Memórias inéditas

Lulina começou sua temporada Decantar e Decompor no Centro da Terra revirando um baú de inéditas – e fez isso com uma formação inédita que parece sempre ter sido a banda com quem ela se apresentou: os synths do mombojó Chiquinho Moreira (com quem a cantora gravou um disco de ficção científica durante a pandemia) se misturavam com os teclados de Katu Hai (que por vez tirava uma flauta transversal ou um flugelhorn milimetricamente inserido em algumas canções), criando uma cama de textura sonora que encaixava-se perfeitamente à base formada pelo baixo sinuoso de Hurso (com quem, por sua vez, Lu gravou um disco de amor no mesmo período) e pelo ritmo mínimo e preciso da baterista Bianca Predieri. Salpicando discretas notas de eletricidade, o guitarrista Lucca Simões deixava Lu livre para reger a banda apenas com os acordes claros de sua guitarra e suas apaixonantes, doces e irônicas canções – não sem antes brincar com a estreia de uma guitarra eletrônica com quem tocou duas músicas. O convidado desta primeira noite foi o cantor paraense Bruno Morais, com quem Lulina tocou uma de suas primeiras canções (“Outra história de Shan Lao”, do disco Acoustique de France, de 2001), a canção de Lulina que ele gravou em seu Poder Supremo (“Cores”) e finalizando com uma versão deslumbrante pra uma das músicas mais bonitas desta compositora pernambucana que tanto amamos, “Nós”.

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Carnaval 8-bit

diatron

O pródigo pianista Vitor Araújo e Chiquinho, tecladista do Mombojó, juntaram seus instrumentos para celebrar o carnaval de seus ancestrais pernambucanos, com aquele sabor retrô do começo do novo século, e inventaram o Diatron, projeto em que relembram antigos frevos tocados com timbres dos anos 80. Parece só uma piada, mas pare e preste atenção: é coisa séria. Digo, pra quem, como eu, acha que carnaval é coisa séria.