O verão Brat entra em 2025…

E neste sábado no Coachella, Charli XCX resolveu subir ainda mais o sarrafo de seu 2024 ao ampliar a grandeza de seu Brat para o palco do festival na Califórnia. Em vez de mostrar músicas novas ou novas colaborações, preferiu reunir, num mesmo show, ninguém menos que Lorde e Billie Eilish (e, vá lá, Troye Sivan também) além de passear por todo o repertório de seu disco do ano passado (à exceção de “B2B” e “Rewind”) e encerrar com uma versão para “I Love It”, da dupla Icona Pop, a primeira vez em que ela entrou no imaginário mundial, em 2012. E em vez de aproveitar o show para mostrar um novo passo em sua carreira ou finalizar o capítulo Brat, ela preferiu deixar em aberto, mostrando um vídeo no final da apresentação em que diz que quer que o verão Brat dure pra sempre… O que ela quer dizer com isso? Brat 2025?

Assista abaixo:  

Minha lista de melhores de 2024 dentro da votação do Scream & Yell

Não passou o carnaval ainda então dá tempo de remoer o ano que terminou tem quase um mês e meio, por isso segue abaixo a minha votação na lista mais tradicional de melhores do ano da internet brasileira, promovida pelo heróico Scream & Yell do compadre Marcelo Costa.

Leia abaixo:  

Os 75 discos de 2024 que mais curti: 1) Charli XCX – Brat

“It’s obvious I’m your number one”

Ouça abaixo:  

O manifesto Brat

E Charli XCX acaba de compartilhar uma espécie de manifesto de seu disco do ano quando, ainda em 2023, rascunhou o que planejava fazer com o próximo disco, que já era batizado de Brat e vinha envolto desde o início em uma estética própria – inclusive neste próprio manifesto, publicado em CAPS LOKI. Publiquei a tradução abaixo:  

Charli XCX ♥ Velvet Underground

Ao receber o prêmio de Hitmaker do Ano pela revista norte-americana Variety neste sábado, a inglesa Charli XCX aproveitou para celebrar a importância do primeiro disco do Velvet Underground, que ela resumiu como sendo “a definição de um hit”, mesmo tendo vendido pouco em seu tempo e hoje figurar entre uma das maiores obras de arte do século passado. Postei o vídeo de seus agradecimentos do prêmio abaixo e a tradução do trecho em que ela celebra o disco da banana logo em seguida:  

Brat em casa

O ano vai chegando no fim e Charli XCX firma seu evento Brat como um dos principais acontecimentos do ano – que segue arrasando corações e quarteirões. E no final de novembro ela trouxe seu circo para casa, quando apresentou seu disco ao vivo em grande escala na Inglaterra, especialmente no show desta quinta-feira, na O2 Arena, quando recebeu a conterrânea Shygirl (com quem dividiu “365”), a norte-americana Caroline Polachek (que cantou sua versão para “Everything is Romantic”) e os suecos Robyn e Yung Lean para dividir o palco com ela pela primeira vez, na faixa de abertura do disco de remixes, “360”. Charli aproveitou para cantar “Welcome To My Island” com a Polachek e o hit eterno “Dancing On My Own” ao lado de sua autora Robyn e a noite ainda contou com o noivo de Charli, o baterista do grupo The 1975 George Daniel finalmente fazendo a infame coreografia que viralizou para a irresistível “Apple”, um dos vários hits de Brat. Quem segura XCX?

Assista abaixo:  

Vida Fodona #830: Sem muito papo

Chega mais.

Ouça abaixo:  

Olha o Primavera 2025…

LCD Soundsystem, Charli XCX, Stereolab, Kim Deal, Haim, Spiritualized, Jesus Lizard, Wet Leg, TV on the Radio, Salif Keita, Floating Points, Magdalena Bay, Jamie Xx, Idles, Chappell Roan, Cat Power, Fontaines D.C., Caribou, Parcels, Clairo, Beach House, FKA Twigs, Sabrina Carpenter, Beabadoobee, John Talabot, Destroyer… OLHA A ESCALAÇÃO DO PRIMAVERA DE BARCELONA DO ANO QUE VEM… Os ingressos começam a ser vendidos na próxima semana através desse link.

Um fenômeno chamado Brat

Lost completou 20 anos há pouco tempo e de vez em quando alguém me pergunta se vale a pena rever a série. Eu digo que vale, ela segue boa, mas se você nao viu a série em 2004 em diante, você nunca terá noção de como ela foi boa. Lost encapsula um contexto que trabalha com várias camadas daquela nova contemporaneidade, que desconectava a TV da grade de programação fixa, abria margem para especulações sobre diferentes futuros para os personagens e transformava o público em analistas de narrativa. Elementos transmídia, pontos de vista contraditórios, erosão de gêneros, personagens aprofundados e enigmas que misturavam toda sorte de mitologia, politica, teorias da conspiração e questões espirituais levados ao mercado de massas. Se você nao viveu o tempo de Lost, uma boa comparação é o disco-fenômeno que Chali XCX lançou no meio desse ano (a versão de remixes que é a terceira encarnação de uma mesma obra) e se firma como o grande produto cultural de 2024. Brat tem tantas camadas que reúnem conceitos que são a cara do nosso tempo: discussões sobre relacionamentos, sobre o peso que a fama exerce na arte, a onipresença online, a manipulação da própria imagem, a separação entre vida e trabalho. Tudo isso envelopado numa dance music cabeçuda e pós-moderna, eletrônica séria equilibrada com refrães pop e ganchos grudentos que pouco vem desfilando um elenco de convidados que praticamente mapeia quem é quem na música pop deste ano. A nova versão do disco ousa ainda mais e estica a temporada Brat para além do verão no hemisfério norte. Ouvir esse disco daqui a 20 anos não vai dar a sensação de agora que sentimos hoje, enquanto ele pulsa cada vez mais. Um golpe e uma joia ao mesmo tempo.

Ouça abaixo:  

E o caldo do disco de remixes da Charli XCX tá engrossando e agora inclui Ariana Grande, Julian Casablancas e muito mais…

Agora foi a própria Charli XCX quem postou em seu Instagram outras fotos feitas por aí com outdoors, telas de led e cartazes anunciando mais participações em seu disco de remixes que sai na próxima sexta-feira. Alguns nomes (Lorde, Billie, A.G. Cook, Addison Rae, Troye Sivan, Robyn) já são manjados, outros (The 1975. Japanese House, Jon Hopkins, Bon Iver, cantora Tinashe, Bladee e Yung Lean) pintaram antes essa semana, mas alguns (Julian Casablancas! Ariana Grande! Caroline Polachek!) são impressionantes e inusitados. E esta nova versão, chamada de Brat and it’s Completely Different But Also Still Brat, vem num formato físico ocupa três LPs, ao contrário das versões em vinil duplo anteriores, o que pode sugerir que há mais nomes vindo aí – e, como eu disse, já falaram em Haim, Rebecca Black, Chapell Roan, Rosalía, Kim Petras, Ke$ha… e até Taylor Swift! Seeerá?

Veja abaixo: