Esperando acontecimentos

Show, peça, programa de auditório, karokê, luau, quiz show…? A apresentação que os atores Sofia Botelho e Ernani Sanchez fizeram para celebrar a vida e obra de Marina Lima aconteceu mais uma vez nesta quinta-feira no Belas Artes, em mais uma sessão Trabalho Sujo Apresenta que realizo na sala de cinema. O roteiro do espetáculo atravessa os principais hits da cantora carioca ao mesmo tempo que revê sua postura frente à fama, à música brasileira e ao comportamento da época, citando inclusive outros autores contemporâneos como Ana Cristina César e inevitavelmente seu irmão e recém-falecido Antôno Cícero, lembrado com solenindade ao final da apresentação. Os dois reencenavam trechso da vida de Marina – entre entrevistas e participações em programas de TV – ao mesmo tempo em que dividiam os vocais, com Ernani quase sempre tocando um instrumento, seja guitarra, baixo ou violão, e trocavam de figurino. Houve algumas mudanças em relação à apresentação que fizeram no primeiro semestre no Centro da Terra (quando Sofia ainda estava grávida), mas isso é a natureza do teatro.

Assista abaixo:  

Trabalho Sujo Apresenta: Eu, Marina

Enorme satisfação em anunciar mais uma edição da série Trabalho Sujo Apresenta, desta vez trazendo o espetáculo Eu, Marina, peça-show concebida por Sofia Botelho e Ernani Sanchez, que coloca em cena o legado musical de Marina Lima a partir de 12 composições selecionadas do repertório da artista, rearranjadas e interpretadas ao vivo pelos autores-atores da apresentação. O espetáculo mergulha na essência das canções e traz esquetes ligadas à biografia de Marina e às vivências dos próprios artistas. Poemas de autores como Eduardo Galeano, Ana Cristina César e Angélica Freitas adicionam uma camada poética à experiência. Mais do que uma adaptação artística, Eu, Marina é uma oportunidade de explorar o universo das músicas, trazendo à tona novas interpretações e possíveis conexões com o público contemporâneo. O título Eu, Marina surge como uma referência ao que incorporam do espírito de Marina Lima os dois artistas que a interpretam, além de envolver uma brincadeira onde ambos disputam ser “escolhidos” pela artista no jogo “Eu, Marina!!”. A apresentação é mais uma das atrações da celebração dos 29 anos do Trabalho Sujo, cujo aniversário acontece neste mês de novembro, será realizada no dia 21 e os ingressos já estão à venda.

Viver uma música viva

Lembro do exato momento: estava fritando no desafio proposto pela Marina do Belas Artes de transpor o Dummy do Portishead para o palco do cinema em mais uma sessão Trabalho Sujo Apresenta e montando um lego mental entre instrumentistas, produtores e vocalistas que fizesse sentido ao mesmo tempo em que topasse o desafio quando, no meio dum show da Manu Julian no Bar Alto, olhei para o lado e lá estava o Lauiz assistindo à apresentação de sua parceira de Pelados. Ela no palco repetia mais uma vez o riscado do primeira show solo de sua vida, quando aceitou a provocação que fiz para exercitar seu músculo criativo fora das duas bandas que encabeça, a Pelados e a Fernê, e topo fazer um show com seu próprio nome (à época ainda Manuella, num exercício de alteridade com seu nome de batismo, para além do encurtamento típico paulistano) no Centro da Terra. E nesta empreitada, chamou o compadre Thales Castanheira para acompanhá-la tocando guitarra. Vi Manu e Thales no palco sendo observados por Lauiz e caiu a ficha: são os três que vão fazer esse disco. Fiz o convite, os três toparam curtindo a ideia e que felicidade descobrir que mais do que encarar como um frila, os três aproveitaram para debruçar-se sobre o processo criativo do Portishead e recriaram o disco depois de desconstruí-lo, adaptando o disco de 1994 para a realidade sonora de 2024 sem necessariamente virar do avesso as canções. Era uma releitura que respeitava os arranjos originais mas sem tratá-los de forma sacra, tirando elementos que hoje soam datados (como os scratches de vinil, que Lauiz substituiu por glitches digitais a partir de sua devoção aphextwinana ao ruído desta natureza) e acrescentando outros que soavam mais próximos à sonoridade atual, trazendo a força original das canções a uma energia vital sem nostalgia, com foco no presente. Enquanto Thales dividia-se entre as bases recriadas e a guitarra à John Barry, Manu soltava sua voz sem usar a de Beth Gibbons como referência – e o que nos ensaios parecia confortável e aconchegante no palco pegou fogo, graças à presença de palco e ao canto seguro e dramático desta que é minha cantora favorita de sua geração. Mas o mais legal deste processo foi descobrir o nerdismo e o profissionalismo do trio aliados ao completo escracho e cumplicidade de uma irmandade de alma. Suspeitava que os três tinham uma sintonia desta natureza mas nem nos meus sonhos mais otimistas podia supor o quanto eles funcionavam bem. O que vimos no palco do Belas Artes nesta quinta foi apenas o reflexo de quatro meses de trabalho que, como Manu comentou em uma de suas poucas intervenções, começou com o curta To Kill a Dead Man, thriller nouvellevagueano abstrato e tenso que o grupo produziu e lançou antes do disco e que pautava suas opções estéticas, que exibimos no início da sessão e que batizou a versão que fizemos, chamada Dummy 30 anos – Matar Um Homem Morto. E na hora do vamo ver, o show cresceu vertiginosamente, ainda mais com a distorção lisérgica da textura VHS que Danilo Sansão fazia na tela de cinema ao misturar imagens do curta com outras que sua parceira Vitoria Trigo captava na hora. Reto e sem bis, o show do disco lotou a sala 2 do Belas Artes de um público que apaixonou-se pelas versões que os três fizeram. É tão bom quando um plano dá certo…

Assista abaixo:  

Trabalho Sujo Apresenta: Dummy 30 anos – Matar Um Homem Morto

Em mais uma sessão Trabalho Sujo Apresenta realizada no Cine Belas Artes, celebramos o primeiro disco da banda Portishead, Dummy, lançado há exatos 30 anos. Em mais um show que dirijo, reuni três jovens talentos da nova cena paulistana para recriar o disco que elevou o trip hop a um novo patamar a partir do encontro de Manu Julian (vocalista das bandas Fernê e Pelados), Thales Castanheira (que acompanha Manu em seus shows solo) e Lauiz (produtor musical e também integrante do grupo Pelados). Os três contarão com o apoio visual de Danilo Sansão, que, ao lado de Manu, traduz na tela do cinema de rua mais tradicional de São Paulo, a estreia da banda de Bristol no espetáculo Dummy 30 anos – Matar Um Homem Morto, inspirado não apenas no álbum de 1994 mas também no vídeo que o antecedeu, To Kill a Dead Man, quando a banda experimentou misturar jazz dos anos 50 e trilhas sonoras dos anos 60 no amálgama de soul music, música eletrônica, hip hop e reggae que já vinha sendo conduzido pelos conterrâneos de artistas como Massive Atttack e Tricky. A apresentação acontece no dia 17 de outubro e os ingressos já estão à venda neste link.

Trabalho Sujo Apresenta: Bate-Estaca no Belas Artes

Agente e testemunha das transformações musicais que mexeram com a vida noturna de São Paulo entre os anos 80 e 90, Camilo Rocha fala de escrever um livro sobre este período desde que a gente se conheceu, no meio dos anos 90, quando ele, recém-chegado da Inglaterra, trouxe o conceito de raves para o Brasil e esteve envolvido na produção de algumas das primeiras festas desse tipo por aqui. Ele cobre música de pista desde essa época, quando enfrentava chiliques de leitores roqueiros raivosos da falecida Bizz que reclamavam que a revista dava espaço para esse tipo de música e foi um dos criadores do mitológico Rraul, site/fórum que deschavava a cena deste tipo de música em todo o Brasil. Depois de décadas de produção, ele finalmente lança Bate-Estaca – Como DJs, drag queens e clubbers salvaram a noite de São Paulo pela editora Veneta e o convidei para participar de mais uma edição da sessão Trabalho Sujo Apresenta, que tenho realizado no Cine Belas Artes, desta vez trazendo o autor para falar do livro antes de vê-lo discotecar no mezanino do cinema. A festa acontece no dia 12 de setembro e eu mesmo converso com Camilo a partir das 19h30 para, uma hora depois, entrarmos no modo discotecagem, quando teremos a DJ Linda Green como convidada da noite. Os ingressos já estão à venda neste link. O Belas Artes fica na rua da Consolação, 2423, do lado da Estação Paulista da Linha Amarela do metrô.

Stop Making Sense no Belas Artes!

Stop Making Sense, o clássico show dos Talking Heads dirigido por Jonathan Demme, volta mais uma vez aos cinemas brasileiros essa semana, dessa vez em grande escala, com sessões em várias salas no país – e o Cine Belas Artes aqui em São Paulo resolveu aproveitar a deixa para emendar a exibição, que acontece na sexta-feira, dia 30, às 20h, com mais um show apresentado em uma de suas salas, desta vez com o grupo Mariachis Marcianos, que reúne integrantes das bandas Yellow Beatles, Ecos Falsos, Laikabot e Earl Greys para tocar músicas do Talking Heads e de outros grupos contemporâneos da banda nova-iorquina (como B-52s, Blondie e Human League) logo após a exibição do filme. Os ingressos para essa sessão começam a ser vendidos nessa sexta-feira às 11h através do Sympla ou na bilheteria do Belas Artes a partir das 13h. E na outra sexta, dia 6 de setembro, o cinema abre mais uma sessão Ao Vivo no Belas para promover o lançamento do single “Gustavo do Standup”, que a banda Ecos Falsos irá realizar no cinema. Os ingressos para este show já estão à venda.

Feitiço cinematográfico

Foi bonito demais ver Ava Rocha transformar uma sala de cinema em seu palco no espetáculo Femme Frame que ela fez dentro da sessão Trabalho Sujo Apresenta que fizemos nesta quinta-feira no Cine Belas Artes. Com seu cúmplice Chicão Montorfano no piano elétrico, ela conduziu o público que encheu uma das salas do tradicional cinema de rua paulistano por canções suas e de outros autores, regendo-o com seu corpo e voz ao mesmo tempo em que era ornada pelas luzes de Mau Schramm e pelos vídeos projetados por Carol Costa, que usou animações feitas pela própria Ava e imagens captadas por Jade Monteiro e Otávio de Roque, na tela do cinema, criando um clima única para a realização da show, que ainda celebrou o primeiro ano de seu disco mais recente, Néktar, que acaba de ganhar nova versão em vinil, e teve participações improvisadas da percussionista Victória dos Santos e do tecladista Vini Furquim, ambos parceiros de Ava, que subiram para cantar duetos no final da noite. Foi maravilhoso.

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Trabalho Sujo Apresenta: Ava Rocha em Femme Frame no Belas Artes

Retomando a sessão Trabalho Sujo Apresenta no Belas Artes, desta vez tenho o enorme prazer de receber nossa musa Ava Rocha em mais uma apresentação de voz e piano ao lado do Chicão Montorfano. Femme Frame começou em 2022 como uma temporada no Centro da Terra em que a cantora carioca soltava seu lado intérprete ao lado de queridos como Tulipa Ruiz, Filipe Catto e Negro Leo, e ampliou-se em um show maravilhoso que passou pela Casa de Francisca e pelo Bona, entre outros lugares. Agora é a vez de trazer Femme Frame ao Belas Artes, quando ela apresenta-se no clássico cinema de rua paulistano mostrando algumas de suas pérolas e versões para clássicos da música brasileira. A apresentação acontece no dia 11 de julho e os ingressos já estão à venda neste link.

“No regrets, coyote”

E esse Both Sides Now que a Luíza Villa tá fazendo em homenagem à Joni Mitchell no Belas Artes vai ser bonito demais… Olha só essa versão de “Coyote” que a gente passou neste domingo. A apresentação vai acontecer no dia 31 de outubro, logo depois da exibição do documentário Echo in the Canyon, sobre a cena do bairro de Laurel Canyon, em Los Angeles, no final do anos 60, que viu florescer não apenas a obra de Joni como de artistas como Byrds, Buffalo Springfield, Mamas & The Papas, Doors e Frank Zappa. O show da Luíza acontece logo depois e os ingressos já estão à venda neste link.

Assista abaixo:  

Trabalho Sujo Apresenta: Both Sides Now – Joni Mitchell por Luíza Villa

Sigo desbravando lugares para fazer shows e dessa vez vamos colocar música no cinema. Retomo a sessão Trabalho Sujo Apresenta no final de outubro ao apresentar uma proposta que a cantora e compositora Luíza Valle me fez, um show para celebrar as canções de Joni Mitchell quando ela completa 80 anos. No show Both Sides Now: Joni Michell por Luíza Valle, ela apresenta as canções da trangressora cantora e compositora canadense em ordem cronológica, tanto tocando solo ao violão quanto acompanhada de sua banda. A apresentação acontece no clássico Belas Artes, no dia 31 de outubro, logo após a exibição do documentário Echo in the Canyon (dirigido por Andrew Slater, 2018), que conta a história da cena californiana na qual a canadense floresceu. Apresentado pelo filho de Bob Dylan, Jakob, Echo in the Canyon conta a história da vizinhança de Lauren Canyon, bairro de Los Angeles que tornou-se polo de atração para toda uma geração de músicos norte-americanos que, influenciado pela psicodelia inglesa dos Beatles, começou a mudar a cara da música pop dos anos 60, reunindo artistas tão diferentes quanto os Beach Boys, The Mamas & The Papas, The Doors e Frank Zappa. O documentário reúne cenas de época e entrevistas com protagonistas desta cena como Brian Wilson (Beach Boys), Michelle Phillips (Mamas & Papas), Stephen Stills (Buffalo Springfield), David Crosby e Roger McGuinn (Byrds), Neil Young e artistas contemporâneos fãs daquele movimento, como Beck, Fiona Apple, Cat Power e Norah Jones. A apresentação dupla acontece no dia 31 de outubro, a partir das 20h30 e os ingressos já estão à venda neste link.