Com a palavra, Edward Snowden
O homem mais procurado do mundo hoje é norte-americano e deu uma coletiva nessa sexta-feira, em Moscou.
A íntegra da declaração que deu antes da entrevista coletiva segue abaixo, em inglês, e é a primeira vez em que ouvimos sua versão dos fatos. E, como de praxe, se alguém quiser traduzir, basta colar nos comentários que eu atualizo aqui: A Lia traduziu (valeu Lia!) e o texto segue logo abaixo do vídeo com a íntegra do áudio:
“Oi. Meu nome e Ed Snowden. Pouco antes de um mês atras, eu tinha uma família, um lar no paraíso, e eu vivia confortavelmente. Eu tinha também a capacidade, sem nenhum mandato de busca para apreensão, ler toda sua comunicação. Comunicação de qualquer pessoa, a qualquer momento. Esse e o poder que muda os fatos das pessoas.
E uma violação seria da lei. A 4a. e a 5a. Emenda da Constituição do meu pais, artigo 12 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, e inúmeros estatutos e tratados proíbem os sistemas em massa de vigilância generalizada. Enquanto a Constituição dos EUA marcam esses programas como ilegais, meu governo discute essas secretas leis de corte, onde o mundo não e autorizado a ver,e de certa forma, legitima um acordo ilegal. Essas regras simplesmente corroem a mais básica noção de justiça – isso tem que ser visto e ser feito. A imoralidade não pode ser moral pelo uso da lei do segredo.
De acordo, eu fiz o que achava certo e comecei uma campanha pra corrigir o que estava errado. Eu não estou procurando enriquecimento pessoal. Eu não procurei vender os segredos dos EUA. Eu não fiz parceria com nenhum governo para garantir minha segurança. Ao invés disso, eu levei o que eu sabia ao publico, para o que afeta a nos todos, possa ser discutido por nos na luz do dia, e pedir ao mundo justiça.
Essa decisão moral de dizer ao publico sobre espionagem e os efeitos em todos nos tem custado caro, mas era a coisa certa a ser feita, e eu não me arrependo.
Desde então, o governo e o serviço de inteligencia americana estão tentando me pegar como exemplo, avisando todos os outros que talvez possa fazer algo como eu fiz. Eu tenho sido considerado sem estado e tenho sido caçado pelo meu ato de expressão politica. O governo americano me colocou fora das listas de voo. Demandou que Hong Kong me mandasse de volta, fora do que diz a lei, violando diretamente os princípios de não-repulsão – A Lei das Nações. Tem ameaçado com sanções países que decidam defender meus direitos humanos e o asilo das Nações Unidas. Tem agido de forma sem precedentes, ordenando aliados militares a forcar o pouso de avião de um presidente latino-americano para fazer buscas de um refugiado politico. Essas perigosas escalações representam uma ameaça não somente a dignidade da America Latina, mas ao básico direito compartilhado por cada pessoa, cada nação, de viver livremente sem perseguições, e procurar e conseguir asilo.
Desde então essa clara agressão de proporção histórica, países ao redor do mundo tem oferecido suporte e asilo. Essas nações, incluindo Russia, Venezuela, Bolívia, Nicarágua e Equador, tem minha gratidão e respeito for terem sido os primeiros a estarem contra a violação dos direitos humanos, tomada pelos poderosos, ao invés dos sem poderes. Ao negarem a comprometerem seus princípios com a intimidação, eles ganharam o respeito do mundo, Minha intenção é viajar para cada um desses países para mostrar minha pessoal gratidão e obrigado ao seu povo e seus líderes.
Eu anuncio hoje minha formal aceitação a todas as ofertas de suporte e asilo que se apresentaram e aos que possam ser oferecidos no futuro. Com, por exemplo, o asilo oferecido pelo presidente da Venezuela, Maduro, meu status de asilado agora formalizado, nenhum estado tem o direito de interferir no meu direto de ir para meu asilo. Como podemos ver, pelo menos, são alguns governos da Europa Ocidental e America do Norte demonstrando vontade de agir fora da lei, e esse comportamento persiste ainda hoje. Esses fora-da-lei ameaçam fazer o impossível para que eu possa viajar para a America do Sul e possa ser asilado, conforme foi concedido la e de acordo com os nossos direitos compartilhados.
Essa vontade dos poderosos estados de agir extra-ilegal representa uma ameaça a todos nos, e não deve ser permitida. De acordo, eu peco a sua assistência nos pedidos de garantias de uma passagem segura pelas nações relevantes em assegurar minha segurança na viagem para a America do Sul, e também do meu pedido de asilo na Russia, ate que esses estados acessem a lei e a minha viagem permitida legalmente. Eu vou mandar meu pedido para a Russia hoje, e espero que seja aceito favoravelmente.Se você tem algum questão, eu vou responder o que eu puder.
Obrigado.”
O original, em inglês, vem a seguir:
“Hello. My name is Ed Snowden. A little over one month ago, I had family, a home in paradise, and I lived in great comfort. I also had the capability without any warrant to search for, seize, and read your communications. Anyone’s communications at any time. That is the power to change people’s fates.
It is also a serious violation of the law. The 4th and 5th Amendments to the Constitution of my country, Article 12 of the Universal Declaration of Human Rights, and numerous statutes and treaties forbid such systems of massive, pervasive surveillance. While the US Constitution marks these programs as illegal, my government argues that secret court rulings, which the world is not permitted to see, somehow legitimize an illegal affair. These rulings simply corrupt the most basic notion of justice – that it must be seen to be done. The immoral cannot be made moral through the use of secret law.
I believe in the principle declared at Nuremberg in 1945: “Individuals have international duties which transcend the national obligations of obedience. Therefore individual citizens have the duty to violate domestic laws to prevent crimes against peace and humanity from occurring.”
Accordingly, I did what I believed right and began a campaign to correct this wrongdoing. I did not seek to enrich myself. I did not seek to sell US secrets. I did not partner with any foreign government to guarantee my safety. Instead, I took what I knew to the public, so what affects all of us can be discussed by all of us in the light of day, and I asked the world for justice.
That moral decision to tell the public about spying that affects all of us has been costly, but it was the right thing to do and I have no regrets.
Since that time, the government and intelligence services of the United States of America have attempted to make an example of me, a warning to all others who might speak out as I have. I have been made stateless and hounded for my act of political expression. The United States Government has placed me on no-fly lists. It demanded Hong Kong return me outside of the framework of its laws, in direct violation of the principle of non-refoulement – the Law of Nations. It has threatened with sanctions countries who would stand up for my human rights and the UN asylum system. It has even taken the unprecedented step of ordering military allies to ground a Latin American president’s plane in search for a political refugee. These dangerous escalations represent a threat not just to the dignity of Latin America, but to the basic rights shared by every person, every nation, to live free from persecution, and to seek and enjoy asylum.
Yet even in the face of this historically disproportionate aggression, countries around the world have offered support and asylum. These nations, including Russia, Venezuela, Bolivia, Nicaragua, and Ecuador have my gratitude and respect for being the first to stand against human rights violations carried out by the powerful rather than the powerless. By refusing to compromise their principles in the face of intimidation, they have earned the respect of the world. It is my intention to travel to each of these countries to extend my personal thanks to their people and leaders.
I announce today my formal acceptance of all offers of support or asylum I have been extended and all others that may be offered in the future. With, for example, the grant of asylum provided by Venezuela’s President Maduro, my asylee status is now formal, and no state has a basis by which to limit or interfere with my right to enjoy that asylum. As we have seen, however, some governments in Western European and North American states have demonstrated a willingness to act outside the law, and this behavior persists today. This unlawful threat makes it impossible for me to travel to Latin America and enjoy the asylum granted there in accordance with our shared rights.
This willingness by powerful states to act extra-legally represents a threat to all of us, and must not be allowed to succeed. Accordingly, I ask for your assistance in requesting guarantees of safe passage from the relevant nations in securing my travel to Latin America, as well as requesting asylum in Russia until such time as these states accede to law and my legal travel is permitted. I will be submitting my request to Russia today, and hope it will be accepted favorably.
If you have any questions, I will answer what I can.
Thank you.”
A transcrição saiu do site do Wikileaks.
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