Vida Fodona #436: No máximo um programa por dia

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Olhaê de novo…

Dumbo Gets Mad – “Mad Soft”
Javelin + Kompleksi + Polytron – “Moscow 1980”
Shout Out Out Out Out – “Dude You Feel Electrical”
Haim – “The Wire”
Steve Miller Band – “Abracadabra”
Jackson Browne – “Somebody’s Baby”
A Cor do Som – “Razão”
Leo Cavalcanti – “Inversão do Mal”
Marcelo Jeneci – “Nada a Ver”
Metronomy – “Month of Sundays”
Unknown Mortal Orchestra – “Opposite of Afternoon”
Donovan – “Sunshine Superman”
Caetano Veloso + Mutantes – “Saudosismo”
Procol Harum – “A Whiter Shade Of Pale”
My Magical Glowing Lens – “Dreaming Pool”

Vamo aê!

Como foi o show do Caetano Veloso no Primavera em Barcelona

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Caetano Veloso fez bonito no show que fez neste sábado, no festival Primavera, em Barcelona. E além de desfilar músicas de seu disco mais recente, Abraçaço, também tirou pérolas do baú, revisitando clássicos pessoais como “Baby” e “Triste Bahia”.


Caetano Veloso – “Baby”


Caetano Veloso – “Triste Bahia”

Veja mais abaixo:

 

Caetano Veloso ♥ Tom Zé

As pazes entre Tom Zé e Caetano Veloso foram seladas oficialmente depois que Tom postou no Facebook que Caetano participa de seu novo disco – provando com esta foto:

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Invasão brasileira no Primavera Sound 2014

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Vocês viram, né?

Foi bonito: Boogarins, Single Parents, Rodrigo Amarante, Black Drawing Chalks, Móveis Coloniais de Acaju e Caetano Veloso frequentarão os palcos do melhor festival que eu já fui, que acontece no final de maio, em Barcelona. Bonito um front generoso que não peca por favorecer um recorte específico da música brasileira (forçando, daria pra falar em indie-MPB, mas isso nem é um gênero como descarta os Móveis, os Single Parents e os Chalks).

E numa edição com uma escalação memorável – que pode não pecar por ter grandes headliners, mas isso um “problema” mais da indústria e das transformações do mercado que do festival em si (são poucos eventos que conseguem emplacar nomes com grande peso na segunda década do século 21).

Mas tire Arcade Fire, Queens of the Stone Age, Pixies, Nine Inch Nails (oi Lollapalooza Brasil), National, e o Kendrick Lamar da equação e imagine apenas shows de bandas como (ainda seguindo a ordem do cartaz) Neutral Milk Hotel, Disclosure, St. Vincent, Metronomy, Chvchers, Slowdive (!!! – aliás, o !!! também, perdoem-me a infâmia), Darkside, Dr. John, Haim, John Grant, Slint (!!! de novo), Mogwai, Television e Godspeed You! Black Emperor… Bandas se viessem para cá em palcos de médio porte por preços mais decentes (mais de cem dinheiros num show é algo bem pesado pro bolso, ponham na ponta do lápis), não nos obrigariam a cogitar viajar para ir a um festival na Europa ou nos Estados Unidos. E é aí que a música ganha um contrapeso considerável, ao notarmos, além dos shows, a forma como o público destes países é tratado em eventos do tipo. Talvez por isso seja bom vermos como as coisas funcionam em países que já tiveram a era do desbunde consumista que estamos vivendo para entender no que realmente vale pagar. Vai lá, assiste um monte de shows de bandas que quando vierem pra cá vão chegar custando uma bica – e, como você já viu o show, não precisa pagar pra ir.

Eu ainda não sei se vou, mas se você realmente cogitou, faça as contas e boa viagem.

E ficam duas questões no ar: o Caetano vai tocar o Transa na íntegra (como será que surgiu esse boato?)? E será que o Primavera tá querendo vir pro Brasil?

Abaixo, as bandas brasileiras que irão para essa edição do festival:

 

On the run #133: Caetano B-Sides & Garage Songs

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O mineiro Pedro Paiva, do coletivo Vinil é Arte, selecionou pérolas obscuras de um Caetano Veloso pós-tropicalista, entre o experimentalismo vanguarda e a influência do rock psicodélico, numa mixtape em que quase todas as faixas foram produzidas por Rogério Duprat e que conta com a participações de nomes como Gal, Mutantes, Wilson das Neves, os Brazões e Lanny Gordin. Delírio.

Rafucko segundo Caetano Veloso: “O Daniel Cohn-Bendit de 2013”

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Mundos se chocam quando Caetano Veloso resolveu comentar os protestos contra o governador Sérgio Cabral no Rio de Janeiro em sua coluna n’O Globo deste domingo. No meio de um comentário sobre a estética dos Mídia Ninja (Caetano, né?), ele joga os olhos pra cima do Rafucko:

Na verdade, Arto me enviou três links: dois da Mídia Ninja (suponho: o segundo se chamava ninja2) e um do Black Bloc. Este no Twitter. Havia uma série de posts criticando a polícia, ridicularizando o governador, atacando a imprensa — sobretudo a TV Globo — e estimulando os eventuais leitores a protestar na chegada do Papa. As imagens da ninja1 eram puro expressionismo abstrato, com fragmentos sucessivos de objetos inidentificáveis captados em meio a algum movimento — embora o som fosse claro e inteligível. A pessoa que segurava a câmera comentava o que via. A truculência da polícia, sua covardia, era sublinhada. Fui para a ninja2. A imagem era mil vezes melhor. O câmera-narrador também frisava que a polícia atacara sem muita razão para isso. Era bastante bonito porque o jeito desse narrador era o de um partícipe, não o de um repórter externo ao ato ou isento. Sentia-se o gosto da aventura. Tudo muito juvenil. Ao lado das imagens corriam posts curtos com perguntas, encorajamentos e observações. “Bombinha de São João. Nada comparado às bombas deles”. Uma moça se aproxima e diz, emocionada: “prenderam o Rafuco”. Ao que o câmera e seus próximos reagem com preocupação. Logo vejo nos posts que o nome se escreve Rafucko: todas as pessoas que postam o conhecem. Uma se oferece para consolá-lo. Imagino que seja o Cohn-Bendit de 2013. Todos decidem ir para a 14ª DP, para onde Rafucko tinha sido levado. Na porta, em meio à confusão, um pai que veio buscar o filho que fora preso diz que há manipulação política e que Garotinho está por trás da incitação à baderna. Ligo a TV e vejo o contraponto na GloboNews. No Panamá, armamento pesado (e antiquado) foi encontrado em navio norte-coreano vindo de Cuba. Depois acho o Rafucko na web. Muito engraçado e muito legal. No link do Black Bloc vejo um vídeo do cara “viciado em manifestação”. Uma amiga (ou irmã) tenta libertá-lo da compulsão com gás lacrimogêneo numa bombinha para mantê-lo em casa. Ele repete slogans.

E assim, numa canetada, um humorista de internet torna-se o equivalente à face pública dos acontecimentos de maio de 1968 em Paris – mesmo que seja só ironia, é forçar a barra. Afinal, tudo que Rafucko fez foi ser preso durante um protesto – e usar sua pequena fama online para denunciar isso:

Cuidado Rafucko, senão já já você vira tema de canção…

Caetano Veloso not amused

Tem horas que deve ser uma merda ser o Caetano…

caetano-tenso-federal

Vi no Hector.

Caetano Veloso sendo obrigado a explicar gíria

caetano-veloso-curtir

E, como sempre, ele tira de letra o temor pejorativo do entrevistador, que sequer responde. E a gíria, ainda por cima, é curtir…

Vi no Let it Blog.

Dia 23

saojorge

Salve!

Caetano Veloso sobre o Ecad: “Se não pode mexer, não anda”

caetano-veloso

Caetano escreveu sobre as batalhas sobre o Ecad em sua coluna do Globo deste domingo. Eis o trecho:

A carta assinada por muitíssimos compositores, músicos e cantores, em tom de defesa do Ecad contra uma suposta manobra sinistra para destruí-lo, não contou com minha assinatura, e eu ia escrever e-mails para, pelo menos, Fernando Brant, Ronaldo Bastos e Abel Silva, mas a estreia do “Abraçaço” em Sampa, logo em seguida à estreia carioca no Circo Voador e a uma apresentação em Fortaleza, não me deixaram cabeça nem energia para nada. Quando eu ia escrever, a carta ainda não tinha as assinaturas que exibe hoje. Eu ia explicar minha pausa para ponderação. Como o assunto é notório, faço-o aqui.

Há um projeto de lei no Senado esperando para ser votado em urgência. O Ministério da Cultura tem uma proposta que é bastante próxima da que é feita no PLS129. Falei brevemente com a ministra em São Paulo; ouvi demoradamente, já no Rio, um assessor seu que me pareceu muito claro. Conversei com Leoni, Tim Rescala, Gil, Emicida, li os artigos de Ivan Lins e Sérgio Ricardo. Os manifestos dos defensores da manutenção do modus operandi atual do Ecad são pouco ou nada técnicos — e são alarmistas: querem acabar com o Ecad e deixar tudo voltar ao caos que era antes, tal como Ipojuca Pontes fez com a Embrafilme. “O Ecad e o Direito do Autor: mexeu nisso, tudo desaba”, diz Abel. Tendo a pensar que é hora de arrefecer os ânimos e tentar pôr Leoni e Bastos pensando juntos, para ver se aproveitamos a oportunidade de andar com o tema. Nem o Ministério nem o PL propõem a extinção do Ecad. Ambos enfatizam a necessidade de supervisão (o PLS129 propunha que feita pelo Ministério da Justiça; o Minc tomaria a tarefa para si).

Não creio que Abel ou Fernando estejam protegendo vantagens indevidas; tampouco creio que Tim Rescala e Ivan Lins estejam lutando pelo poder das emissoras de TV. Suponho que seja hora de amadurecer a conversa. Nunca fui bom nisso de contas, administração, leis. Mas tenho vocação para o centro e, eu que já pedi que Silas Malafaia intermediasse um diálogo entre quem não admite que o assassino de Lennon seja louvado como o enviado da Santíssima Trindade e o pastor que propôs isso, acho que posso pedir que Sérgio Ricardo e Fernando Brant se entendam. Não é “se mexer, desaba”; é “se não pode mexer, não anda”.

No resto da coluna ele ainda fala sobre a escritora Agustina Bessa-Luís. A íntegra está aqui. Não tenho dúvidas de que a melhor coisa desse Caetano indie pós-Cê é o seu reencontro com o texto. O colunista Caetano Veloso está em ponto de bala, talvez em sua melhor fase. Acho louvável que sua estética atual se dedique ao risco e à descoberta, mas o resultado final ainda me parece filhote daquela vanguarda de plástico que gerou discos estranhos nos anos 80 como Velô e Caetano (de 1987) – mas ainda assim é melhor do que ficar na mesma ou, pior, virar mero intérprete, como havia sido em sua década anterior, dedicada a songbooks. Seu retorno ao texto, por outro lado, é exemplar, como no texto acima.