A invisibilidade revelada pelo BaianaSystem

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Muito bom esse artigo do Jailton Andrade que o Luciano Matos publicou em seu site, o El Cabong, sobre como o BaianaSystem segue sendo ignorado pela grande mídia baiana justamente por estar cantando sobre o lado da população ignorado por esta mesma mídia:

O que tentam fazer com a BaianaSystem é o que fazem com nosso povo: esquecem, ignoram, sabotam, quando não esculacham com os cassetetes e tapas na cara, e quando convidam para cima do trio é para puxar aplausos, abraçar e se debruçar na virtude alheia por falta de uma, nada mais.

Mesmo que as mídias (ainda) hegemônicas finjam ignorar a existência do Invisível e que seus jornalistas se abaixem para o coito da concupiscência mercadológica das “máquinas de lucro”, a BaianaSystem não se submeterá aos caprichos e dengos da indústria baiana da exploração musical porque “cada palavra que tu guarda na boca vira baba”

Vale a pena ler a íntegra do texto lá no El Cabong.

O lado político do BaianaSystem está diretamente ligado ao seu lado musical e o lento – ê Baêa… – trabalho de formiguinha que o grupo vem fazendo torna sua importância social tão grande quanto seu peso artístico. E uma hora isso vai transbordar. Ah vai.

Carnaval Noites Trabalho Sujo | 28.2.2017: como foi

Querem censurar o BaianaSystem em pleno Carnaval

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Não é nenhuma novidade o cunho político das músicas e das apresentações do BaianaSystem – na verdade, a fusão entre festa e protesto está na gênese do grupo baiano e toda sua obra reflete essa dicotomia. Por isso era mais que natural que seu trio Navio Pirata cutucasse velhas feridas abertas recentemente a partir do tenso clima político no Brasil principalmente por ser um pleno carnaval. Russo Passapusso começou o protesto no meio da instrumental “Forasteiro”, enfileirando “golpistas, machistas e fascistas” para ouvir um “não passarão” em uníssono do público. E nem precisou mencionar o nome do presidente postiço para que a multidão emendasse o grito de guerra “fora Temer”. Veja só:

A manifestação pode ter valido a ausência da banda do próximo carnaval, segundo o Conselho Municipal do Carnaval de Salvador, cujo presidente disse que “o código de ética é claro, é terminantemente proibido que o artista use o carnaval para denegrir alguém, como foi feito pelo BaianaSystem. Há um risco concreto de punição grave, que seria a exclusão deles”, explicou ao Correio da Bahia (de onde também saiu a foto que ilustra este post).

Mas tem que ver pra quem essa regra vai valer, porque manifestação a favor também é manifestação política? Sem contar que Caetano Veloso puxou um “fora Temer” no Pelourinho e o prefeito ACM Neto foi vaiado em plena concentração do Ylê Ayê:

E isso que é só domingo de carnaval… Abaixo, mais Baiana em Salvador em 2017. Que delírio:

Siba e Nação Zumbi juntos na Troça Elétrica

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Dois ícones da música pernambucana se reúnem para brincar o carnaval paulistano no Vale do Anhangabaú, quando a Naçao Zumbi recebe Siba para a segunda edição de sua Troça Elétrica: “As troças carnavalescas são agremiações onde amigos se juntam para saírem pelas ruas animando os foliões com instrumentos acústicos e estrutura menor que os grandes blocos de carnaval”, explica o baterista da Nação, Pupilo. O termo “troça” escancara o aspecto zombeteiro da brincadeira, que a Naçao transformou em uma versão elétrica no ano passado.

“A primeira edição aconteceu em 2016, no Rio de Janeiro, com a participação da banda Eddie e a Orquestra de Frevo Henrique Dias. O intuito é fazer de forma intinerante para interagir e ajudar a formatar o carnaval em outras cidades”, continua o baterista, que explica a conexão com o convidado deste ano, Siba. “Siba é um amigo e parceiro de longa data. É um folião e uma figura importante no resgate da cultura popular, inclusive no carnaval, com um trabalho maravilhoso junto aos maracatus rurais da zona da mata pernambucana.” Além de Siba, a Orquestra de Frevo Henrique Dias repete sua participação.

A Troça Elétrica de 2016 (Foto: Alfredo Alves/Dom B Produções)

A Troça Elétrica de 2016 (Foto: Alfredo Alves/Dom B Produções)

Mas a brincadeira não disfarça o tenso clima político pelo qual o Brasil atravessa, pauta dos dois artistas, que não deve ficar de fora do carnaval: “A arte sempre estará pronta para apontar e se manifestar contra o que é nocivo ao povo. Mas é preciso construir algo que saia do campo das manifestações e entre na consciência política como um fator de mudanças concretas. Estamos orfãos de lideranças com capacidade intelectual para nos representar lá onde as decisões são tomadas.”

A edição deste ano da Troça Elétrica acontece neste domingo, dia 19, no Vale do Anhangabaú, a partir das 19h e a entrada é gratuita. Mais informações aqui. O grupo também faz outra versão da Troça na quinta-feira antes do carnaval, desta vez no Recife, ao lado do grupo Bixiga 70 (mais informações aqui).