Pequenas coisas importantes

A vida é feita de pequenas coisas importantes. Quando os Pelados me mostraram seu Foi Mal antes de lançá-lo no ano passado, fui curtindo o disco a cada faixa que passava, até que, quase no fim, um épico doce e noise sobre a instabilidade dos relacionamentos nos anos 20 ultrapassava os sete minutos e me tragou de tal forma que eu poderia passar outros tantos sete minutos nessa canção, tanto que foi a música que mais ouvi em 2022. O título da faixa, “Yo La Tengo na Casa do Mancha”, lidava exatamente essas com duas sensações, de que talvez algo muito importante não necessariamente precisasse parecer dessa forma, criando a possibilidade de assistir a uma das principais bandas indies do mundo ao vivo em uma das principais casas noturnas de São Paulo no início do século. Nada improvável, nada impossível, mas que tornava-se factível a partir do momento em que era pensado, o tal encantamento que começa quando a imaginação cogita algo. E quando vi que o grupo ia ensaiar para os dois shows que vão fazer neste fim de semana no Sesc Av. Paulista na atual casa do Mancha, não pude perder a poesia deste pequeno momento importante. Tá certo que não é “a” Casa do Mancha que tanto nos ensinou (na marra) sobre música, comportamento e cultura em seus 13 anos de vida, mas é a casa em que o próprio Mancha mora atualmente e a sensação de profecia autorrealizável pairava no ar. Não, os Pelados não são o Yo La Tengo nem aquela casa de dois andares em Pinheiros não chega perto daquele imóvel quase na esquina da rua Filipe de Alcaçova na Vila Madalena, mas saber viver estes momentos é o que torna tudo… mágico.

Assista aqui.  

Discotecando online na Casa do Mancha

Fui chamado pela Casa do Mancha para fechar a programação da Casinha dentro desta força-tarefa de DJs, produtores, festas e casas noturnas chamada Clube em Casa. Parte da programação da Virada Cultural deste ano, o evento reúne casas de diferentes portes, como o Tokyo, o Mundo Pensante, o Boteco Prato do Dia, a Casa da Luz, o Caracol, a Aparelha Luzia e a Fatiado Discos, que convidam nomes tão diferentes quanto Discopédia, KL Jay, Akin, ODD, Pilantragi, Jorge Du Peixe, Mamba Negra, Millos Kaiser, Lys Ventura, Caverna, Desculpa Qualquer Coisa, Batekoo, Mari G, Gop Tun, entre vários outros nomes para tocar a festa nestes sábado e domingo . Quem divide as picapes comigo é a Joyce Guillarducci, do blog Cansei do Mainstream, mas não vamos tocar juntos não, afinal, apesar de ser na Casa do Mancha, a frequência é reduzida à técnica da transmissão por motivos sanitários. Os trabalhos da Casinha começam às 18h, com o próprio Mancha, que chamou a Liu para discotecar com ele, seguido da festa Caverna, do Alex Correa, que convida a Juli Baldi, a partir das 20h, e a parte Trabalho Sujo da noite começa com a Joyce, às 22h, e eu entro logo em seguida para encerrar. Você encontra todas as informações sobre todo o evento, que será transmitido pela Twitch.tv da produtora Flerte, aqui.

Bom Saber #012: Mancha

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Mancha é mestre. Na raça, ele levantou um dos principais templos da música independente do Brasil neste século, além de inspirar inúmeras iniciativas do tipo em todo o Brasil. A Casa do Mancha é um laboratório de experimentação sonora, palco de shows memoráveis e ponto de encontro de gente fina, elegante e sincera, além de ter sido estúdio de gravação para dezenas de discos. Sem shows, ele pensa o que fazer nos próximos passos e eu aproveito para relembrar sua trajetória frente nossa querida Casinha, que nos deixa tão saudosos daqueles momentos memoráveis, tresloucados e aconchegantes.

O Bom Saber é meu programa semanal de entrevistas que chega primeiro para quem colabora com meu trabalho, como uma das recompensas do Clube Trabalho Sujo (pergunte-me como no trabalhosujoporemail@gmail.com). Além do Mancha, já conversei com Bruno Torturra, Roberta Martinelli, Dodô Azevedo, Larissa Conforto, Ian Black, Negro Leo, Janara Lopes, João Paulo Cuenca, Fernando Catatau, André Czarnobai e Alessandra Leão – todas as entrevistas podem ser assistidas aqui ou no meu canal no YouTube.

A volta da Sussa!

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SUSSA. Sol. Ar. Luz. Sim. Psicodelia. Gente legal. Ondas gravitacionais. Altos massa. Boas vibrações. Música ao vivo.

O que você vai fazer neste domingo? Vamos aproveitar o sol pra passar o dia ao ar livre, ouvindo música boa, bebericando ao cair da tarde e conversando com gente legal? Nosso regulador de boas vibrações reconecta-se com a eterna Casa do Mancha na primeira edição 2020 da boa e velha Sussa, versão vespertina das Noites Trabalho Sujo, que chega tardiamente ao verão deste ano para trazer o sol, com presenças ilustres além da discotecagem de Alexandre Matias, que convidou o próprio Mancha para dividir o som nesta tarde – e quem apresenta-se ao vivo são o fino da psicodelia paulistana desta década, o quarteto Applegate, prestes a lançar mais um novo single. Começamos às 16h20 e vamos até o começo da noite, fechando esse fim de semana ensolarado numa bowa.

Sussa – Tardes Trabalho Sujo
Discotecagem de Alexandre Matias e Mancha
Show: Applegate (17h30)
R$ 20,00 – 16h20
Casa Do Mancha
R. Felipe de Alcaçova – Pinheiros. São Paulo.
Telefone: (11) 3796-7981
A casa aceita cartões de débito.

Fora da Casinha mudou de lugar

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A quarta edição do festival da Casa do Mancha teve um imprevisto com sua localização anterior mas segue firme em novo endereço, neste sábado, começando na Void e terminando no Z Carniceria, pertinho do Largo da Batata, aqui em São Paulo. São treze bandas e cinco DJs trazendo apenas o melhor da nova música indie brasileira – e eu estarei lá, mais uma vez ao lado do compadre Danilo Cabral (Luiz está viajando) começando os trabalhos no Z Carniceria a partir das 18h, antes do show do patrono Maurício Pereira. Confira os horários abaixo:

Palco Void
16h – Abertura
16h20 – Goldenloki
17h20 – Betina
18h20 – Bruno Bruni
19h20 – Terno Rei
20h20 – Molho Negro
21h20 – DJs Rafa e Joyce

Palco Z Carniceria
18h – Trabalho Sujo
19h – Mauricio Pereira
20h – Juliano Gauche
21h – Laura Lavieri
22h – Yma
23h – Dingo Bells
0h – Garotas Suecas
1h – Ozu
2h – Strobo
3h – Alex Correa (Caverna)

Mais informações sobre o evento aqui.

Fora da Casinha 2018

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Mais uma primavera, mais um Fora da Casinha. A tradição aos poucos se estabelece quando o velho compadre Mancha – o dono da Casa do Mancha, reduto infalível da música independente em São Paulo – fecha a escalação de seu festival em mais um novo lugar, desta vez na Casa Híbrida, pertinho do metrô Sumaré (depois de passar pelo Centro Cultural Rio Verde, pela Unibes Cultural e pelo Largo da Batata). E, mais uma vez, ele anuncia as atrações da edição do ano em primeira mão aqui no Trabalho Sujo: dia 6 de outubro, véspera da eleição, ele reúne em três palcos diferentes novíssimos nomes, como Goldenloki, Yma, Dingo Bells, Molho Negro, Juliano Gauche, Terno Rei, Garotas Suecas, Betina, Bruno Bruni, Laura Lavieri, OZU, Strobo, além do paraninfo Mauricio Pereira. A discotecagem desta vez não fica apenas comigo e com o Danilo Cabral (que, tradicionalmente, abrimos o festival) e ainda conta com as presenças de Joyce Guillarducci (Cansei do Mainstream), Rafael Chioccarello (Hits Perdidos) e Alex Corrêa (Caverna).

“Mesmo relativamente novo, o festival me faz perceber melhor onde nosso trabalho deságua”, me explica Mancha por email. “Artistas que tocaram no primeiro ano como Boogarins, O Terno, Carne Doce são nomes que hoje se fortaleceram no mainstream, alicerçados por uma estrutura independente/alternativa de mercado da qual faço parte. Ou seja, nosso caminho tem uma coerência mercadológica, está crescendo e com isso ajudando a solidificar um nicho de economia criativa extremamente importante. E o melhor de tudo, sem perder suas características iniciais ou precisar fazer concessões incompatíveis. Uma renovada da fé no poder de transformação da arte, imprescindível pro momento que vivemos.”

Os ingressos já estão à venda e o primeiro lote custa 50 reais. A arte do poster é da Sefora Rios.

Sussa | 26.11.2017

sussa2017

O que você vai fazer neste domingo? Vamos aproveitar o sol pra passar o dia ao ar livre, ouvindo música boa, bebericando ao cair da tarde, comendo e conversando com gente legal? Nosso regulador de boas vibrações desta vez conecta-se com a querida Casa Do Mancha na primeira edição da temporada da Sussa | 26.11.2017, a versão vespertina das Noites Trabalho Sujo, que antecipa o verão 2018 com presenças ilustres além da discotecagem que faço ao lado dos meus irmãos Luiz e Danilo: a musa Susan traz sua Cinnamon Tapes ao cair da tarde enquanto a querida Kátia traz sua Mellody Inc. (bolo de coco, brigadeiro de negresco, coxinhas mítica e mais!) para festejar nosso paladar. Começamos às 16h20 e vamos até o começo da noite, fechando esse fim de semana ensolarado numa tranquila.

Sussa – Tardes Trabalho Sujo
Discotecagem de Alexandre Matias, Luiz Pattoli e Danilo Cabral
Show: Cinnamon Tapes
Quitutes da Mellody Inc.
R$ 25,00 – 16h20
Casa Do Mancha
R. Felipe de Alcaçova – Pinheiros. São Paulo.
Telefone: (11) 3796-7981
A casa aceita cartões de débito.

Fora da Casinha 2017

foradacasinha2017

Mancha chega ao terceiro ano de seu festival com um avanço considerável: depois de dois anos cobrando ingresso para a entrada do público, em 2017 ele realiza seu Fora da Casinha gratuitamente, montando dois palcos no Largo da Batata neste sábado para apresentar mais uma safra de bandas independentes que passaram pela mítica Casa do Mancha, que completa uma década de atividade este ano, como Giovani Cidreira, Ema Stoned, Glue Trip, Tagore, Negro Leo, Bárbara Eugena e Tatá Aeroplano, entre outros. Como nas duas edições anteriores, o festival começa com a tradicional discotecagem Sussa – Tardes Trabalho Sujo deste que vos escreve (ao lado do Danilo), puxando para o tom do festival (bandas independentes brasileiras), e com o show do padrinho do festival, o mestre Maurício Pereira (os horários dos shows estão no final deste post – além de mais informações que você encontra aqui). Conversei com o Mancha sobre a edição do Fora da Casinha deste ano a seguir.

qual o principal desafio desta terceira edição do festival?
Acredito que nosso desafio desse ano é se manter eficaz na função de apontar novos nomes da música independente nacional desta vez pra um público mais heterogêneo. Até então o festival acontecia dentro de um local controlado e por mais que o público fosse amplo, existia um denominador comum a todos que se dispuseram a comprar um ingresso para ver um festival de música independente.
Agora com o festival gratuito na rua amplificamos a reverberação da nossa proposta chegando em um público que não necessariamente viria até nós. E conquistar esse público que não foi atrás de você é tão complexo quanto prazeroso. A música tem essa função de surpreender, estamos olhando pra isso com um brilho especial desta vez.

E em relação ao elenco, comente sobre os artistas que escolheu.
O Maurício Pereira é nosso padrinho, então dispensa comentários. Todos os outros artistas vem com trabalhos recentes que acabaram de sair ou estão prestes a sair. Alguns com uma caminhada mais longa que outros, mas todos passando por um momento fértil justamente para serem apresentados para esse público heterogêneo que a rua proporciona.
A programação desse ano privilegiou esse diálogo com a rua como um todo.

O festival encerra a programação de dez anos da Casinha. Fale sobre essa comemoração.
Completar uma década nessa empreitada com música já é uma vitória fabulosa. O mês de setembro foi todo dedicado a isso com shows que marcaram a história da casinha, artistas que tem uma relação super íntima e começaram junto aqui conosco. É um orgulho imenso ver todos esses frutos, bandas crescendo, publico interessado, novas bandas surgindo com vontade de tocar aqui.. tudo isso derivou de 10 anos persistência nossa e de muitas outras pessoas que caminharam juntas.
Terminar isso com o festival dessa forma, gratuito na rua, me pareceu a melhor forma de concluir um ciclo que acima de tudo está sendo enriquecedor pra todos que estão envolvidos.

Quais os próximos planos para a Casinha e para o festival no ano que vem?
Uma das coisas que 2017 me ensinou foi de controlar os planos, diminuir as expectativas e prestar mais atenção no processo. Enxergar tudo que foi feito e que já é motivo de muitas felicidades, sentir prazer nisso e no hoje, não enlouquecer com o amanhã e estar sujeito às supresas da vida. Essa lição me deixou mais leve.
Mas claro, pode ser que tudo mude num piscar de olhos. Tudo certo.

13h: Discotecagem Sussa | Trabalho Sujo
14h: Mauricio Pereira
14h40: Bárbara Eugênia + Tatá Aeroplano
15h35: Vitreaux
16h20: Giovani Cidreira
17h05: Aloizio e a Rede + Bratislava
17h50: Ema Stoned
18h30: Raça
19h10: Glue Trip
19h55: Tagore
20h40: Negro Leo

Tudo Tanto #25: Casa do Mancha

CasadoMancha

Hora de trazer algumas das minhas colunas mais recentes publicadas na revista Caros Amigos pra cá – e começo com o texto que escrevi na edição de novembro sobre o festival Fora da Casinha, realizado pelo Mancha, e a importância de sua Casinha para a cena independente brasileira.

Começa com uma pessoa
A Casa do Mancha se consagra como um dos principais palcos independentes do Brasil e já está dando passos largos para o futuro

Tudo começa com uma pessoa. Alguém que tem uma ideia e chama alguns amigos para colocá-la em prática. A execução atrai mais gente e aos poucos um senso comunitário vai surgindo ao redor daquela primeira ideia da primeira pessoa, e a partir daí tudo pode acontecer. Empresas, ideologias, fi losofi as, países, manifestações, seitas, passeatas, partidos, greves, cultos, impérios, religiões e movimentos artísticos começaram assim, num misto dúbio de modéstia com a ambição de que uma pessoa com uma ideia pode mudar tudo.

Mancha é uma destas pessoas. De cabelo comprido e barba por fazer, mais baixo que alto, mais escuro que claro (daí o apelido), camiseta de banda, tênis, às vezes boné e bermuda, outras, camisa de flanela e jeans. Ele não é muito diferente dos milhares de skatistas ou integrantes de bandas que nascem em São Paulo como mato. Nativo do interior do interior do estado – uma cidade chamada Castilho –, quase na divisa com o Mato Grosso do Sul, ele viu a cena independente brasileira crescer durante os anos 1990 à distância e quando chegou a São Paulo, quis dar sua modesta contribuição a essa história.

Sem o complexo de épico característico destas decisões, Mancha simplesmente botou a mão na massa. Não criou um selo, nem uma banda, muito menos dirigiu clipes ou organizou um festival. Ele só abriu sua casa para receber bandas e novos artistas e aos poucos a transformou em um dos palcos mais importantes da cidade. Lógico que isso não aconteceu como num passe de mágica. Foi um processo lento de quase dez anos que acompanhou o renascer de uma cena paulistana, ao mesmo tempo em que o transformava em um de seus agentes mais ativos. O segredo foi a chave de seu tamanho.

O nome de seu estabelecimento – Casa do Mancha – deixava clara a dimensão de sua proposta. Era uma banda tocando em uma sala de estar de uma casa na Vila Madalena. A princípio, bandas do tamanho de uma sala de estar, tocando como se estivessem fazendo o primeiro show de suas vidas. Algumas estavam. Outras não. Mas se sentiam tão à vontade como se estivessem tocando para amigos em sua própria sala de estar. E a maioria estava.

A Casa do Mancha virou uma segunda casa para muitos fãs da música produzida às próprias custas na cidade. O caráter doméstico era fundamental para essa referência. Não havia distância entre banda e público – nem na altura do palco, que fica no chão, nem de áreas separadas. Os artistas sempre ficam no meio do público, conversando e bebendo antes e depois dos shows; e muitas vezes são o público – além daquele mesmo público, por inspiração ou osmose, acabar também virando artista. E por mais que o tempo amadurecesse a Casinha – como é conhecida por seus frequentadores – para que ela recebesse atrações de maior porte e até internacionais, elas não descaracterizaram a proposta original.

E além de casa de shows, a Casinha também funciona como incubadora musical, sala de ensaio e até estúdio. Bandas como Holger e Maglore trabalharam seus discos por lá, antes de ir para gravar em um estúdio bancado por uma gravadora. Outros artistas, como Juliana Perdigão e Gui Amabis, usaram o espaço para talhar melhor apresentações ao vivo, e outros ainda como Bárbara Eugênia, Rock Rocket e Stela Campos, gravaram seus discos ali mesmo.

A comunidade que continuava se formando ao redor da Casinha, no entanto, não parava de crescer e cada vez mais fi cou comum, não apenas lotações esgotadas de shows – com o público se aglomerando do lado de fora –, como shows duplos na mesma noite, alguns até improvisados. O caráter caseiro da noite facilita a retirada do público da primeira sessão para a entrada de um novo público, que chegava mais tarde.

Mas como crescer continuando do mesmo tamanho? Mancha até cogitou ir para um estabelecimento maior em outro momento, mas preferiu expandir suas fronteiras mantendo sua base intacta.

Primeiro, levou o nome da Casa para fora da casa em festas e depois em um festival. O Fora da Casinha foi materializado como uma edição comemorativa dos oito anos da Casinha longe do ponto original, como seu nome deixava claro. Realizado primeiro no Centro Cultural Rio Verde, em 2015, ele teve sua segunda edição realizada este ano na Unibes Cultural, indo de dois para três palcos simultâneos. Em duas edições, Mancha pode reunir artistas como Juliana Perdigão, Carne Doce, Dustan Gallas, Gui Amabis, Jaloo, Maglore, Maurício Pereira, Anelis Assumpção, Twinpine(s), Ventre, Stela Campos, Cidadão Instigado, Soundscapes, O Terno, Supercordas, Kiko Dinucci, Hurtmold, Luiza Lian, As Bahias e a Cozinha Mineira e Boogarins. Cobrando barato a entrada e sem contar com nenhum patrocínio.

O Fora da Casinha é o começo de uma expansão da Casa do Mancha para outras capitais. Depois de fazer o palco da Casa do Mancha no festival goiano Bananada, um dos principais do País, Mancha quer levar a curadoria de um palco para outros festivais indies pelo Brasil a partir do ano que vem, como o paraense Se Rasgum, o pernambucano Coquetel Molotov, o paulista Contato e o potiguar DoSol. “O Fora da Casinha é o irmão mais novo”, brinca Mancha, usando a idade do festival para justifi car sua modéstia. Não precisa. Sozinho, ele ajudou a cena paulistana – e, em seguida, a brasileira – a se erguer com uma autoestima intacta, mesmo quando quase não há rádios que toquem este tipo de música, os cadernos de cultura de jornais viraram agendas culturais comerciais, que as grandes gravadoras ignorem estes novos artistas ou que a mídia tradicional sequer perceba sua existência. Para o segundo semestre de 2017, ele planeja a terceira edição do Fora da Casinha e outra coisa para comemorar seus dez anos em atividade – mas ele nem tem ideia do que quer fazer ainda. Ou tem e prefere não falar… E sim fazer.

Noites Trabalho Sujo | 10.09.2016

noites10setembro2016

Nosso experimento mensal de purificação espiritual através de espectros sonoros manipulados pela mente conta com dois desfalques em sua edição de setembro, quando o cientista-fundador Alexandre Matias segue em simpósio metafísico na costa oeste norte-americana e o desbravador de sinapses Danilo Cabral continua sua longa peregrinação pelo reino do misticismo britânico. Cabe então ao metanavegador Luiz Pattoli, único representante presente do instituto de motivação psíquica Noites Trabalho Sujo, a função de capitão de mais um sábado inefável na antena de captação de boas vibrações localizada no centro da maior cidade da América do Sul. E para ajudá-lo em sua pregação carnal de timbres baixos, ele convocou dois ícones da preservação histórica sulista para motivar sua pregação êxtática: o célebre pesquisador Wilson Farina, já conhecido de outras edições deste nosso encontro, e o estudioso estreante no simpósio Tatu, ambos especializados nos efeitos das frequências elétricas sobre os batimentos cardíacos. Neste mesmo auditório surgem também as mestrandas Ana Prado e Nathalia Capistrano, reveladas ao público do colóquio neste 2016, que ministram mais uma apresentação já consagrada sob o codinome de Girls Bite Back. No outro auditório, quem recebe os convivas é a também consagrada dupla Gemini, formada pelos doutores do ritmo Karen Ercolin e Acácio Mendes, mais uma vez testando a fluência do corpo sob altas temperaturas. E nos honrando com uma presença tão intensa, vem a equipe de auditores independentes do centro de estudos Casa do Mancha, que aproveita o encontro para festejar nove anos de estudos ambiciosos e empíricos. O próprio fundador da seita musicologista Mancha Leonel recebe o professor pernambucano Bruno Nogueira e o pesquisador extrafísico Pedro Bonifrate para tensionar a psiquê coletiva levando bons fluidos e recuperando a autoestima dos que se dispuserem a se submeter aos seus caprichos. A presença no encontro só será possível sob a inscrição através do endereço de correio eletrônico noitestrabalhosujo@gmail.com até às 20h do dia de sua realização e o envio do nome à lista autoriza o uso morfológico do pequeno zeitgeist sob condições ideais de temperatura e pressão. Abaixo, uma amostra do que poderá acontecer neste encontro tão querido:

Noites Trabalho Sujo @ Trackers
Sábado, 10 de setembro de 2016
A partir das 23h45
No som: Luiz Pattoli (Noites Trabalho Sujo), Wilson Farina (Heatwave), Tatu, Mancha, Bruno Nogueira e Bonifrate (Casa do Mancha), Karen Ercolin e Acácio Mendes (Gemini) e Ana Prado e Nath Capistrano (Girls Bite Back)
Trackertower: R. Dom José de Barros, 337, Centro, São Paulo
Entrada: R$ 30 só com nome na lista pelo email noitestrabalhosujo@gmail.com. O preço da entrada deve ser pago em dinheiro, toda a consumação na casa é feita com cartões. E chegue cedo – os 100 que chegarem primeiro na Trackers pagam R$ 20 pra entrar.