Invertendo completamente a lógica de produção artística, Isabel Lenza faz o primeiro show de sua vida no Centro da Terra, abrindo as atividades do espaço em que sou curador de música neste 2018. Depois de começar a carreira trabalhando nos bastidores para depois compor (é coautora de parte das canções do segundo disco de seu ex-companheiro, Marcelo Jeneci), ela gravou sua estreia Ouro sem nunca ter subido num palco, o que faz em uma minitemporada de duas segundas-feiras, dias 5 e 19, num processo que está chamando de Ouro Aberto (mais informações aqui). Conversei com ela sobre esta fase de sua novíssima carreira.
Como Ouro começou?
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Quando o disco começou a se materializar?
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É a primeira vez que você apresenta-se ao vivo, fale sobre este processo.
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Depois destes primeiros shows quais serão os próximos passos?
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Retomamos as atividades no Centro da Terra em 2018 com shows de três artistas durante o mês de fevereiro. Quem inaugura a nova temporada é a debutante Isabel Lenza, que faz seus primeiros shows da vida ao mostrar seu disco Ouro ao vivo com uma banda que conta com integrantes do Bixiga 70 na formação – ela toca na próxima segunda (dia 5) e na segunda seguinte à do carnaval (dia 20). Após a folia é a vez do mítico Negro Leo inaugurar as terças-feiras da programação (dias 20 e 27), mostrando seu Action Lekking ao vivo, disco que foi rascunhado durante sua temporada no ano passado, em abril. E na última segunda-feira do mês é a vez da Papisa revisitar o espetáculo Tempo Espaço Ritual, que inaugurou em outubro do ano passado no mesmo local. E prepare-se que é só o começo do ano, logo após o carnaval anuncio os donos das temporadas do primeiro semestre deste imprevisível 2018. O Pedro deu mais detalhes sobre a temporada deste mês em seu blog no Estadão e os ingressos já estão começando a ser vendidos online aqui.
A primeira curadoria que exerci em 2017 começou no ano anterior, quando a Keren me chamou para assumir o papel de curador de música do Centro da Terra. Para mim o desafio era simples mas ao mesmo tempo complexo: chamar artistas para valorizar o espetáculo e criar novos projetos a partir do próprio local (ele mesmo uma viagem para dentro, como o próprio tom do meu 2017). Uma matemática irracional me fez criar o projeto Segundamente, em que artistas têm quatro segundas-feiras para criar um projeto próprio, de preferência inédito. Assim, tivemos os 15 anos de carreira do Tatá Aeroplano em março, o Chega em São Paulo de Negro Leo em abril, o Mergulho de Tiê em maio, o Depois a Gente Vê de Thiago França em junho, o Na Asa de Luísa Maita em julho, o Música Resiliente em Camadas Lentas do Maurício Takara em agosto, o Mete o Loco de Rafael Castro em setembro, o Persigo SP de Saulo Duarte em outubro e o Enfrente de Alessandra Leão em novembro, além dos shows individuais de Iara Rennó (Feminística), Luiza Lian (Oyá: Centro da Terra) e Papisa (Tempo Espaço Ritual), nos meses com cinco segundas-feiras. Foram meses de aprendizado e preparo, intensos e emocionantes, com o desafio de fazer o público da região do Sumaré sair de casa nas segundas-feiras para ver shows que não veria em nenhum outro lugar. Ainda teve o sensacional encontro com todos estes artistas na primeira segunda de dezembro, provando que a música vibra sem precisar de regras ou planos. É só deixar rolar. Agradeço imensamente a todos os artistas que convidei e também a todos que foram convidados por estes artistas, transformando o Centro da Terra em um núcleo de produção musical avançada numa época em que fazer cultura parece ser subversivo – porque talvez o seja.
2017 foi um ano de auto-análise, de autoconhecimento, de olhar para dentro para saber o que queremos do lado de fora. Enquanto 2016 foi uma porrada inesperada (entre outras coisas engrossei a estatística dos divórcios daquele ano), 2017 foi um ano de cultivo, de introspecção e de escolhas. E o fato de ter me tornado curador de música de duas instituições distintas ajudaram bastante nesse processo. Já havia sido curador de músicas em três situações diferentes (do Prata da Casa do Sesc Pompeia em 2012, do Festival da Cultura Inglesa em 2012 e 2013 e do Circuito Cultural Paulista em 2015), mas nos três casos entrei em projetos já existentes e obedeci a regras pré-estabelecidas. O que um amigo meu das artes plásticas dizia que pouco tinha a ver com curadoria: “isso é programação, curador é o cara que criou o Prata da Casa e disse que todo ano alguém iria escolher os artistas daquela vez”, me provocava. E foi com essa provocação que atravessei 2016, bolando qual seria a forma de transformar a programação musical do Centro da Terra, curadoria que aceitei no decorrer do ano passado, de forma que o local não simplesmente recebesse shows já existentes. E quando o Cadão me chamou para ser curador do Centro Cultural São Paulo, no início de 2017, aquela provocação já havia cristalizado e eu sabia que deveria fazer mais que simplesmente escolher ou definir artistas e shows para aquele lugar mágico – cuja magia me fez aceitar instantaneamente o convite. Elencar shows que não existiam e provocar artistas a bolar apresentações inéditas fizeram parte deste processo de auto-análise que me ajudou a atravessar 2017 com a cabeça erguida. A etimologia da palavra “curadoria” é a mesma do verbo “cuidar” e esse cuidado em relação à produção musical brasileira atual me ajudou a entender meu próprio espaço nesse contexto – e a vislumbrar um futuro bem mais interessante que o que havia projetado para mim mesmo até agora. 2017 foi ano dos meus 42 verões, aquele número que Douglas Adams disse que era a resposta para a pergunta sobre o sentido da vida. E foi crucial aceitar esse novo sentido para minha jornada neste planeta.
Eis a íntegra do show que encerrou o ano no Centro da Terra, reunindo treze cobras da atual música brasileira: Alessandra Leão, Saulo Duarte, Thiago França, Luísa Maita, Papisa, Negro Leo, Luiza Lian, Tatá Aeroplano, Maurício Takara, Iara Rennó e Tiê, além dos convidados Marcelo Cabral, Rafa Barreto e Charles Tixier.
Que noite!
Encerramos o primeiro ano do projeto Segundamente no Centro da Terra convidando quase todos os músicos que encabeçaram espetáculos nas segundas-feiras para um grande encontro (mais informações aqui).
A cantora e percussionista pernambucana Alessandra Leão encerra as temporadas Segundamente de 2017, fazendo as últimas quatro segundas-feiras do ano no Centro da Terra. A temporada imaginada por ela chama-se Enfrente e mistura música e artes plásticas, reunindo convidados de peso. A cada segunda, Alessandra trará diferentes convidados entre músicos e artistas plásticos. A primeira segunda, batizada de Unha, Gogó e Tapa reúne o guitarrista e arranjador Rafa Barreto, o artista plástico e músico Manu Maltez e a cantora e violonista JosyAra. Dia 13 é a vez da segunda chamada Queda Livre, com as vozes de Juçara Marçal, Thais Nicodemo e Edgar Pereira e o artista plástico Marcelo Gandhi. Dia 20 é o dia de Macumba e Catimbó, com os percussionistas Mauricio Bade e Abuhl Júnior, o violonista Douglas Germano e a artista plástica Vânia Medeiros. E finalmente, dia 27, há a segunda chamada Crocante, com a instrumentista e cantora Lívia Mattos e os guitarristas Leonardo Mendes e Kiko Dinucci (que também faz as artes do disco. Conversei com Alessandra sobre como será o seu novembro no Centro da Terra (e os ingressos podem ser comprados aqui).
Qual foi o ponto de partida desta temporada?
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O título da temporada veio antes ou depois do conceito?
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Fale sobre a noite Unha, Gogó e Tapa.
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Agora sobre a noite Queda Livre.
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A vez de Macumba e Catimbó.
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E finalmente a noite Crocante.
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Como esta temporada conversa com outros trabalhos seus?
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A temporada se transforma em alguma outra coisa?
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Rita Oliva vem pouco a pouco assumindo a personalidade Papisa, que assumiu desde que se lançou em carreira solo, no final do ano passado, depois de sair das bandas Cabana Café e Parati. A nova persona a conecta com o sagrado feminino e eu a convidei para realizar um show único dentro da programação do Segundamente, no Centro da Terra, no final deste mês. Ela aproveitou o iminente início do verão para transformar seu espetáculo em um ritual feminino, com a presença das instrumentistas Laura Wrona (voz, percussão e efeitos), Luna França (teclado e voz), Sílvia Tape (teclado e voz) e Larissa Conforto (percussão). Falei com ela sobre esta nova fase, inaugurada como o espetáculo Tempo Espaço Ritual, que acontece no dia 30 de outubro de 2017, no Centro da Terra.
O que é Papisa?
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É uma personagem?
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Fale sobre o conceito de Tempo Espaço Ritual.
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Quem te acompanha nesse processo?
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Qual é o papel do espetáculo na nova fase da sua carreira?
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Fale sobre o significado da data para Tempo Espaço Ritual.
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Como você acha que este espetáculo influencia sua carreira daqui para frente?
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Saulo Duarte é o protagonista da série de shows Segundamente durante o mês de outubro. Durante a temporada, o músico revê a sua própria trajetória ao mesmo tempo em que aponta para o futuro em quatro shows distintos. A temporada é um ensaio para sua estreia como artista solo, um processo que já vem trabalhando desde o início do ano e que culmina nos quatro shows, que acontecem sempre às segundas-feiras, sob minha curadoria.
Completando uma década de atividade este ano, o músico e compositor paraense realiza quatro apresentações diferentes no Centro da Terra, em São Paulo, depois de três discos celebrados ao lado da banda Unidade. Nestas apresentações, ele convida diferentes músicos para acompanhá-los neste processo. O primeiro show, composto essencialmente por novas canções, será tocado ao lado dos músicos João Leão (baixo synth e teclados) e Victor Bluhm (bateria). Na semana seguinte (9.10), Saulo reduz ainda mais o instrumental e, munido apenas do violão e da percussão de Igor Caracas, abre alas para a entrada em cena de três convidados: Bruno Capinam, Giovani Cidreira e Josyara.
Se, com a Unidade, Saulo explorou a riqueza rítmica possibilitada pelo grande número de músicos no palco, na terceira noite (16.10) ele se propõe o inverso: munido apenas de voz e violão, Saulo expõe seu lado ‘trovador’, um formato que ele vem desenvolvendo ao longo deste ano. Neste dia, ele executa pela primeira vez o segundo single de seu novo disco. A série se encerra no dia 23.10, com uma apresentação inédita de Saulo, Russo Passapusso e Curumin. Utilizando vozes, violões e MPC, o trio visita canções do repertório de cada um e revela faixas inéditas.
O título da série de shows, inspirado na faixa de mesmo nome de Itamar Assumpção, reforça a influência paulistana sobre o trabalho de Saulo, principalmente ao reunir artistas e colaboradores que ele conheceu durante sua estada na cidade. Conversei com ele sobre esta temporada.
Como surgiu a ideia de se lançar em carreira solo?
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Como esta carreira solo será trabalhada durante o mês?
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Como surgiu o título da temporada?
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Todos os shows seguirão a mesma formação?
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Fale sobre cada uma das noites da temporada.
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Os shows terão repertórios diferentes?
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Como você acha que ele ajudará a moldar seu novo trabalho?
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O dono das segundas-feiras de setembro no Centro da Terra é o às independente Rafael Castro, essa usina de produção pop que não para de lançar discos, fazer shows e assumir diferentes possibilidades musicais. Pois são justamente elas que desfilam nas quatro noites do Segundamente neste mês: na primeira segunda, dia 4, ele visita seu disco Um Chope e um Sundae. No segundo dia, dia 11, é a vez de voltar à sua infância musical, resgatando sua primeira banda, Repentina, além de acompanhar Luna tecladista de sua banda, em seu trabalho solo. Na terceira segunda-feira, dia 18, ele mostra seu show de sertanejo universitário ao lado do Fabiano Boldo, com a dupla Fael e Fabiano, e na última segunda, dia 25, ele apresenta seu trabalho rural no espetáculo Raiz. Todos os shows acontecem nas segundas-feiras de setembro no Centro da Terra (mais informações aqui), sempre às 20h. Abaixo, Rafael escreveu um texto sobre esta temporada e depois conversei com ele sobre o que esperar destes shows.
Oi, gente.
Desde que produzi uns 10 discos lá no interior de São Paulo, em Lençóis Paulista, onde eu morava com os meus pais, não fazia muita coisa da vida além de compor e gravar um som atrás do outro compulsivamente. Em 2014 saiu meu álbum mais recente “Um Chopp E Um Sundae”, e desde então eu dei uma parada de lançar trabalhos. Achei que já tinha coisa demais, que era hora de dar um tempinho de tanto Rafael Castro. Mas aí essa coisa de criar é meio viciante e tinha que escapar por algum lugar. Entre produções de discos de amigos (Eristhal, MALLI, Primos Distantes, Cauê, Sauna, Meia Noite em Marte…) a gente, essa turma toda, acabou se trombando sempre aqui em casa pra tomar umas biritas, conversar e, claro, fazer mais música. Aqui em casa também tenho um bar secreto com shows todo fim de semana, então imagina o mundaréu de gente que aparece cheio de idéias, né.
Daí que eu tava com um monte de projeto, de rascunho, de banda, de coisa pra fazer com a turma, tudo na cabeça, mas sem aquele compromisso de realizar nada. Eis que não mais que de repente aparece o Alexandre Matias com essas temporadas/residências no Centro da Terra e me convida pra fazer o mês de setembro lá. Ele é maluco e falou que a idéia era fazer quatro shows diferentes, com coisa inédita pra caramba e tal. Eu gostei e aceitei. Era o que precisava, afinal, pra tocar avante essas idéias e mostrar finalmente pra vocês.
Um desses projetos maneiros é uma banda que eu formei com a Juliana Calderón o Gomgom e o Gá Setubal pra tocar as músicas que eu fiz com a Ju há um tempão atrás. Umas músicas legais, bicho, tinha que rolar porque a gente é bão de compor junto.
Aí retomamos, ensaiamos, fizemos arranjos e ficou maneiro demais. Minha primeira banda, cara. Ela se chama Repentina. Emocionante.
Aí tem a Luna França, que é a minha tecladista no show do Chopp E Um Sundae. Ela tava reclamando que o pessoal só chama ela pra tocar, mas que na verdade ela é cantora. E ela é mesmo e das boas. A gente se juntou, pegamos músicas dela e minhas, fizemos outras e vamos tocar nós dois, pro povo ver que ela canta mesmo.
Outro projeto doido é a minha dupla sertaneja, o Fael & Fabiano (sim, o Fabiano Boldo). Começamos lá atrás fazendo umas modas de sertanejo universitário e eu continuei compondo com toda a galera: meu produtor, o Juka, o Caio do Primos Distantes, o Tim do Terno, o Eristhal, o Belleza, a Malli e todo mundo que aparece. Festival de hits no sertanejo ostentação. Vamos ganhar milhões com essa. Certeza.
Daí como fã gosta das coisas que a gente já tem eu também vou fazer o show daquele disco de música caipira, o Raiz, que o pessoal gosta e sente nostalgia. Eu adoro relembrar esse período e vai ser maneiro tocar com uma banda diferente: o Eristhal, o Juliano dos Primos e o Guilherme do Terno.
E pra encerrar, mas na verdade, começando, vai ter um Chopp e Um Sundae com o Gui Amaral, o Bi e a Luna, porque a gente é farofa mesmo e não desencana desse negócio de se maquiar, rebolar e quebrar a guitarra de tanto fritar.
Espero todo mundo lá pra, junto comigo, meter o loko no Centro da Terra.
Beijo,
RC
A ideia de sua estada no Centro da Terra é apresentar suas diferentes facetas musicais. O que elas têm em comum?
Olha, acho que o lance das letras, dos temas e dos pontos de vista trabalharem a beleza do mundo-cão, da tragédia, da tristeza e do desamparo com humor deve ser a principal conexão entre os shows. Mas vai ser mais fácil ver o que as facetas tem de incomum entre si, por irem explorar lados completamente diversos que chegam até a ser antítese uns dos outros.
Fale sobre como será a primeira noite.
A noite de estréia vem com o show do disco Um Chopp E Um Sundae, um espetáculo festeiro, de música dançante e performance exagerada. Lançado há alguns anos e já executado em muitos cantos do Brasil esse show continua evoluindo e se reinventando. Me acompanham no palco o Fabiano Boldo no baixo, a Luna França no teclado e o Gui Amaral na bateria.
E a segunda?
Na segunda noite temos dois shows novíssimos. O primeiro é um duo com a Luna França, que toca teclado nos shows do Chopp, mas também é uma baita cantora e agora tá despontando como compositora. Vamos fritar bonito com as canções que estamos fazendo em parceria e emocionar o Brasil. O segundo show é com a banda Repentina, onde tocamos músicas que fiz em parceria com a minha amiga Juliana Calderón (Granata). Só canções de amor embriagadas com pegada punk/alternex pra agitar geral. Na Repentina, além de nós dois, tocam os fantásticos Gomgom (da Trupe Chá de Boldo) e Ga Setúbal (do Pitanga Em Pé De Amora).
Fale sobre a terceira.
Na terceira noite vamos de Sertanejo Universitário com a dupla Fael & Fabiano (eu e o Fabiano Boldo). No repertório só sertanejos inéditos compostos pela dupla e também parcerias com o pessoalzinho maroto da cena indie, entre eles o Caio Costa, dos Primos Distantes, a Malli, o Tim Bernardes, d’O Terno, o Eristhal e o Daniel Belleza. Acompanhando a dupla temos o Eristhal no baixo, o Ítalo Magno na sanfona e o Júlio Epifany na bateria.
E a última?
Na última noite a gente celebra um clássico perdido da minha discografia off-spotify, o disco Raiz, que é um tipo diferente de sertanejo, o caipira tradicional, com aquela pegada rancheira e o clima bucólico dos anos de adolescência vividos no interior. Me acompanham no palco Guilherme d’Almeida, d’O Terno, no baixo, Juliano Costa, dos Primos Distantes, na bateria e Eristhal no cavaquinho.
Os shows terão alguma diferença em relação aos shows que você já apresenta neste formato?
Exceto pelo primeiro, todos os shows são inéditos em formação, repertório e proposta.
Que outras facetas ficaram de fora desta temporada?
Existe um projeto ainda com poucas músicas chamado Leti Grou, uma persona ultra-positiva do RC que faz música eletrônica com letras de uma frase só.
O lugar em que você realiza shows com essas personalidades musicais são bens diferentes do Centro da Terra. Como o lugar influencia a apresentação?
Os lugares muitas vezes dão início ao projeto. O sertanejo universitário mesmo começou quando me convidaram pra fazer show da minha banda mas o espaço não suportava por não ter o equipamento necessário ou pelo cachê ser “simbólico” a ponto de não poder fazer um agrado pra banda. Aí eu fazia sozinho até dar vontade, agora, de fazer de dupla e com banda. Além disso, mesmo um show pronto varia completamente o mood sendo ele num teatro, numa casa de show ou num inferninho. A gente acaba escolhendo um caminho diferente pro sensível de acordo com o palco, com a platéia e com a qualidade do uísque do camarim.
Você é um artista que tem muitas personas musicais. Como elas ajudam ou atrapalham o desenvolvimento da sua carreira?
Ainda é difícil precisar o que ajudou e o que atrapalhou, mas certamente, com o tempo, as personas mais fortes vão acabar por matar as mais fracas num ciclo de renovação inevitável e delicioso.