Conheça: Pedro Veríssimo

, por Alexandre Matias

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Conheça: Pedro Veríssimo
Baixe o disco em seu site oficial e veja o clipe de “Por Aí”

Ao contrário da maioria dos músicos, o primeiro trabalho de Pedro Veríssimo foi autoral. Pedro era vocalista de uma das mais celebradas (embora menos ouvidas) bandas gaúchas da virada do século – a Tom Bloch -, uma banda que talvez tenha sofrido do mal de não pertencer ao universo imaginário da cena musical de sua época, de bandas com apelo humorístico e apego à new wave e ao rock pra dançar, epitomizada na Bidê ou Balde. A Tom Bloch, em contrapartida, era séria e contemplativa, um National com sotaque do Rio Grande. Gravou dois discos, um EP, tocou muito pelo Brasil e muito mais no Rio Grande do Sul, ganhou fãs e entrou para a história.

Foi quando Pedro se viu solo com uma carreira essencialmente autoral. “Levou tempo pra conseguir desligar o módulo Tom Bloch”, ele me explica Pedro Veríssimo, detalhando que passou por “um processo que consistiu basicamente em tocar músicas dos outros, coisa que numa banda autoral como a Tom Bloch eu quase nunca tinha feito.E minha experiência de palco até ali tinha sido só essa, tocando nossas músicas pra pessoas que muitas vezes estavam ouvindo tudo pela primeira vez”.

Sua transição começou em parceria com a cantora gaúcha Izmália – “uma cantora cujo estilo é o oposto do meu, do repertório à postura no palco e relação com a platéia”, tocando covers de artistas como Radiohead e David Bowie. Depois se apresentou com a Orquestra de Ulbra em concertos chamados Clássicos do Rock, de repertório óbvio, a partir do título. “É interessante não escolher o que se vai cantar, tudo é proposto pelo maestro”, lembra, comentando que “digamos que eu nunca me imaginaria cantando Jethro Tull…”. Além destes trabalhos também participou de um projeto que juntava música e gastronomia chamado O Sabor e o Som (“sempre com uma cidade diferente como tema, a cada evento um setlist e um menu diferentes. Um laboratório bem divertido e muito gostoso de fazer. Literalmente”), antes de mudar-se para o Rio de Janeiro.

“Foi só quando comecei a passar mais tempo no Rio e montei um show por aqui – também de covers, inclusive de Tom Bloch – que a vontade de compor reapareceu. A formação era voz, guitarra e baixo acústico. Basicamente a mesma com a qual gravei, adicionando aí uma bateria mínima. Nos ensaios com o Fernando Aranha (guitarra), Marcello Cals (bateria) e Claudio Alves (baixo acústico) é que começou a se desenhar esse album”, lembra.

O novo trabalho, seu primeiro disco solo, chama-se Esboços e é claramente uma continuação natural de seu trabalho com a Tom Bloch – música contemporânea tocada por uma banda de formação rock, ênfase na canção, o grande trunfo de Pedro. “O álbum se originou a partir de um projeto interativo patrocinado pela Petrobrás Cultural em que eu montei um site em que me propus a postar uma música inédita a cada 15 dias – as vezes menos, as vezes mais – e deixar o público responder com imagens inspiradas por cada single”.

“Chamei de Esboços porque todas as canções são como estudos, tentativas sem grandes pretensões”, continua. “Não é um album de certezas e nem queria que fosse. Mas deixou mais claro na minha cabeça o que era Tom Bloch e o que sou eu – a banda tinha conceitos mais firmas, coisas pré-definidas, se valia muito do estúdio e das possibilidades de recortes e sobreposições, loops e texturas. Esse trabalho solo não, meio que vai se definindo enquanto é feito, é igual tanto na gravação quanto ao vivo, uma banda tocando tudo com a mesma formação”.

O disco foi produzido por JR Tostoi, guitarrista de outra grande banda que não aconteceu (e por motivos semelhantes aos que fizeram a Tom Bloch não decolar), o Vulgue Tostoi, no estúdio Ministereo. “A idéia era meio um esquema de ‘adicione água’: terminar o arranjo, gravar, mixar e postar sem muito tempo para pensar. E com um prazo relativamente curto entre uma postagem e outra. As canções e essa galeria com as intervenções do público ficaram no ar por um tempo, nesse formato estilhaçado. Mas o todo tinha coerência e achei que fazia sentido reunir num arquivo único, num album. Além do que facilitava para quem se interessase em ouvir poder baixar tudo num clic só e não ficar catando pelo site. Demos um tapa na mixagem, arrumamos pequenos detalhes e masterizamos. Por ter sido bancado por um patrocinador, achei que o mais correto era colocar pra baixar de graça mesmo. Não pretendo prensar nenhuma cópia, é um album virtual e sem intermediários”.

Isso quer dizer que não iremos mais ouvir a Tom Bloch? “Acho que esse disco é um meio de caminho, não só pra mim mas pra Tom Bloch também. Notícias em breve”. Vamos aguardar.

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