John Lennon descasca Paul e Linda McCartney

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Em um carta recém-descoberta de John Lennon e Yoko Ono para Paul e Linda McCartney mostra como o clima logo após a separação dos Beatles era pesado – a tradução tá lá no meu blog do UOL.

Uma recém-descoberta carta de John Lennon e Yoko Ono para o casal Paul e Linda McCartney, que vai a leilão nesta quinta-feira, dia 17, mostra como o clima entre a dupla de compositores mais famosa do mundo estava tenso mesmo após a separação dos Beatles, grupo que lhes projetou para a fama. Sem data, a carta datilografada – com trechos escritos à mão pelo próprio John – deve ter sido escrita no início de 1971, à época em que o casal John e Yoko mudou-se de Londres para Nova York e é uma resposta pesada à outra correspondência, não especificada, de Paul para John, que Lennon rebate mirando em quem ele acredita ser a autora de parte das acusações: Linda McCartney.

“Estava lendo a carta de vocês e pensando que tipo de fã rabugento de meia idade dos Beatles a escreveu”, começa John, sem meios-termos. “Resisti a olhar na última página para descobrir – ficava pensando quem seria – Queenie (mãe do ex-empresário dos Beatles, Brian Epstein)? A mãe do Stuart (Sutcliffe, o primeiro baixista dos Beatles)? – A esposa de Clive Epstein (irmão de Brian, que assumiu o controle da empresa do irmão após sua morte)? – Alan Williams (o primeiro empresário dos Beatles, antes de Brian)? – Quem diabos – é Linda!” E continua: “Nós dois ‘passamos por cima disso’ uma porção de vezes – e perdoamos vocês dois – então é o mínimo que vocês podem fazer por nós – vocês tão nobres. Linda – se você não se importa que eu diga – cala a boca! – deixe que Paul escreva – ou como queira.”

“Você realmente pensa que a maioria da arte de hoje só existe por causa dos Beatles?”, segue pesado um exasperado John, “eu não acredito que você seja tão insano – Paul – você acredita nisso? Quando parar de acreditar talvez você acorde! Nós não dizíamos sempre que éramos parte de um movimento – não o todo dele? – Claro, nós mudamos o mundo – mas tente acompanhar – DESÇA DO SEU DISCO DE OURO E VOE! Não me venha com esse papo de tia velha de que ‘em cinco anos vou olhar para trás como uma pessoa diferente’ – você não percebe que isso está acontecendo AGORA! – Se eu soubesse ENTÃO o que eu sei AGORA – você parece ter perdido o ponto…”

A carta é uma amostra do clima pesado no final dos Beatles e mostra como a cisão entre seus fundadores e principais compositores continuou mesmo após a banda ter anunciado seu fim, em 1970. “Eu não me envergonho dos Beatles – eu comecei isso tudo – mas sim de algumas merdas que a gente engoliu para fazer deles tão grandes – eu pensava que todos nós sentíssemos assim em diferentes graus – obviamente não.” A carta deve ser leiloada através da internet pelo site RR Auction nesta quinta-feira, dia 17, e o lance inicial por ela é de 2 mil dólares, embora acredita-se que ela deve atingir um valor dez vezes mais alto.

Leia abaixo a íntegra da correspondência.

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“Caros Linda e Paul,

Estava lendo a carta de vocês e pensando que tipo de fã de meia idade e destemperado dos Beatles a escreveu. Resisti a olhar na última página para descobrir – ficava pensando quem seria – Queenie? A mãe do Stuart? – A esposa de Clive Epstein? – Alan Williams? – Quem diabos – é Linda!

Você realmente acha que a imprensa está por baixo de mim/vocês? Você acha isso? Quem vocês pensam que nós/vocês são? A parte sobre o “auto-indulgente não percebe quem está ferindo” – espero que vocês percebam o quanto de merda que vocês e o resto de meus amigos “bondosos e não egoístas” despejaram em mim e em Yoko, desde que estamos juntos. Algumas vezes pode ter sido um pouco sutil ou deveria dizer “classe média” – mas não com frequência. Nós dois “passamos por cima disso” uma porção de vezes – e perdoamos vocês dois – então é o mínimo que vocês podem fazer por nós – vocês tão nobres. Linda – se você não se importa que eu diga – cala a boca! – deixe que Paul escreva – ou como queira.

Quando perguntado sobre o que eu achava originalmente do MBE, etc. – eu disse a eles o melhor que eu conseguia me lembrar – e eu me lembro mesmo de certo embaraço – você não, Paul? – ou você – como eu suspeito – ainda acredita em tudo isso? Eu posso perdoar Paul por encorajar os Beatles – se ele me perdoar pelo mesmo – por ter sido – “honesto comigo e ter se preocupado demais”! Que diabos, Linda, você não escreve para o livro Beatle!!!

Eu não me envergonho dos Beatles – (eu comecei isso tudo) – mas sim de algumas merdas que a gente engoliu para fazer deles tão grandes – eu pensava que todos nós sentíssemos assim em diferentes graus – obviamente não.

Você realmente pensa que a maioria da arte de hoje só existe por causa dos Beatles? – Eu não acredito que você seja tão insano – Paul – você acredita nisso? Quando parar de acreditar talvez você acorde! Nós não dizíamos sempre que éramos parte de um movimento – não o todo dele? – Claro, nós mudamos o mundo – mas tente acompanhar – DESÇA DO SEU DISCO DE OURO E VOE!

Não me venha com esse papo de tia velha de que “em cinco anos vou olhar para trás como uma pessoa diferente” – você não percebe que isso está acontecendo AGORA! – Se eu soubesse ENTÃO o que eu sei AGORA – você parece ter perdido o ponto…

Me desculpem se eu usar “espaço dos Beatles” para falar sobre o que eu quiser – obviamente se eles continuarem a fazer questões de Beatles – eu vou respondê-las – e vou conseguir tanto espaço de John e Yoko quanto eu puder – se me perguntam sobre Paul eu respondo – eu sei que parte disso acaba indo para o pessoal – mas, acreditem vocês ou não, eu tento responder objetivamente – e as partes que eles usam são obviamente as mais saborosas – eu não tenho mágoas do seu marido – eu sinto por ele. Eu sei que os Beatles são “pessoas muito gente boa” – eu sou um deles – eles também são grandes bastardos como todo mundo é – então desça do seu cavalo alto! – a propósito – nós temos conquistado mais interesse inteligente em nossas novas atividades em um ano do que tivemos em toda a era Beatle.

Finalmente, sobre não contar a ninguém que eu deixei os Beatles – PAUL e Klein passaram o dia me convencendo que era melhor não falar nada – pedindo a mim para não dizer nada porque iria “ferir os Beatles” – e “vamos apenas deixar assentar” [let it petre out] – se lembra? Então coloque isso na sua pequenina mente pervertida, Sra. McCartney – os c**ões me pediram para manter silêncio sobre isso. Claro, o lado do dinheiro é importante – para todos nós – especialmente depois de toda a merda provocada por sua família/parentes insanos – e DEUS TE AJUDE A SAIR DESSA, PAUL – vejo você em dois anos – imagino que você terá saído até lá –

apesar de tudo,

com amor para vocês dois,

de nós dois

P.S. sobre endereçar a carta de vocês só para mim – AINDA…!!!”

“It was a pleasure, love ya dig it, John Lennon”

“Nova York: ótimo; Elvis: gordo; Ringo: amigo; Yoko: amor; George: perdido; piratas: bom; Elton: legal; Paul: Extraordinário; Bowie: magro; M.B.E.*: merda; John: ótimo.” Com poucas palavras John Lennon resume uma entrevista proposta por um fã, por escrito, em 1976. Veja abaixo:

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A entrevista foi leiloada e vendida por 14 mil dólares.

* M.B.E. foi a medalha que os Beatles receberam da Coroa Britânica em 1966.

Morrissey x Ramones

E por falar em Morrissey, vale citar a carta que o jovem autor, na época com 17 anos, enviou para o Melody Maker em 1976 desancando um hype de Nova York que começava a ser comprado pela imprensa londrina. Ela foi desenterrada pelo Dangerous Minds e a tradução foi feita pelo blog Tenho Mais Discos Que Amigos (dica dum certo XyZ, valeu):

Os Ramones são a mais recente banda de presunçosos degenerados e sem talento cuja realização mais notável até hoje é a habilidade de passar das fronteiras de Nova York, e puramente pela força de uma enxurrada de textos convincentes que projetam os Ramones como um presente de Deus ao rock.

Eles foram recebidos pela bajulação instantânea de um exército de fãs enganados. Musicalmente, eles não lidam com detalhes ou variações de nenhum tipo, a regra da banda é ser tão incompetente quanto o possível.

Para uma banda que diz projetar a juventude da América, a vida suburbana de Nova York, anti-conformismo, sexo e lutas, ou seja lá o que for, eles falham miseravelmente. E na luz sóbria do dia, suas imperfeições têm uma chance.

Os Ramones fazem o Stooges soarem como mestres da música clássica e eu sinto que o único lugar para sua música contraditória é o centro rico de Manhattan com o qual eles, sem dúvidas, estão acostumados.

O New York Dolls e Patti Smith provaram que há alguma vida pulsando nos pântanos e entranhas de Nova York, e eles são os únicos grupos surgidos da cena underground de NY que merecem reconhecimento. Os Ramones não têm absolutamente nada a adicionar em relevância ou importância e deveriam ser esquecidos.

O original, em inglês, segue abaixo:

 

Kubrick + Clarke

E o já clássico blog Letters of Note, que reúne trocas de correspondências históricas, resgatou a carta em que Stanley Kubrick convida Arthur C. Clarke para fazer “o proverbial ‘bom’ filme de ficção científica”, que calhou de ser 2001 – Uma Odisséia no Espaço quatro anos depois. Veja só:

SOLARIS PRODUCTIONS, INC

March 31, 1964

Mr. Arthur C. Clarke

Dear Mr Clarke:

It’s a very interesting coincidence that our mutual friend Caras mentioned you in a conversation we were having about a Questar telescope. I had been a great admirer of your books for quite a time and had always wanted to discuss with you the possibility of doing the proverbial “really good” science-fiction movie.

My main interest lies along these broad areas, naturally assuming great plot and character:
The reasons for believing in the existence of intelligent extra-terrestrial life.
The impact (and perhaps even lack of impact in some quarters) such discovery would have on Earth in the near future.
A space probe with a landing and exploration of the Moon and Mars.
Roger tells me you are planning to come to New York this summer. Do you have an inflexible schedule? If not, would you consider coming sooner with a view to a meeting, the purpose of which would be to determine whether an idea might exist or arise which could sufficiently interest both of us enough to want to collaborate on a screenplay?

Incidentally, “Sky & Telescope” advertise a number of scopes. If one has the room for a medium size scope on a pedestal, say the size of a camera tripod, is there any particular model in a class by itself, as the Questar is for small portable scopes?

Best regards,

Stanley Kubrick

Se alguém quiser traduzir, publico aqui. O Meks sugeriu a tradução abaixo. Valeu!

 

Stephen Hawking sobre viagens no tempo

Curto e simples, via Letters of Note.

Mas não é de se estranhar que um dos grandes mistérios do universo para ele seja bem comum a nós todos.

"O pior sentimento do mundo é achar que ninguém mais se sente do mesmo jeito que você, mas você ficaria surpresa ao descobrir quantas pessoas são assim"

Thom Yorke, escrevendo para uma fã, em 1996. Via Lettes of Note.

Jack Kerouac para Marlon Brando: “Vamos fazer um filme?”

Olha essa jóia encontrada pela Helen Hall, diretora da Dig Gallery, em Londres. Em 2005, ela se tornou chefe do departamento de Entertainment Memorabilia, da Christie’s, em Nova York, e fez uma incursão pelas coisas de Marlon Brando e achou que tinha chegado ao fim de sua busca ao encontrar o roteiro de O Poderoso Chefão anotado. Mas eis que ela encontra a carta abaixo, sem data, que vinha com uma sugestão para que ele lesse o ainda não clássico On the Road, de Jack Kerouac, para interpretar seu personagem principal.

“I’m praying that you’ll buy On the Road and make a movie of it…. I visualize the beautiful shots could be made with the camera on the front seat of the car showing the road (day and night) unwinding into the windshield, as Sal and Dean yak…. You play Dean and I’ll play Sal.”

A carta era assinada pelo próprio Kerouac. E no lugar dessa versão obviamente clássica, resta nos contentarmos com o projeto de Walter Salles com Kristen Stewart que, dizem, estréia esse ano.

Conselhos de Bill Watterson

No ótimo Letters of Note.

Andy Warhol + Mick Jagger

O ótimo Letters of Note desenterrou a carta em que Mick Jagger convidava Andy Warhol para fazer a capa do próximo disco dos Stones, no caso, Sticky Fingers.