Foi histórica a apresentação que Caetano Veloso e Maria Bethania fizeram neste domingo no estádio do Palmeiras, quase encerrando a grandiosa turnê que os dois irmãos montaram para celebrar sua parceria e trajetória em quase duas horas ininterruptas com quatro dezenas de canções, mas ficou faltando um tanto para que ela se tornasse épica à altura das duas carreiras. O repertório irregular parecia mais privilegiar temas caros às duas biografias do que seus principais sucessos, escolhendo músicas que o público não conhecia para abordar assuntos como Bahia, terreiro, Mangueira ou Gal Costa do que passar por músicas emblemáticas das carreiras dos dois (até agora não me conformo de não ter ouvido Caetano cantar “Maria Bethania” que compôs no exílio em Londres para a irmã ao lado da própria). E escolhas menos óbvias não chegaram a acrescentar tanto à noite, embora certamente Caetano tenha justificativas apolíneas para tais opções – e por mais que “Gita” de Raul Seixas (por quê?), “Vaca Profana” e a versão para a o hit “Fé” da novata Iza soem deslocadas, nada justifica a inclusão da horrorosa “Deus Cuida de Mim”, louvor gospel crente que parece mais uma caricatura de música do que uma bela canção (não é possível que não haja uma música evangélica melhorzinha para referendar a improvável celebração de Caetano à ascensão dessa corrente religiosa no Brasil). Felizmente logo em seguida Bethania veio com uma sequência de pérolas que ergueu a noite ao status que esperávamos ao enfileirar “Brincar de Viver” com “Explode Coração”, “As Canções Que Você Fez Pra Mim” e “Negue”, mostrando porque é uma das grandes damas da canção brasileira esbanjando voz e carisma. Caetano também estava bem e teve seus momentos (como a versão para “Você é Linda” irretocável), mas nenhum tão catártico quanto tal sequência da irmã. A noite terminou com a celebração familiar “Reconvexo”, que foi emendada como “Tudo de Novo”, uma passagem rápida por “Sampa” e uma “Odara” versão discoteca que embalou bem o público na saída. Mas fora a citada sequência de músicas de Bethania, durante todo o resto do show fiquei pensando na surra de hits que Gil dará em sua versão estádio no ano que vem (mesmo que nos entube os projetos dos mil filhos). Ficou um gostinho de quero mais…
Agora vai! Depois de desmentir que iriam fazer uma turnê juntos no final do ano passado, Caetano Veloso e Maria Bethania anunciaram nesta quarta-feira que farão oito shows em sete capitais brasileiras no segundo semestre, tocando em estádios. Os shows começam no Rio de Janeiro (dias 3 e 4 de agosto, na Rio Arena), passam por Belo Horizonte (7 de setembro no Mineirão), Belém (29 de setembro no Hangar), Porto Alegre (12 de outubro da Arena do Grêmio), Brasília (9 de novembro no Mané Garrincha) e Salvador (30 de novembro na Fonte Nova), terminando em São Paulo (14 de dezembro, no estádio do Palmeiras). A pré-venda começa entre os dias 17 e 19 de março (quando abrem para clientes do Banco do Brasil, patrocinador da turnê) e no dia 20 os ingressos começam a ser vendidos para o público em geral. Resta saber se é mais um megaevento na carreira dos irmãos baianos ou se algum deles irá aproveitar a turnê para anunciar sua aposentadoria dos palcos…
Depois de divulgar os 50 indicados a melhor disco do ano na semana passada, o júri da comissão de música popular da Associação Paulista de Críticos de Arte (do qual faço parte ao lado de Marcelo Costa, Adriana de Barros, José Norberto Flesch e Pedro Antunes), é a vez de anunciarmos os indicados a outras três categorias da premiação, artista do ano, show do ano e artista revelação. E eles são:
O anúncio da “última canção dos Beatles”, que será lançada na semana que vem com as duas coletâneas clássicas do grupo (a vermelha e a azul) em versões expandidas, é mais um exemplo que a geração baby boom, nascida durante a Segunda Guerra Mundial e responsável por mexer na história da cultura e do comportamento nos anos 60, segue à toda e sem dar sinal de aposentadoria à vista. Nomes como Rolling Stones, Pink Floyd, Roger Waters e os brasileiros Caetano Veloso, Gilberto Gil, Ney Matogrosso e Paulinho da Viola endossam sua vida criativa mesmo entrando na oitava década de vida. Foi sobre isso que escrevi na matéria que fiz nesta quinta-feira para o site da CNN Brasil.
Era inevitável e os ingressos estão quase no fim: depois da comoção (pro bem e pro mal) da apresentação em que Caetano Veloso tocou seu clássico disco de 1972, Transa, ao vivo, no Rio de Janeiro – acompanhado de ninguém menos que Jards Macalé, Tutty Moreno e Áureo de Souza -, o show inevitavelmente ressurgiria em São Paulo. E não é dentro de festival nem nada: o espetáculo acontece no dia 25 de novembro no antigo Espaço das Américas (agora Espaço Unimed) e a versão paulistana ainda conta com a presença de Angela Rô Rô, que também tocou no mitológico álbum gravado em Londres. Os ingressos estão acabando (garanta logo o seu neste link), mas algo me diz que vai ter uma nova data (e se tiver no domingo talvez eu consiga assistir). Fora que isso é show pro Caetano rodar o Brasil todo, com público sentado, em teatros, como deve ser.
Domingo passado o Brasil pode assistir, depois de acompanhar a série de trapalhadas do evento que proporcionou aquele encontro, ao momento em que Caetano Veloso dedicou ao seu Transa acompanhado de ninguém menos que Jards Macalé, Tutty Moreno e Áureo de Souza, que tocaram no clássico disco de 1972. E enquanto o festival não disponibiliza online sua versão do show, transmitida ao vivo pelo YouTube do evento, coube ao herói youtuber Vingador de Lampião, colocar a sua própria captação da íntegra do show online.
E neste domingo ainda teve a primeira edição do festival Doce Maravilha no Rio de Janeiro que, apesar de vários perrengues (incluindo o atraso enorme da principal atração da noite), conseguiu materializar Caetano Veloso comemorando os 50 anos do Transa (com um ano de atraso) ao lado de seus velhos compadres de disco Jards Macalé, Tutty Moreno e Áureo de Souza. Caetano começou o show acompanhado da jovem banda com o qual apresenta seu disco mais recente, Meu Coco, puxando músicas anteriores ao disco clássico, como “Irene”, “Maria Bethania”, “London London”, entre outras. Depois seus contemporâneos subiram no palco para a celebração e o público abraçou o grupo cantando tudo junto. O festival transmitiu o show online e vamos torcer para que disponibilizem a íntegra da apresentação – e, mais que isso, que esse show possa correr o Brasil, para que o país redescubra esse disco tão fundamental.
Em 2009 Caetano Veloso e Jane Birkin encontraram-se no palco do Sesc Pinheiros em uma celebração da obra de Serge Gainsbourg conduzida pelos cariocas da Orquestra Imperial a partir de uma sugestão de seu percussionista Stephane San Juan. Os diretores da apresentação – Alexandre Kassin e Berna Ceppas – convidaram o maestro de grandes discos de Serge, Jean Claude Vannier, para conduzir a apresentação, que passeou por diferentes fases da carreira do mestre francês, até chegar no auge que foi a participação de sua eterna companheira, Jane, que primeiro cantou “Fuir Le Bonheur de Peur Qu’il Ne Se Sauve” acompanhada do piano de Vannier, para depois convidar Caetano veloso para dividir a eterna “Je Suis Venu Te Dire Que Je M’En Vais”. Caetano ainda cantou Baudelaire sozinho depois do dueto e seguiu no palco quando todos se reuniram para cantar “Couleur Café” – e por todos estou me referindo a uma gama de bambas do naipe de Thalma de Freitas, Nina Becker, Moreno Veloso, Domenico Lancelotti, Nelson Jacobina, Wilson das Neves, Rubinho Jacobina, Pedro Sá, Gabriel Bubu, entre outros. Abaixo, o dueto de Caetano e Jane e a íntegra da apresentação, transmitida pela TV Sesc: