Terminei 2017 no Ceará e é no Ceará que começo 2018, desta vez em Fortaleza, participando da Conversa de Proa, que o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura organiza como parte de sua convocatória Porto Dragão Sessions. O papo é sobre posicionamento de carreira e audiência na música e acontece gratuitamente nesta segunda-feira, a partir das 19h, de graça, no Auditório do centro cultural, e além de mim também estarão presentes os queridos Pena Schmidt e Roberta Martinelli.
O fim de semana teve shows do Cut Copy e do João Donato (depois falo mais deles), mas nenhum superou o encontro do Cidadão Instigado com o Fagner, que aconteceu em dose dupla no fim de semana. Fui no sábado e encontrei a choperia do Sesc Pompéia tomada por um público bem mais velho que o do Cidadão – era o público do Fagner, que veio assisti-lo sem mesmo se dar conta que teria uma outra banda. O show marcou a conexão cearense dos dois artistas mais como uma celebração à obra de Fagner, mesmo ele tendo cantado duas músicas do Cidadão – “Deus é uma Viagem” e “Lá Fora Tem”, do que propriamente uma passagem de bastão.
Fagner + Cidadão Instigado – “Deslizes” / “Quem Me Levará Sou Eu” / “Borbulhas de Amor” / “Noturno” / “Canteiros”
E nem era o caso, afinal, por mais estabelecido que o Cidadão Instigado já esteja, ele ainda não atingiu a altura de vôo conseguida por Fagner em seus primeiros dez anos de carreira (que é menos que a idade do Cidadão, que vi ao vivo pela primeira vez no Abril Pro Rock de 1998, em Recife), embora caminhe para isso. A diferença crucial entre os dois, claro, está na abordagem: enquanto o Cidadão nitidamente caminhe em paragens pinkfloydianas, Fagner é um bardo sensível, um Johnny Cash que prefere lamentar o pé-na-bunda a fazer juras de vingança. E quando pega o violão sozinho para desfilar seu rosário de canções é que ele mostra que é um dos principais cantores da tristeza na música brasileira recente, puxando um coro de contemporâneos que choraram tantas fossas com suas músicas.
Junte as músicas tristes e conformadas de Fagner ao transe instrumental do Cidadão e temos, mais do que um grande show, uma promissora parceria no futuro. Para, aí sim, Fagner coroar a nova geração do pop do Ceará.
Mais vídeos do show aí embaixo.
“I Want to Believe” encontra o Padre Cícero. Área Q é o nome da obra.
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O Bruno descobriu o documentário Uma Semana em Parajuru, do espanhol José Huerta, e entrevistou o diretor sobre o tema de seu filme – como a especulação imobiliária, a exploração da mão de obra local e o turismo predatório vêm destruindo a cultura de todo um povo e, consequentemente, ele mesmo.
Minha idéia desde o inicio era de fazer um retrato completo: histórico, cultural, econômico e político. Sempre fui bem claro sobre isso e o filme aborda muita coisa sobre todos esses aspectos. Na época eram as eleições dos vereadores e acabei filmando a campanha do atual prefeito. Todo mundo sabia o que eu estava fazendo, porque ia por todos os lados filmar.
Era claro que queria filmar a mutação de Parajuru e que a presença dos austríacos era importante. No meu trabalho tento sempre deixar o entrevistado falar, nunca sou eu quem domina as falas, porque isso poderia influir nas resposta de um entrevistado por exemplo. Prefiro dizer o mínimo durante o trabalho.
Neste caso, a decisão de focalizar o projeto turístico foi decidido na sala de edição. Os fatos e os testemunhos eram tão fortes que não dava para fazer de outro jeito.
Não precisa ser muito gênio pra ligar lé-com-cré e perceber que a situação de Parajuru não é isolada – e sim regra no dia-a-dia desse capitalismo global de araque que assola o planeta. O filme inteiro pode ser assistido online:
O filme O Homem que Engarrafava Nuvens tenta contar direito a história deste cearense cujo nome não é lembrado por ninguém…
Renato Aragão encontra Chico Anysio.
O que George Harrison…
…Franz Kafka…
…Dave Grohl…
…Tarantino…
…e Tom Wolfe têm em comum?
São todos cearenses internacionais! Que blog foda!