A chegada de Mawu

, por Alexandre Matias
Foto: Pérola Lopes (Divulgação)

Foto: Pérola Lopes (Divulgação)

Projeto de Eduardo Camargo (ao centro na foto acima), o grupo Mawu é um mergulho no sincretismo cultural brasileiro. Livre de gêneros e formatos pré-estabelecidos, ele também é um experimento de gestão de carreira artística, mais um passo que o selo Risco vem dando rumo a uma autonomia comercial e artística de suas empreitadas. A diferença é que eles invertem o processo: em vez de pensar em alternativas comerciais para emplacar um artista, buscam reforçar características autorais para depois ver como isso funciona em termos de mercado. Tem dado certo – foi assim que consolidaram a carreira d’O Terno, vêm moldando a carreira de Luiza Lian e agora permitem que Eduardo parta para essa experimentação artística, cujo primeiro disco, Chamamento, foi lançado na semana passada. E agora eles lançam o primeiro clipe do projeto aqui no Trabalho Sujo. Conversei também com o Eduardo sobre a forma como ele moldou este trabalho, cujo show de lançamento acontece nesta sexta-feira, na Casa do Mancha (mais informações aqui).

Como surgiu o Mawu?
A banda surgiu de um convite. O Guilherme Jesus Toledo, um dos donos do selo Risco e amigo meu de longa data, perguntou para mim quando eu iria participar do selo com alguma história minha. Eu disse que não tinha feita nada por falta de dinheiro. Ele disse então, que era para a eu fazer algo mesmo assim, que a gente daria um jeito para que a coisa rolasse. Eu topei na hora. Foi assim.

É uma banda ou um projeto?

Eu não sei dizer ainda, pois é algo muito novo que está em construção. A dinâmica atual esta sendo mais centralizada em mim. Eu trago as músicas e dou uma direcionada no arranjo mais em termos estéticos do que musicais. O resto e criação coletiva. Mas por agora só. Minha intenção ao longo prazo é que o Mawu seja um espaço para escoar músicas de outras pessoas. Seja um espaço para abarcar uma forma de tocar, compor etc. Que a gente possa tocar do nosso jeito uma música que a gente acha que tem haver com o Mawu. E formar um repertório coletivo. Fazer esse trabalho de interprete também.

Como você reuniu os músicos para tocar neste disco?
Guilherme Giraldi e Charles Tixier são músicos que eu conheço e toco quase há 10 anos. Junto com a Luiza Lian temos uma banda de jazz chama Nuage Jazz, que crescemos tocando na noite paulistana. Igor Caracas conheci na produção de um álbum que trabalhei como co-produtor da banda Holger. Gostei tanto dele que depois fui fazer aula de percussão com ele. O Chicão, foi indicação do Guilherme Giraldi já que precisamos de um elemento no teclado eu não tinhamos. Ele foi a pessoa que gravou, mas infelizmente não esta mais na banda. Quem toca todas as teclas hoje é o Mauricio Orsolini.

De onde vem o nome da banda?
Eu estava com muita dificuldade de decidir qual seria o nome da banda, depois que gravamos. No inicio tinha certeza que esse nome viria, que o vento ia me trazer. Mas nada veio. E o tempo estava passando, e precisávamos de um nome. Até o Guilherme Giraldi deu a sugestão de eu ir procurar esse nome de uma outra forma. Decidi pedir ajuda para uma amiga, Sandra de Xadantã, uma mãe de santo de um terreiro que sou amigo das pessoas que tocam o lugar. Depois de muita conversa, de ela ouvir o CD comigo, e com a ajuda do búzios nos chegamos em algum nomes e dentro deles estava MAWU. Gostei em especial dele. Ela disse que tudo bem usar. Fomos nele.

E como é o show?
No show tocamos músicas do CD com arranjos diferentes. Além disso fazemos músicas novas que não foram gravadas. No mesma divisão que está no CD. As instrumentais são de minha autoria. As canções compus com meu parceiro Kike Toledo, sambista que eu tive o prazer de produzir seu primeiro álbum. O show de estréia sexta agora na Casa do Mancha, vai contar com a participação do Kike Toledo e Victoria Saavedra nos vocais, e na percussão Abuhl Junior e Eder “O” Rocha.

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