Kill for Love, dos Chromatics, é tudo isso mesmo

Carol já vem me adulando há um tempão sobre eles (culpa do Drive), Camilo linkou há pouco e agora há pouco o disco novo dos Chromatics bateu bonito, disparando como melhor candidato a disco do ano até agora. Dá uma sacada.

Como se dar bem com as mulheres, de acordo com um menino de nove anos

Dica da Carol.

“Injection of spirit is hard to get nowadays”

Olha essa que a Carol me mostrou…

Fuckin’ A – A primeira festa Lebowski do Brasil

“That rug really tied the room together…”

Atenção, achievers! Eis a primeira festa a celebrar a influência do filme Big Lebowski, dos irmãos Coen, em mais de uma geração de preguiçosos profissionais e fanáticos por não fazer nada. A reunião acontece na primeira sexta-feira de outubro, no Alberta #3, e quem vier caracterizado como personagem do filme não paga para entrar até a meia-noite. No som, eu, Rafa Spoladore e Danilo Cabral trazem o “occasional acid flashback” para a pista: psicodelia, country, soul, rock, funk e disco na veia. E o White Russian custa a metade do preço! O flyer é do Jairo e a produção Over the Line une os meus esforços aos da Carol, que tá preparando umas supresinhas pra festa…

Mais informações na página do evento no Facebook.

Top 75 – 7 de agosto de 2011

O Top 75 de hoje é da Carol (ela não tem blog, Twitter, nada – perde quem não conhece) que, só de pirraça, botou o Melancholia no holofote – ela gostou, eu não.

  1. Amy Winehouse – “Love is a Losing Game
  2. Kassin – “Potássio
  3. Julia Grabowska – “The Look
  4. Björk – “Crystalline
  5. Olivia Tremor Control – “Hideaway
  6. Twin Sister – “Bad Street
  7. Mia Doi Todd + José González – “Um Girassol da Cor do Seu Cabelo
  8. Wanda Jackson – “You Know I’m No Good
  9. Sonic Boom – “Hall of Mirrors
  10. Patti Smith – “Rolling in the Deep
  11. Dave Gahan – “Love Will Tear Us Apart
  12. Cults – “Go Outside
  13. Thieves Like Us – “Shyness
  14. Hercules & Love Affair – “Painted Eyes
  15. Metronomy – “Corinne
  16. Warpaint – “Warpaint
  17. Momo – “Tenho Que Seguir
  18. Clapping Music – “Love Buzz
  19. Lana Del Rey – “Video Games
  20. Radiohead – “Little By Little (Caribou Remix)
  21. Cidadão Instigado – “Te Encontra Logo
  22. Mark Ronson + Dave McCabe – “Valerie
  23. Céu – “Planeta Água
  24. Washed Out – “Eyes Be Closed
  25. Criolo – “Subirusdoistiozin
  26. Marina Gasolina – “Freak Le Boom Boom
  27. Tom Vek – “World of Doubt
  28. Madeon – “Pop Culture
  29. Jon Spencer Blues Explosion – “Chowder
  30. Belle & Sebastian – “Didn’t See It Coming
  31. Dorgas – “Fez-Se Cristo
  32. Bonifrate – “A Farsa do Futuro Enquanto Agora
  33. Sonic Youth – “Slow Revolution
  34. Mogwai – “You’re Lionel Ritchie
  35. Raveonettes – “Apparitions
  36. Flying Lotus – “Kill Your Co-Workers
  37. Fool’s Gold – “Street Clothes
  38. Jeff Beck – “Surf’s Up
  39. Anna Karina – “Jamais Je Ne T’Ai Dit que Je T’Aimerai Toujour
  40. Givers – “Up Up Up
  41. Marcelo Camelo – “Vermelho
  42. Cansei de Ser Sexy + Bobby Gillespie – “Hits Me Like a Rock
  43. MC Judson – “Rap da Água
  44. Amanda Palmer – “No Surprises
  45. Videotroma – “Astronauta (A Farsa do Cinema)
  46. Mayer Hawthorne – “A Long Time
  47. Britney Spears – “Up’n’Down
  48. Mopho – “Você Sabe Muito Bem
  49. 5th Dimension – “Up Up and Away
  50. Guilherme Arantes – “Cheia de Charme
  51. Beastie Boys + Santigold – “Don’t Play No Game I Can’t Win
  52. Rita Lee – “Mamãe Natureza
  53. Beth Ditto – “Vogue
  54. Go! Team – “Bull in the Heather
  55. Thurston Moore – “Bennediction
  56. João Brasil – “Charme de Dar
  57. Stone Darling – “Can You Get to That
  58. Architecture in Helsinki – “
  59. Chemical Brothers + K-OS – “Get Yourself High
  60. Tim Maia – “Lendo o Livro
  61. M83 – “Midnight City
  62. Stephen Malkmus + The Jicks – “Senator
  63. Phil Retrospector – “Warwick Ghetto
  64. Baleia – “What Goes Around Comes Around
  65. Flaming Lips + Lightning Bolt – “I Wanna Get High But I Don’t Want Brain Damage
  66. Drums – “Money
  67. Computer Magic – “Take It Or Leave It
  68. Charles Mingus – “Myself When I’m Real
  69. Alexandre Frota – “Acreditar no Amor
  70. Superchunk – “Learned to Surf
  71. Bo$$ in Drama – “Pure Gold
  72. MNDR – “Cut Me Out
  73. Aloe Blacc – “Billie Jean
  74. B-52’s – “Give Me Back My Man
  75. Pixies – “Allison

Cozinhando com Hitchcock

Hitchcock e culinária? Tudo a ver.

The Ultimate Hitch Cookbook é o projeto de conclusão de curso do designer alemão Pascal Monaco. E a dica é da Carol.

Alguém anotou a placa da festa de 15 anos do Trabalho Sujo?

A morte do carão é um nicho


Na funça, Instagram do Pedreira

“Cadê tu, mano?”, Maurício me ligou quando estava descendo a Consolação rumo ao centro. “Calma, tou chegando, já tem gente?”, era meia-noite quando ele havia me ligado, exatamente a hora em que as portas da Tracktower se abriam para a festa de 15 anos do Trabalho Sujo. “Ainda estão chegando, mas vem logo!”. Estava indo. Sem pressa. A lista de convidados já estava batendo o milhar e meio e eu já havia avisado aos próximos: chegue cedo para não pegar fila. E ao passar pela São João, avistei a portinhola que dava acesso à festa, constatando feliz que não havia fila ainda.


Carol e Jana na escada espiral, foto da Ilana

Que nada. A fila começava exatamente logo que se passava pela porta rumo ao prédio e serpenteava pelos vários lances de escada circular até chegar ao andar da Trackers. Passei por ela, cumprimentando uma vastidão de conhecidos e amigos por seus degraus. “Tá todo mundo aí”, pensei, ao mesmo tempo em que começava a perceber que a noite desequlibraria. Quem trabalha na noite consegue perceber, ainda nos primeiros minutos, se o clima vai engatar ou não. E bastou atravessar a porta para dentro do andar em que a festa aconteceu para ter a certeza disso. Recuso-me a tentar descrever o local fisicamente – suas paredes grafitadas e luzes coloridas perdem todo o impacto e magia ao morrer nas palavras.


Hipster in natura, foto da Fer

Cheguei, cruzei o Maurício, “cadê o Ronaldo?”, que ainda não havia chegado (e a fama de atrasado é minha, tudo bem, lido com ela), e comecei a circular pelo lugar em busca da segunda pista. No caminho, num lounge com uma banheira e um cadeirão, encontro Jana, Carol e Ilana tirando fotos sob as luzes coloridas do apartamento. As três atentaram ao meu anúncio e chegaram cedo demais, antes da casa abrir, mas estavam maravilhadas com a casa ao mesmo tempo em que ansiosas em relação ao início da festa.


Like a boss, foto da Ilana (enquadra pra mim? :P)

Jana pede pra tirar uma foto minha na banheira, digo que está cedo e sento no cadeirão para a câmera de seu celular. No cômodo ao lado, o Peba começa a movimentar corpos ao som de grooves dos anos 70. Uma pequena fila se forma no caixa, os fumantes dominam a varanda, as pessoas começam a circular.


Ilana na banheira, foto da Jana

O dono do local me leva à salinha menor que, ainda vazia, me passava a impressão de caos que eu tanto gosto. A palavra “inferninho” piscou no meu inconsciente, me levando para festas em moquifos no Recife, em casas minúsculas no Rio de Janeiro e em Porto Alegre, no saudoso Susi in Transe aqui em São Paulo, animações coletivas que fugiram do controle da realidade e transformaram todos os envolvidos em um único ser festeiro, sorridente, bêbado feliz, inconsequente e tolerante.


Luz verde, foto da Fer

Tolerância. Eis a palavra-chave da noite. Percebi logo depois que a Dani chegou e começamos a arrumar seu set. Sem o cabo para ligar seu computador, ela se dispôs a discotecar usando apenas o iPod, até que, certa hora, alguém bateu em algum lugar e desligou o som. Já esperava os habituais “êêêêêêê”, “iiiiiih” e”uuuuuuuuuuh” que sempre acompanham estes incidentes, mas em vez disso, só gente conversando. Ninguém gritou “não vai começar, não?” ou “vai djidjêi”. As pessoas que já lotavam a salinha perceberam que estávamos com um problema e esperavam este ser sanado. Quem queria dançar logo foi para a outra pista, mas a grande maioria esperou pacientemente arrumarmos as coisas e a música voltar a ecoar na salinha. Perguntei se ela tava tranquila, ela disse que não, tava “TEMÇA” (e eu li o mç naquele sorriso duro), disse que ia pegar um drink e fumar um cigarro. A pista ainda não tinha legalizado.


Ao fundo, Mr. Mason e Chico Barney combinam alguma, foto minha

Encontro novamente o Maurício na varanda e ele tá com os olhos arregalados. “OLHA A FILA…”, que fazia a curva e deslizava quarteirão afora. Aos poucos começavam a chegar os relatos: meia hora na fila, uma hora na fila, uma hora e meia na fila, fulano acabou de ligar dizendo que desistiu depois de uma hora. Isso sem contar a chuva. Mas quem enfrentava a bendita não levava nem cinco minutos para entrar no clima da festa. As pessoas estavam ali claramente pra se divertir e haviam se encontrado num apartamento do centro que parecia uma dimensão paralela. Aos poucos, casais de todos os tipos começavam a se formar e a multidão lentamente se metamorfoseava em muvuca. Gente saindo pelo ladrão. Mas nenhuma cara feia, sorrisos largos para todos os lados. E um monte gente conhecida, famosos, amigos, famosos-amigos e conhecidos que sabiam a senha para a noite.  Todos se divertindo pacas. “Cê viu que a Alessandra Negrini tá aí?”. Eu só vi o BNegão, cuja presença me lembrou uma noite desse naipe que promovemos em Belém, em 2007, eu discotecando e ele rimando.


A Dani tá escondida atrás do BNegão e, sim, é um cara de toga, foto da Fer

Trago o drink de Dani quando ela me puxa uma relíquia da bolsa, sacudindo CD-Rs com nomes de músicas escritos à mão no envelope de papel branco: “Gente Bonita Clima de Paquera” diziam os títulos dos CDs, gravados para a Gente Bonita em que ela tocou em 2007, que eu comentei outro dia. Mas depois de um início tenso, ela logo estava dominando a pista como bem sabe e o sorriso começou a se soltar. Perguntei quanto tempo ela queria tocar, ela, com algum resquício de ansiedade, disse “meia hora” e eu reclamei que ela havia acabado de começar. Disse que tocaria com ela pra aliviar a tensão, ela topou, mas em menos de dez minutos já estava disparando Neneh Cherry, Technotronic, Madonna e funk carioca como se não houvesse amanhã. Um dos ápices de sua discotecagem foi quando sacou “All That She Wants”, do Ace of Base. A partir daí, as coisas começaram a sair do controle. For good.


Esse cara com a coroa de louros logo tiraria a roupa e ficaria apenas de cueca, pendurado numa janela, foto da Fer

“O que que tá acontecendo?!”, Ronaldo aparece com um sorriso estatelado e olhos pasmos, “que festa é essa, Matias?!”. Saquei meu charuto de Hannibal e ameacei rir “adoro quando um plano dá certo” com o canto da boca, mas estava igualmente pasmo para tentar qualquer reação cínica. As próximas a assumir a pista, Giu e Chebel, já haviam gasto a tensão que fritaram o sábado inteiro com a discotecagem da Dani e ficaram bem à vontade para esculhambar de vez as coisas.


Dani na pista, bem em primeiro plano, foto minha

Que surpresa boa. Quando elas me mandaram o set que eu havia pedido para postar no Sujo, todo cheio de disco music, soul e música brasileira vintage, pensei que podia haver um momento de intersecção com a pista Veneno, grooves que se espalham pelos cômodos na mesma freqüência… mas qual. Apimentadas pelo set da Dani, as duas não seguraram a franga e nos fizeram cantar… “CHORANDO SE FOI” DO KAOMA. E quando a Giu tocou “VOLARE” com os Gypsy Kings? E quando rolou” O Meu Sangue Ferve por Você” do Sidney Magal? Em quase todas essas músicas eu não resistia e abaixava o volume delas no refrão, deixando o povo se esgoelar: “AAAAAAAAAAAAAH! EU TE AMO! AAAAAAAAAAAAAAAAAH EU TE AMO MEU AMOR!” Acho que por volta desse horário todo mundo entrou em alfa ao mesmo tempo e a festa passou a entender todos os sentidos como um só. Visão, audição, tato, paladar e olfato todos à disposição do prazer. Dancinhas, esfregões, gente pendurada no teto, gente tirando a roupa, suor nas paredes, ebulição completa. Eu já falei umas três vezes pra elas, mas não custa repetir: QUE DISCOTECAGEM, meninas.


Que discotecagem… Chorei, foto minha

Depois que Renata e Giuliana saíram (Chebel sairia da festa logo depois, com dor no coração por ter de fazer um frila às 8h da madruga do domingo!), eu e Luciano assumimos a discotecagem e aí eu não lembro de mais nada.


Foto minha

Só uns flashes.


Foto da Fer

Mas geral curtiu.


Foto minha

Só sei que eram oito da manhã quando cheguei em casa. Vai rolar outra? Vai, mas ainda estou me recuperando do que aconteceu neste sábado… Quem mais foi? Mais histórias? E AS FOTOS, CADÊ? Tive que fazer uma rapa nas poucas fotos que tirei, nas da Fer, do Pedreira e da Jana pra ter alguma recordação visual, mas vi muito flash estourando por lá… Alguém mais tirou? E a pista Veneno? Não vi nada…

E na segunda, a Helô lamentava não ter ido por motivos de saúde, depois de ter ouvido relatos de todas as amigas e de cruzar uma galera no jornal que só me cumprimentava com uma risada frouxa que parecia misturar “que festa” com “que ressaca”. “É o fim do carão, Matias!”, ela comemorava enquanto esperávamos o elevador. “Não é o fim do carão, Helô”, respondi, “as pessoas vão continuar tirando onda que são ricas, cultas, esnobes, nobres, bem vestidas, por dentro. Isso ainda vai ser esfregado na cara de todo mundo”. Mas de todo mundo que se dispor a entrar nessa onda errada. Aos que não – gente que foi na festa de sábado -, uma coisa já está clara: o não-carão é um nicho.

Sejam bem-vindos.