"Classe média dateniana, caráter denuncista escroto"

, por Alexandre Matias

“Há pessoas muito burras, não há sinestesia. Falo algo assim e a pessoa (faz um risinho afetado e bobo com a mão na boca): “Ih, olha o doidão”. Hoje a arte é vista com um olhar que busca o pitoresco. O portal tem a notícia do elefante que morreu entalado com um avestruz no rabo e procura o que no meu disco pode entrar ali do lado. Apareci três vezes no “Fantástico”: quando fui agredido por Chorão, quando comecei a namorar a Mallu e quando Jim Capaldi gravou “Anna Júlia” – lista Camelo, que também reage a quem vê no seu trabalho um louvor ao precário. – Não gosto é da maquiada, de dar à coisa um ar de supercoisa. Tom Zé diz que faz sua música porque é incapaz de fazer outra. Eu também poderia dizer isso, mas não é só. Porque não sei fazer o que o Black Eyed Peas faz, mas também não quero. O que uns entendem como ode à precariedade pode ser ode à humanidade, à incompletude. Ou à verdade, se é que ela existe”

Marcelo Camelo, nO Globo.

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