Impressionante o que Paula Rebellato e Cacá Amaral fizeram ao trazer composições surgidas em improviso para o palco do Centro da Terra nesta terça-feira. Ao apresentarem-se como uma dupla batizada Qamar (lua em árabe), os dois fizeram o público circular ao redor de diferentes musicalidades de seu encontro como se fizessem questão de mostrar que mesmo pilotando cada um instrumento principal – Cacá à bateria e Paul no synth -, os dois conseguiam ampliar o espectro musical com a ajuda de outros instrumentos (ambos trabalhando com pedais e efeitos sonoros analógicos, Paula cantando e Cacá soltando loops de guitarra) mantendo uma tensão base por toda a apresentação, que começou numa vibe bem dark wave oitentista, para depois explorar samples e andamentos jazz, timbres e texturas sintéticas abstratas e ecos elétricos de pós-punk em câmera lenta, sempre mantendo o clima solene e sério, transformando assim a apresentação num ritual de transe, uma missa pagã ambient dedicada à música. Muito fino.
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Dois ícones da cena experimental paulistana, o baterista Cacá Amaral (que também apresenta-se como Rumbo Reverso) e a tecladista e cantora Paula Rebellato (metade da dupla Rakta) mostram nesta terça-feira no Centro da Terra um novo projeto e apresentarão temas que em breve serão gravados em estúdio. Qamar é o nome da nova dupla e o espetáculo que farão juntos explica o nome do trabalho a partir de seu título, Significa Lua, e cria temas a partir da experimentação livre usando samplers, bateria eletrônica, teclado, percussão e vozes. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos estão à venda no site do Centro da Terra.
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Os Fonsecas começaram sua temporada Quem Vê, Pensa no Centro da Terra nesta segunda-feira trazendo uma versão turbo de seu Estranho Pra Vizinha, disco de estreia que lançaram no ano passado. Mas em vez de tocar as músicas do disco como normalmente fazem nos shows, não apenas alinharam a apresentação com a mesma ordem do disco como trouxeram músicos que participaram da gravação para dar uma cara de edição deluxe à noite, inclusive sem comentários entre as músicas – o que foi um desafio para uma banda tão falante. Ao lado de Thales Castanheira, Nina Maia e Enow, Thalin, Valentim Frateschi, Felipe Távora e Caio Colasante transformaram um disco de 24 minutos em uma apresentação com mais de 40, incluindo um bis improvisado. Seguindo o ritmo direto do álbum, os quatro não paravam entre as músicas para anunciar as participações, embora fizessem pausas entre as músicas, demarcando o território musical de cada uma delas. Assim, seus convidavam entravam durante a música anterior para já ficar a postos para a participação na faixa seguinte e assim primeiro veio Thales – que faz uma dupla quase univitelina com a guitarra de Caio, tornando-o praticamente um quinto Fonseca -, depois Nina (que além de cantar tocou teclado) e finalmente Enow, cada um deles assumindo sua posição no palco – e no disco ao vivo – sem que estivéssemos cientes do que fariam. Uma catarse cerebral, mas de alguma forma ainda na zona de conforto do grupo, pois eles tocaram músicas que vêm tocando há anos. A partir da próxima segunda, no entanto, a temporada parte para o repertório inédito – e eles começam a semana que vem visitando canções de outros autores, muitos deles seus próprios contemporâneos. Aí a jornada decola…
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Depois da virada do ano é hora de começar a programação 2025 de vez e quem toma conta das segundas-feiras de março no Centro da Terra são Os Fonsecas, quarteto formado por Felipe Távora, Valentim Frateschi, Caio Colasante e Thalin, jovens estrelas da nova música pop paulista que mostram quatro versões de suas personalidades musicais em noites distintas na temporada chamada Quem Vê, Pensa. Eles começam dia 10, apresentando uma versão deluxe ao vivo para seu disco de estreia, Estranho Pra Vizinha, quando apresentam-se ao lado de Nina Maia, Thales Castanheira e Enow, trazendo uma nova dimensão para o álbum. Na segunda seguinte, os quatro se dedicam a fazer versões para músicas alheias – e de músicos contemporâneos inclusive. Na segunda dia 24 os quatro embarcam numa sessão de improviso para, na última noite da temporada, dia 31, mostram pela primeira vez no palco músicas inéditas. Os espetáculos começam sempre pontualmente às 20h e os ingressos podem ser comprados no site do Centro da Terra.
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E vamos para mais um mês de atrações musicais no Centro da Terra e uma vez em março depois do Carnaval já podemos falar que 2025 está à toda. Às segundas-feiras quem segura as quatro apresentações de março é a banda Os Fonsecas, formada por jovens talentos da cena paulistana (o guitarrista Caio Colasante, o vocalista Felipe Távora, o baterista Thalin e o baixista Valentim Frateschi), que dividiu suas apresentações de sua temporada Quem Vê, Pensa em quatro noites distintas, dedicadas especificamente a uma leitura profunda de seu disco de estreia (Estranho pra Vizinha, com direito a convidados), outra só para releituras de autores contemporâneos, uma outra para improvisos e a última para apresentações de canções inéditas. Na terça (dia 11), os músicos Cacá Amaral e Paula Rebellato apresentam seu novo projeto, chamado Qamar, cujo título da apresentação (Significa Lua) traduz seu sentido. Na terça seguinte (dia 18), é a vez de Rômulo Alexis e Anaïs Sylla mostrarem um novo trabalho que estão desenvolvendo juntos, o coletivo de improviso Luz Negra, que reúne inúmeros artistas (Daisy Serena, Marcela Reis, Henrique Kehde, Monaju, Giba Fluxus, Ana Dan, Belle Neri, Cris Cunha, Du Kiddy Artivista, Minarê, Beatriz França, Lucas Brandino e Ivan Batucada, além dos dois) para misturar diferentes disciplinas, sob poética e política em um movimento contínuo de viabilização de novas estéticas, inspirados nas vanguardas experimentais afrodiaspóricas dos anos 1950 e 1960, no espetáculo Axioma. E a última terça-feira do mês assisti ao rebatismo da antiga Monstro Amigo, que agora torna-se Monstro Enigma, no espetáculo Rebatismo do Monstro, ritual sônico em que misturam dissonâncias e rítmicas tortuosas, do punk progressivo ao erudito neandertal a poesia urbana paulista, com a participação da cantora Daíra. Os espetáculos acontecem sempre pontualmente às 20h e os ingressos já estão à venda no site do Centro da Terra.
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Daniel Murray fez um recital impecável nessa quinta-feira, encerrando a programação de música de fevereiro, no Centro da Terra. Só no palco com seu violão, mostrou pela primeira vez ao vivo as 24 minipeças de seu Vista da Montanha, ciclo autoral que compôs para seu instrumento e que confessou ter sido batizado pelo Google, pois quando registrou a primeira destas obras pelo celular, ainda de forma caseira, o aplicativo de gravação sugeriu a localização que se encontrava – batizada de “vista da montanha” por ser literalmente isso – como título do arquivo, batizando de forma lúdica peças complexas e delicadas, passeando entre o violão erudito e o popular para formar uma linda paisagem instrumental que calou o teatro por mais de uma hora, para ser ovacionado de pé por alguns minutos após a execução. O calor da recepção desta primeira audição de sua obra forçou o autor a voltar para um bis, quando trabalhou um tema tradicional italiano seguido de uma versão pessoal para “Água e Vinho”, de Egberto Gismonti. Sublime.
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Encerramos, nesta terça-feira a programação de apresentações musicais de fevereiro no Centro da Terra com o violão solo de Daniel Murray, que mostra pela primeira vez no palco seu ciclo autoral Vista da Montanha, composto por 24 miniaturas compostas para seu instrumento como um contraponto às obras do artista plástico Gabor Geszti e propondo uma escuta da diversidade, através de melodias que nascem de uma leitura livre do perfil das montanhas, se atendo a sonoridades e texturas que reaparecem variadas a cada peça. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos estão à venda no site do Centro da Terra.
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Que noite maravilhosa que foi este encerramento da temporada Adupé que Lenna Bahule nos proporcionou nesta última segunda de fevereiro no Centro da Terra – um encontro de duplas transcendentais que respiravam como um mesmo organismo. Os irmãos Kiko e Ed Woiski misturando harmonia e ritmo no encontro de seus instrumentos elétricos – a guitarra e o baixo -, os percussionistas Ari Colares e Kabé Pinheiro deitando a mão no couro para dar o equilíbrio e a tensão rítmica da noite, as vozes – e percussões – de Lenna e Juçara Marçal se encontrando em picos e vales emocionais, que horas exprimiam força, outras transpiravam delicadeza, nos levando para dimensões extracorporais e fazendo todo mundo se segurar nas poltronas no limite para sair dançando junto, como foi o caso das três intervenções corpóreas puxadas pelas danças de Kabé, uma delas com chocalhos nos tornozelos, outra com sapatos de sapateador e a última ao lado da dona da noite, que lavou a alma de todos os presentes que lotaram o teatro com sua liderança, encanto, leveza e rigidez, tudo encarnado numa mesma pessoa maravilhosa. Uma noite que todos guardarão na memória.
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Soberba a apresentação que Gaivota Naves fez nesta terça-feira no Centro da Terra, reduzindo as canções de seu futuro disco Concretutopia-Neoconcreto a um formato minimalista, mas ao mesmo tempo gigante. Acompanhada de Pedro Omarazul, que abusava do pedal de loop de sua guitarra para transformá-la em uma orquestra elétrica, e Bruno Mamede, que revezava-se entre flauta, sax, baixo e efeitos, ela decolou no palco do teatro em performances que ocupavam nossos corações e mentes, chegando ao ápice com a entrada de Laura Diaz, do Teto Preto, no final da apresentação, esquentando ainda mais a temperatura da noite. Magia pura.
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Imensa satisfação de trazer para o palco do Centro da Terra minha conterrânea Gaivota Naves, vocalista das bandas Joe Silhueta e Rios Voadores, para mostrar uma versão reduzida de seu primeiro disco solo, Concretutopia-Neoconcreto, que será lançado ainda em 2025 e chega a São Paulo em formato reduzido no espetáculo Experimento Concretutopia, quando mostra as composiçoes do novo disco, influenciado pela arquitetura modernista de nossa cidade-natal e pela poesia praxista e concreta. Na apresentação, ela vem acompanhada de seu companheiro Pedro Omarazul, que alterna-se entre a guitarra e o violão, e recebe duas participações especiais: o baixo e o saxofone de Bruno Mamede e a performance de Laura Diaz, vocalista do Teto Prreto. Gaivota tem influências de Tom Zé, Itamar Assumpção, Flora Purim e Tânia Maria e é uma performer intensa e única e propõe um jogo sonoro inspirado pela “cidade porosa, onírica e angular” que nasceu. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos estão sendo vendidos pelo site do Centro da Terra.
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