Centro da Terra: Junho de 2025

Junho já é semana que vem e essas são as atrações da curadoria de música do Centro da Terra neste mês. Quem toma conta da temporada de segunda-feira é o carioca Rubinho Jacobina, que se juntou ao baixista Gabriel “Bubu” Mayall e ao baterista Theo Ceccato para mostrar músicas inéditas que estarão em seu quarto álbum, além de sambas, toadas e marchinhas clássicas que fazem parte de sua formação. E cada segunda da temporada Segurando a Chama ele traz um show diferente: na primeira (dia 2), ele mostra pela primeira vez as músicas com esta nova formação; na segunda (dia 9), ele recebe Sílvia Machete; na terceira (dia 16), ele convida Péricles Cavalcanti; e na quarta (dia 23) é vez de Juliana Perdigão. A programação das terças começa no dia 3, com o show Voz e Coração, em que o pernambucano Tagore, pela segunda vez no palco do teatro, mostra músicas que estarão em seu próximo álbum, além de influências nordestinas, como Geraldo Azevedo e Alceu Valença. Dia 10 é vez da artista Antônia Midena mostrar seu primeiro espetáculo musical, batizado Antônima, em que mistura música e teatro para cruzar a barreira entre realidade e ficção. No dia 17, recebemos o violeiro Marco Nalesso, que apresenta o espetáculo S.O.M. (Sinfonia Orgânica Musical), em que mistura sua viola caipira com psicodelias latina, guitarra, violão, percussão, sintetizador e trompete – além de receber o guitar hero Lucio Maia. Dia 24 quem vem é o bardo Tatá Aeroplano, que aproveita o palco do teatro para gravar seu primeiro disco ao vivo, ao lado dos fiéis escudeiros Bruno Buarque, Dustan Gallas e Junior Boca e as vocalistas Malu Maria, Kika e Bia Magalhães, no espetáculo Vida Purpurina. O mês encerra com uma última segunda, a quinta do mês, que fica a cargo do cantor e compositor Morris, que aproveita a oportunidade para mostrar seu próximo trabalho ao lado de Marcelo Cabral e Décio 7, com participações de Juliana Perdigão, Joy Catarina e Caio Teixeira, na apresentação Abertura dos Trabalhos – Fé na Desordem. Os espetáculos começam sempre às 20h e os ingressos já estão à venda no site do Centro da Terra.

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Dimensão de sonho

Deslumbrante a apresentação Nunca Desi… que Desirée Marantes fez nesta terça-feira no Centro da Terra, quando antecipou seu primeiro disco solo Reparo, tocando-o ao vivo pela primeira vez no palco do teatro. Acompanhada da violoncelista Fer Koppe e da produtora e vocalista Alejandra Luciani, ela nos conduziu com seu violino a um sonho que misturava romantismo clássico com ambient music, disparando samples de piano e efeitos sem intervalos entre as faixas, deixando tudo fluir como uma mesma quase hora de transe musical, cerebral e sentimental, entrelaçando cordas com a voz celestial de Alejandra, tudo tornado ainda mais dramático e íntimo pela luz maravilhosa de Luíza Ventura, que contrapunha penumbras com grandes contrastes à medida que as três desbravavam novas searas sonoras. O disco sai no começo do mês que vem, mas ao ser transformado neste pequeno concerto ele ganha uma dimensão etérea e emotiva. Lindo demais.

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Desirée Marantes: Nunca Desi…

Enorme prazer de receber a grande Desirée Marantes como última atração musical de maio no Centro da Terra, quando comemora dez anos de volta à música no espetáculo Nunca Desi, em que ela antecipa seu próximo álbum, Reparo, uma viagem ambient que lançará em seu site na íntegra no dia 5 de junho, dia mundial do meio ambiente. Nesta terça-feira, ela também mostra um pouco de seu processo criativo, que mistura técnica, experimentação e improviso, tocando piano, violino, sintetizador e efeitos ao lado de Alejandra Luciani, que canta e dispara samplers e efeitos, e de Fer Koppe, que toca violoncelo. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos já estão à venda no site do Centro da Terra.

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O fim da temporada zen-ambient

Barulhista encerrou lindamente sua temporada zen-ambient Com os Pés um Tanto Fora do Chão nesta segunda-feira, com a presença de Juliana Perdigão e Angélica Freitas, que o escoltaram em mais uma viagem rumo ao desconhecido com mediação feita por um timer eletrônico, que dividia as partes da noite arbitrariamente cortando a onda dos improvisos que faziam aos poucos. O dono da noite alternava de instrumentos, seja batucando na MPC ou num caixote de madeira ou puxando melodias ou grooves ao piano, enquanto Perdigão distorcia e soltava loops em seu clarinete e Angélica empolgava-se lendo trechos de seus livros, criando uma tensão que sempre ia crescendo até o último ato, quando viram a luz da noite esmaecer ao som da repetição de uma melodia ao piano enviada por Barulhista por WhatsApp para sua companheira e reproduzida pelo celular a partir da plateia, num pequeno resumo das experimentações destas segundas de maio. Foi demais!

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Díspares e irmãos

Livio Tragtenberg, Sérgio Villafranca e Henri Daio mergulharam fundo em áreas diferentes do som por dois prismas aparentemente díspares mas irmãos, quando, no espetáculo Koisas, que apresentaram no Centro da Terra nesta terça-feira, mergulharam no clássico disco Coisas, de Moacir Santos, que completa 60 anos em 2025, à luz de um de seus mestres, o alemão Hans-Joachim Koellreutter, que, morto há exatos vinte anos, completaria 110 anos neste ano caso ainda estivesse vivo. O resultado foi um transe de quase uma hora em que aqueles artesãos musicais abriram as claves de ritmo do mago pernambucano dissipando fronteiras entre som e ruído, gravação e performance, erudito e jazz, Livio revezando-se entre um clarone cheio de efeitos e flautas, Sérgio equilibrando-se entre um piano preparado e outro dissonante e Henri alternando entre bases eletrônicas, um violão de oito cordas (tocado com um agogô servindo de slide num dado momento) e percussão. Uma apresentação única.

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Livio Tragtenberg, Sérgio Villafranca e Henri Daio: Koisas

É com enorme satisfação que recebemos nesta terça-feira um encontro de peso para celebrar dois gigantes da nossa música, quando Livio Tragtenberg, Sérgio Villafranca e Henri Daio se reúnem no palco do Centro da Terra para apresentar Koisas, um tributo ao encontro de Hans-Joachim Koellreutter (1915-2005) — compositor e educador alemão que revolucionou a música contemporânea no Brasil —com Moacir Santos (1926-2006), mestre arranjador que foi seu assistente e ele mesmo uma das maiores sumidades de nossa música. Nessa apresentação, os três trabalham um diálogo entre a obra e o legado dos dois mestres a partir da improvisação livre, quando exploram suas influências mútuas, passeando entre o erudito, o popular, o experimental e o jazzístico. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos já estão à venda no site do Centro da Terra.

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Ambiência em cinco atos

“Numa conferência sobre zen-budismo no inverno passado, o doutor Suzuki disse: ‘antes de estudar zen, homens são homens e montanhas são montanhas. Enquanto se estuda zen, as coisas se tornam confusas, não se sabe exatamente o que é o que e qual é qual. E depois de estudar zen, homens são homens e montanhas são montanhas’. Depois da conferência foi feita a pergunta: ‘Doutor Suzuki, qual é a diferença entre homens são homens e montanhas são montanhas antes de estudar zen e homens são homens e montanhas são montanhas depois de estudar zen?’. Suzuki respondeu: ‘A mesma coisa, só um pouco como se você tivesse os pés um tanto fora do chão’. Agora, antes de estudar música, homens são homens e sons são sons.” Com essa apresentação falada citando John Cage para explicar o título de sua temporada, o produtor Barulhista nos convidou para um mergulho profundo em cinco atos de ambiência, todos cronometrados por um timer colocado no palco – e, por que não, transformado em instrumento. Ele começou o primeiro ato ao piano, aos poucos repetindo notas que ganhavam ritmo e o ajudaram a fazer a transição para os beats eletrônicos, tocando o piano com a mão direita e os synths com a esquerda. O segundo ato recebeu o projeto solitário de Luciano Valério, MNTH, que trouxe camadas etéreas de ruído branco e melódico enquanto Barulhista batucava num caixote, que também foi acompanhado pelo piano e pelos eletrônicos ao final desta parte. O terceiro ato viu a chegada do poeta Diogo Cardoso, que abriu sua participação estalando batidas com os lábios e a língua, antes de ler trechos de seus dois livros, Sem Lugar a Voz (2016) e Língua Nômade (2025), aos poucos convertendo palavras em sons e finalmente canto. O quarto trecho foi um solo ambient de MNTH, transe que antecedeu o ato final, em que os três se entregaram às palavras e aos sons, sintetizando a mágica apresentação, que ainda contou com vídeos de Nando Motta e codireção (e iluminação) de Renato Hermeto, embora, como tenha reforçado o protagonista da noite, “quem dirige é o acaso” – e sons são sons.

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Josy.Anne: Bateia – Gira Que Salta para o Novo

Nesta terça-feira temos a satisfação de receber a cantora e compositora mineira Josy.Anne, que começa a revelar a segunda parte de sua trilogia, batizada de Negra Ressonância Mineira, depois de lançar o primeiro capítulo como um disco, chamado de Mozamba. No espetáculo desta terça, ela começa a investigar como será a continuação de sua saga, em que ela mergulha nas tradições de seu estado para falar sobre negritude e ancestralidade a partir deste recorte social e geográfico. No segundo ato, que ela chama de Bateia (que vem com um subtítulo ousado: Gira Que Salta para o Novo), ela vem acompanhada de uma bandaça, com Curumin na bateria, Maurício Badé na percussão e Podeserdesligado nos efeitos e produção eletrônica. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos já estão à venda no site do Centro da Terra.

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Fusão improvável, fluxo maravilhoso

Avassaladora a passagem da Onda de Beleza Natural pelo palco do Centro da Terra nesta terça-feira. Misturando de forma inusitadamente mágica levadas paraenses e caribenhas com improvisos jazz cabeçudaços, o quarteto mescal as vibrações da guitarra melódica – e, por várias vezes, funky e noise – de Marcos Campello (que por vezes toca um trompete piccolo ou distorce a voz com efeitos) e o flow free jazz do sax de Alex Zhem, sempre muitíssimo acompanhado de uma cozinha quebrada formada pelo baixo de João Lourenço e pela bateria de Phill Fernandes. Às vésperas de lançar seu primeiro disco, Apocalypso, eles mostram que a aparente difícil contraposição de valores musicais tão distintos flui maravilhosamente bem.

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Onda de Beleza Natural: Pré-Apocalypso

Nesta terça-feira recebemos no Centro da Terra o quarteto instrumental de improvisação livre carioca Onda de Beleza Natural, que mistura jazz, noise, afrobeat, sax e guitarradas e está prestes a lançar seu primeiro disco, batizado de Apocalypso. E vem daí o título da apresentação desta semana, Pré-Apocalypso, que antecipa a estreia da banda, formada por Marcos Campello (guitarra), Alex Zhem (sax tenor), João Lourenço (baixo) e Phill Fernandes (bateria), que faz o calypso caribenho sacudir em tempos tortos e timbres distorcidos. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos estão à venda no site do Centro da Terra.

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