Brincadeira…
E minha coluna do Caderno 2 de hoje volta ao Charlie Sheen, mas pelos olhos do Brett Easton Ellis.
A queda do império
Charlie Sheen e a era digital
A essa altura do campeonato, você deve estar farto de ouvir falar em Charlie Sheen. O ator aprontou e desaprontou junto à produção do seriado Two and a Half Men, em que interpreta um personagem playboy mal-educado que vive uma vida de lazer e decadência, até que foi demitido. Antes de sua demissão, passou a provocar seus chefes com entrevistas em que jogava toda sua arrogância no ventilador, atirando contra tudo e todos que condenam seu estilo de vida com frases de efeito como “‘Não posso’ é o câncer do ‘acontecer’”, “morrer é para tolos”, além de um bordão que repetia quase como um mantra para suas bravatas: “Winning!”.
Demitido da emissora em que trabalhava, foi comemorar o feito no topo de um prédio, bradando contra todos enquanto agitava um facão e tomava uma bebida de uma garrafa escrita “sangue de tigre”.
Mas isso foi há duas semanas. Na semana passada, o escritor Brett Easton Ellis foi contra a massa que chiava do comportamento de Sheen e comemorou as ações do ator ao dizer que ele, na verdade, é uma “celebridade pós-império”, que dá às pessoas o que eles realmente querem ouvir. E o comparava a Lady Gaga, aos reality shows, ao Facebook e à apresentação de Ricky Gervais no Globo de Ouro deste ano. Mas Ellis não estava falando do império americano, não faz esse tipo de analogia barata.
O “império” em queda seria, no caso, toda a indústria de entretenimento que desmorona, principalmente, graças à internet. É ela que humaniza os ícones, destrói barreiras, conecta pessoas sem que elas precisem de um guia como antes. Em outras palavras, Charlie Sheen também é um ícone da era digital.
Telefone sem fio
Japão, CNN, Twiiter e o Godzilla
No dia da maior tragédia no Japão desde o fim da Segunda Guerra Mundial, um dos trending topics do Twitter era Godzilla. Mas olha como o monstrengo foi parar lá. Como é típico das emissoras de notícias em situações dessa proporção, a programação da rede CNN dedicou-se a comentar o acontecimento com todos os tipos de entrevistados. E um deles comparou a destruição do terremoto e do tsunami ao cenário de um filme de monstro. O telefone sem fio começou quando alguém ouviu a frase sendo dita na TV e perguntou no Twitter se a CNN havia feito alguma piada envolvendo o Godzilla.
Foi o suficiente para que milhares de seguidores da rede começassem a reclamar da falta de tato da apresentadora que estava no ar no momento, Rosemary Church. E, em poucas horas, ficou parecendo que o canal de notícias estava ironizando a tragédia. Prontamente, os responsáveis pela área digital da emissora anunciaram via Twitter que estavam checando para ver se aquilo havia sido dito mesmo e, logo depois, avisaram que era só um grande mal-entendido. Mas deve ter gente até hoje achando que a CNN pegou pesado demais…
• Mania de primeiro • Rockmelt: um convite à distração • Personal Nerd – WebTV • Nem Google, nem Apple • Para onde vai o jornalismo online • Tropical e digital • Mais um recordista • As regras do jogo, escritas em chinês • Servidor • Depois do PC e do celular, é chegada a hora dos tablets • Vida Digital: Peter Grünberg •
Da mesma lista da Paste, mais uma desossada: desta vez é o Jon Stewart que desanca os apresentadores do programa de política Crossfire da CNN ao dizer que eles só fazem um mero teatrinho sobre política em vez de falar de verdade sobre o assunto – e sempre que os caras voltam pra dizer qual é o papel dele, ele responde que tem um programa num canal chamado Comedy Central. Esperem pelo menos até ele perguntar a idade do apresentador do programa.
Isso é outra coisa que nunca aconteceria no Brasil, essa república dos tapinhas nas costas.
• A rede social e a sala de aula • Perguntar + responder + discutir = aprender • Juntando alunos de vários países • Professor sai do centro da sala • ‘Aula tradicional não reflete complexidade do mundo atual’, diz pesquisador • ‘Próxima geração terá jornalismo irreconhecível’, diz Jonathan Mann, jornalista e âncora da CNN • Combalidos, veículos impressos reagem • O que fazer quando o Wi-Fi falhar • ‘New York Times’ e o futuro dos jornais: ser ousado é a nova regra • Vida Digital: Laís Bodanzky •