Cinco Perguntas Simples: Guilherme Barrela

, por Alexandre Matias

1) O disco (como suporte físico) acabou?
Não, eu sou daqueles que acham que nunca vai acabar. Claro que o nunca é exagerado, mas até o vinil ainda resiste. Ainda existe muita gente que gosta de encarte, gosta de ter alguma coisa pra segurar. Mas o disco é cada vez mais um objeto de arte, digamos assim, do que eu produto de consumo.

2) Como a música será consumida no futuro? Quem paga a conta?
Acredito que o formato digital vai acabar virando o padrão. quem paga é quem sempre pagou, o consumidor. se quiser algo numa qualidade técnica superior, ou mais rápido, ou até como uma forma de consumo consciente, vão pagar. Mas faz tempo que artista não ganha com venda de disco. Existem muitos subprodutos nesse mercado, como os shows, por exemplo.

3) Qual a principal vantagem desta época em que estamos vivendo?
Temos à mão tudo o que existe no mundo, tudo o que quisermos. de qualquer época, qualquer lugar, qualquer nicho, grande ou pequeno, comum ou raro, em inúmeras versões. No fim, isso acaba sendo também a principal desvantagem, hoje. o consumidor ainda não está preparado para estar no controle, ainda precisa de um filtro. mas nada que o tempo não possa acostumar.

4) Que artista voce só conheceu devido às facilidades da época em que estamos vivendo?
Posso citar infinitos nomes, até um dia em que vamos poder dizer: todos. Me considero um cara fuçador, mas minha coleção de rock sueco dos anos 60 e 70 não existiria há 10 anos atrás.

5) O estado da indústria da música atual já realizou algum sonho seu que seria impossível em outra época?
Não, acho que falta muito pra realizar sonhos. e o mérito não seria do estado da indústria musical, mas da tecnologia. Nesse caso, dá pra citar algumas coisas que seriam mais difíceis em outras épocas. hoje existem cada vez menos ídolos e estrelas. Tá todo mundo no mesmo nível, eu posso conversar de igual pra igual com um artista que admiro. Posso, inclusive, colaborar com ele, cada um no seu canto. lançar um disco em qualquer parte do mundo, ser grande no Japão e desconhecido aqui, etc.

Guilherme Barrela toca a distribuidora Peligro e é o Blue Afternoon.