Já a apresentação de Clairo no segundo fim de semana do festival Coachella foi idêntica à primeira, à exceção da participação do político Bernie Sanders. Mas isso não é um problema, uma vez que seu show está cada vez mais redondo e ela cada vez mais à vontade frente às multidões, não deixando que a larga escala interfira na atmosfera intimista de seu disco Charm, base de suas atuais apresentações ao vivo. Mas a transmissão online do festival proporcionou um momento inusitada e magicamente sincronizado, quando transmitiu a apresentação da boy band de k-pop Enhypen quando Clairo cantava seu hit “Bags”, causando uma breve pane mental em quem assistia o show ao vivo pela web provavelmente elucidada com um sorriso.
Em sua aparição no segundo fim de semana do festival Coachella, nos Estados Unidos, Charli XCX repetiu o show da semana passada, só que com menos atrações – saíram Lorde, Billie Eilish e Troyan Sivan para a entrada de Addison Rae (que acabou de lançar seu novo single, “Headphones On”) como participação em “Von Dutch”. Mas a principal diferença ficou para o final, quando ela voltou a falar – pelos telões – sobre um fim iminente para seu verão Brat saudando seus pares – tanto da música quanto do cinema (não esqueça que ela está fazendo um filme com o estúdio A24 e teve seu Letterboxd revelado no fim do ano passado) – que estão prestes a lançar novos trabalhos, evocando um verão dedicado a Addison Rae, PinkPantheress, Haim, Pulp, Aidan Zamari, Yung Lean, Ethel Cain, David Cronenberg, Kali Uchis, Perfume Genius, Sean Price Williams, Rosalia, Ari Aster, Kogonada, Caroline Polachek, Paul Thomas Anderson, Joachim Trier, These New Puritans, Hailey Benton Gates, Turnstile, A$AP Rocky, Darren Aronofsky, Blood Orange, Bon Iver e Celine Song. Ela ao mesmo tempo deu uma das chaves da fórmula de seu sucesso do ano passado (dedicando uma estação inteira a um álbum – e podendo esticá-la se desse certo) quanto acenou para possíveis colaborações em projetos futuros. Muito gênia.
E sábado também teve Clairo no Coachella, que aproveitou a oportunidade para aumentar ainda mais a grandeza de seu ótimo Charmed, passeando por quase todo o repertório do disco do ano passado e chamando não apenas os ex-integrantes de sua banda Shelly para dividir o palco em “Steeeam” como chamando ninguém menos que o principal político de oposição nos EUA, Bernie Sanders, para apresentá-la ao palco. Ela é demais ❤️
E neste sábado no Coachella, Charli XCX resolveu subir ainda mais o sarrafo de seu 2024 ao ampliar a grandeza de seu Brat para o palco do festival na Califórnia. Em vez de mostrar músicas novas ou novas colaborações, preferiu reunir, num mesmo show, ninguém menos que Lorde e Billie Eilish (e, vá lá, Troye Sivan também) além de passear por todo o repertório de seu disco do ano passado (à exceção de “B2B” e “Rewind”) e encerrar com uma versão para “I Love It”, da dupla Icona Pop, a primeira vez em que ela entrou no imaginário mundial, em 2012. E em vez de aproveitar o show para mostrar um novo passo em sua carreira ou finalizar o capítulo Brat, ela preferiu deixar em aberto, mostrando um vídeo no final da apresentação em que diz que quer que o verão Brat dure pra sempre… O que ela quer dizer com isso? Brat 2025?
Lady Gaga causou nessa sexta-feira no Coachella ao trazer uma versão burlesca e grandiosa de seu recém-lançado Mayhem como uma ópera dividida em quatro atos (Act I: Of Velvet And Vice, Act II: And She Fell Into A Gothic Dream, Act III: The Beautiful Nightmare That Knows Her Name e Act IV: To Wake Her Is to Lose Her). Entrelaçando hits como “Bloody Mary”, “Poker Face”, “Born This Way”, “Alejandro” e “Born This Way” com as primeiras aparições em palco para “The Beast”, “Garden Of Eden”, “Zombieboy”, “How Bad Do U Want Me”, “Shadow Of A Man” e “Vanish Into You”, ela ainda trouxe uma versão da ótima “Abracadabra” remixada por Gesaffelstein, que foi lançada nas plataformas de áudio no mesmo dia. Seu disco mais recente talvez seja seu melhor álbum (preciso escrever sobre ele) e pode ser que sua versão ao vivo a eleve para um nível que sua carreira ainda não alcançou, tanto em termos artísticos quanto comerciais. O que torna seu show em Copacabana ainda mais importante…