Cinco Perguntas Simples: Daniel Ganjaman

, por Alexandre Matias

1) O disco (como suporte físico) acabou?
Não acho que o disco tenha acabado e nem que vá acabar tão cedo. Ainda existe muita gente que da importância ao fator físico, de ter o disco com capa, informações e tudo mais. Acho que é um suporte que perdeu muita força, e principalmente, acho que a indústria fonográfica – especialmente as grandes gravadoras – continua instistindo em um formato de trabalho que já está falido a algum tempo. Estamos vivendo um momento de transição brutal e acho tudo isso muito interessante.

2) Como a música sera consumida no futuro? Quem paga a conta?
Essa é a pergunta que não quer calar. Algumas gravadoras já estão trabalhando com participação nos lucros dos shows das bandas contratadas, pelo simples fato de não terem competência o suficiente para recuperar o dinheiro investido na produção e marketing do disco e ainda lucrar com a vendagem. Acho que caminhos alternativos surgirão, dentro desses novos formatos de consumo de música – seja ringtone, download, podcast e oque mais vier a ser inventado.

3) Qual a principal vantagem desta epoca em q estamos vivendo?
Acho que a principal vantagem é a democratização de arquivos e programas ligados a música, que possibilitam o acesso a um vasto material a qualquer pessoa conectada e interessada no assunto – coisa que já foi um desafio enorme a uns 15 anos atrás. Hoje em dia, qualquer moleque com algum talento e alguma vontade pode fazer boa música com qualquer computador barato e ter acesso a praticamente qualquer música – em programas que compartilham arquivos entre usuários. No começo dos anos noventa, se me dissessem que em 15 anos tudo isso aconteceria, eu com certeza não acreditaria.

4) Que artista você só conheceu devido às facilidades da epoca em que estamos vivendo?
Ah, muita coisa. Quando instalei o Soulseek no meu computador, deixei-o ligado por mais de um mês direto. Devo ter feito download de uns 15 Giga de MP3 só nessa primeira leva. Fiquei maluco! Pra quem viveu a realidade de ter que comprar fita cassete gravada pelo dono da loja da galeria do rock, o soulseek é como um sonho.

5) O estado da indústria da música atual já realizou algum sonho seu que seria impossível em outra época?
Não digo a indústria musical em si, mas as facilidades que a tecnologia nos proporciona já me ajudou muito no meu trabalho. Um fato curioso foi durante a mixagem do disco da Mombojó, que não tivemos tempo suficiente para terminar o disco no estúdio da Trama – onde o disco foi gravado e quase todo mixado. Para trabalharmos com mais tranquilidade, resolvi mixar duas músicas em meu estúdio – o estúdio El Rocha – mas a banda não pode estar presente, pois tiveram que voltar para Recife. Usando um programa desses de conversa pelo computador, pudemos mixar as faixas como se eles estivessem presentes. Foi incrível!

* Daniel Ganjaman é um dos integrantes do Instituto. Sua entrevista não entrou na edição final da revista porque ele respondeu depois do fechamento, mas tá valendo.