador de um dos antivírus mais populares do mundo, tornou-se obcecado com remédios para performance sexual, foragido da polícia e acusado de assassinato na América Central -, cidades ocidentais clonadas na China, por que congelar óvulos, confecções brasileiras e trabalho escravo, o novo filme do Cavaleiro Solitário e games que nivelam a dificuldade para facilitar a socialização. Mas não podia fugir ao assunto da capa em minha Carta ao Leitor, que reproduzo abaixo.
PARANOIA É PRECAUÇÃO: O autor norte-americano Philip K. Dick consagrou-se ao criar personagens que vivem em alerta
Em uma entrevista dada em 1974, um dos meus escritores prediletos, Philip K. Dick, explicou o motivo de suas obras serem sempre cercadas de uma sensação de que algo vem sendo orquestrado por baixo dos panos, longe de nossas atenções. Dizia ele que “a paranoia é um desenvolvimento moderno de uma sensação antiga, arcaica, que os animais ainda possuem, um sentimento permanente que tínhamos há muito tempo, quando éramos — nossos ancestrais — muito vuneráveis a predadores”, explicando que seus personagens “vivem como estes novos ancestrais. Quer dizer, o equipamento é do futuro, o cenário é o futuro, mas as situações, na verdade, são do passado”.
Como toda boa ficção científica, a obra de Philip K. Dick não era sobre ETs, robôs, planetas remotos, tecnologias fictícias ou futuros distantes, embora estes elementos fizessem parte da maioria de seus livros. Sua bibliografia reflete medos e paranoias de quem viveu a caça às bruxas dos anos McCarthy, a paranoia nuclear da Guerra Fria e a ascensão do estado frio e terceirizado das gestões Reagan-Thatcher. Morreu em 1982, o mesmo ano em que uma de suas obras (Blade Runner) virou filme pela primeira vez, e foi pelo cinema que ele ganhou popularidade, já que sua reputação nos livros não era suficiente para pagar as contas. Por mais que o reconhecimento tivesse sido tardio, ele veio para encaixar K. Dick no panteão dos grandes autores do século passado, que inclui outros nomes (como Don DeLillo e Thomas Pynchon) que também lidavam com esta mesma sensação estranha que é um dos principais traços da nossa época.
Teorias da conspiração, portanto, funcionam como um alerta para um instinto primitivo e também fazem parte do tecido cultural dos séculos 20 e 21. Gosto de acompanhá-las com curiosidade, como sistemas de constante alerta, mas ao pautarmos este assunto para a capa de GALILEU tivemos a preocupação de analisar seu impacto sobre a sociedade — que não é nada curioso e tende a ser mais maléfico que construtivo, como mostra o jornalista Carlos Orsi, convidado para dissecar esta pauta.
Orsi, que trabalha na Unicamp, é um dos jornalistas que cobrem ciência que mais acompanho o trabalho e acaba de lançar um livro que, como nossa capa, também se presta a desvendar histórias mal contadas — só que seu Pura Picaretagem (Leya, coescrito com Daniel Bezerra) ataca a forma como a física quântica é usada superficialmente pelo mercado de livros de autoajuda. O que quer dizer que ele está bem escolado neste tema. Vamos lá!
Alexandre Matias
Diretor de Redação
matias@edglobo.com.br
A teoria da conspiração é velha, mas foi reempacotada num documentário fake do diretor francês William Karel em 2002 chamado Dark Side of the Moon. Escrevi sobre ele na seção FYI do IMS. Um trecho:
Teóricos da conspiração se debruçam há muito tempo sobre o filme que registra a chegada do homem à Lua para denunciar suas falhas e, portanto, sua autenticidade: a qualidade técnica, a ausência de atmosfera e a baixa gravidade colocariam em xeque a sobrevivência da película ao impacto de uma viagem espacial; o tremular da bandeira norte-americana em solo lunar e a profundidade das pegadas dos primeiros astronautas no satélite que orbita a Terra, além de sombras contraditórias em diferentes cenas e a definição dos detalhes das fotografias, mesmo em contraluz e sem flash. As teorias mais paranoicas inclusive apontam para a presença de Stanley Kubrick, que, um ano antes da chegada da Apollo 11 à Lua, havia filmado o épico 2001 – Uma Odisseia no Espaço…
Nenhuma teoria é tão irresistível quanto a contada no falso documentário Dark side of the Moon, do francês William Karel em 2002.
Karel, cuja obra como documentarista conta com quase 20 filmes (a maior parte feita para a TV, um deles vencedor de um Emmy, em 1995), é conhecido por focar temas norte-americanos e sua familiaridade com o assunto o deixou à vontade para explorar melhor esta teoria da conspiração com a ajuda da própria viúva de Kubrick, Christiane, e de celebridades da política norte-americana, em cenas editadas ao bel prazer da narrativa abertamente mentirosa do documentário.
O texto inteiro você lê no blog do IMS. O filme, na íntegra, pode ser visto abaixo:
Se você não está esperando por Iron Sky, é porque não sabe que seu roteiro conta uma história em que os nazistas não sucumbiram em 1945 – apenas bateram em retirada, usando os recém-criados discos voadores, para colonizar o lado escuro da Lua e preparar para sua grande volta. Eis que os quatro primeiros minutos do filme aparecem online. Divirta-se:
Foi com a imagem acima, que o grupo Laibach postou em seu Facebook, que soube que Iron Sky está prestes a estrear. Pra quem não ligou o nome ao filme, Iron Sky parte da incrível premissa em que, em 1945, os nazistas não morreram nem fugiram para a Argentina – e sim pegaram seus discos voadores e fugiram para o lado escuro da lua e desde então vêm preparando sua volta em grande estilo. Sente o drama:
E o filme finalmente verá a luz do dia no festival de Berlim (onde mais?) no dia 11 deste mês.
Será que alguma boa alma pode trazer essa pérola ao Brasil?